𝟎𝟎𝟐

2.5K 253 92
                                    

• Skyler Jones;

— Eu sei, é ridículo o quão fácil é quebrar uma mesa. — Daniel diz e eu explodo em risadas pela história sobre um de seus amigos.

A senhora ao nosso lado ronca e rimos mais uma vez ficando quase sem ar.

— Não sei como ela não acordou, estamos a rindo a horas.

— Pois é, e sua risada não é exatamente a mais silenciosa. — O garoto fala com um tom brincalhão e eu empurro de leve seu ombro.

Como é possivel estarmos tão íntimos em apenas algumas horas de vôo? Desde que nos apresentamos, estamos conversando e brincando, como se nos conhecêssemos a anos. Deus, isso é definitivamente estranho, mas me sinto bem como nunca.

Minhas bochechas estão dormentes pois não consigo tirar o sorriso do rosto, mesmo que Daniel não esteja contando nada engraçado. Como quando ele me disse sobre estar voltando da visita a sua familia, ou sobre saber tocar vários instrumentos diferentes. Nada disso é uma piada ou algo assim, o sorriso apenas surge.

E acho que não sou a única, já que estamos nos olhando em silêncio e Daniel também possuí um riso nos lábios.

— Provavelmente parecemos idiotas para o resto dos passageiros. Rindo assim e tal.

— É, acho que sim. — Ele diz, correndo o olhar por todo meu rosto. Sinto que corei na mesma hora. — Por quanto tempo ficará em Los Angeles?

— Não tenho certeza, ainda. Vim a trabalho. — Ele balança a cabeça indicando que entendia.

— Bom, tente arranjar algum tempo para mim. Precisamos sair juntos, algum dia desses. Se você quiser, claro. — Suas palavras saem embaralhadas e meu sorriso aumenta. — Quer dizer, você quer? — A expressão que o loiro me lança é tímida e fogosa. Seus olhos azuis oceano cheios de esperança me fazem querer apertar sua bocheca, porém, seus dentes mordendo o lábio inferior, me fazem querer o beijar.

— Pensei que nunca fosse pedir. — Digo, mesmo sabendo que fosse como for, acho que nunca o veria novamente.

Depois que o vôo pousa e eu pego um táxi em direção ao hotel em que ficarei, ligo para Molly. A conto que cheguei bem e sobre o cara que conheci na viagem.

Me diz que pegou pelo menos seu telefone!

— Ele anotou o número em minha mão, sim. Mas não é como se eu fosse mandar mensagem ou algo do tipo.

Molly bufa e preparo meus ouvidos para o grito que sei que ela me dará.

O que?! Skyler, qual seu problema? Acabou de conhecer um cara gato em um avião que, pelo que você me disse, é super gente boa. Sei que gostou dele, sua voz está toda mole, sua boiola. Então me diz, o que te impede de o rever na cidade dos anjos?

É exatamente isso que está me segurando. Ele é gato, engraçado e legal. O conheci a menos de 12 horas e estou falando mole! Entende isso? Estou falando mole! Essa não sou eu.

Pago o táxi e saio puxando minha mala enorme, no meio do hall de entrada do hotel, enquanto tento equilibrar o celular com a mão livre.

Pare de arranjar motivos para não fazer isso. Você tem que começar a aproveitar e-

— Acabei de chegar ao hotel, Molly. Aqui é lindo e estou surpresa por terem pagado um lugar tão bom assim, você amaria. — Corto minha amiga o mais rápido possível.

Não tente mudar de assunto, Sky.

— Não estou, juro. Tenho que fazer o check-in, te ligo depois. — Faço sons de beijos e a ouço gritar na linha para que eu grave um tour pelo hotel pra ela.

Quando subo para meu quarto, fico encantada com a decoração. Acho que nunca fiquei em um hotel tão bom antes. Faço nota mental para agradecer a Thereza, minha agente, por ter conseguido um contrato desses.

Não faço ideia de quem seja o artista para qual Thereza me arranjou, sei que atuarei em um clipe para alguma banda ou algo assim. Ela havia dito para eu voar até Los Angeles e que aqui resolveriamos tudo na segunda.

Ou seja, eu teria dois dias inteiros livres sem nenhum plano, para fazer o que quiser. Dois dias sozinhas numa cidade nova.

Mordo o lábio, pensativa sobre o que Molly disse.

Sem nem me dar conta, estendo minha mão para ver o número que Daniel havia anotado. Surpreendentemente, sinto vontade de gritar quando vejo que seus números estão todos borrados em minha palma. A única coisa legível é a pequena cara sorrindo que ele desenhou, no final dos números.

Me jogo na cama macia e suspiro alto, percebendo que serei obrigada a me virar por conta própria nessas quarenta e oito horas. Teria sido interessante ver o que aconteceria, caso nos encontrássemos de novo.

— Foi bom te conhecer, Daniel.

falling ➻ daniel seavey Where stories live. Discover now