falling ➻ daniel seavey

𝟎𝟐𝟗

• Skyler Jones;

Assim que vejo a hora se transformar de meia noite a quase duas da manhã, meus pensamentos começam a ferver com teorias e meu sangue com ódio. Meu lado racional tenta entender que o estado da Geórgia tem uma hora a mais de diferença de Illinois, o que leva meu lado esperançoso, acreditar que a qualquer momento Daniel me ligará.

Porém, ele não faz.

O garoto loiro que apenas com um olhar me desintegra toda, que me mostrou tantas vezes que gosta de mim e estava disposto a enfrentar situações ao meu lado, não me ligou. E foda-se se eu não me sentia patética nesse momento, sentada, sem conseguir parar de checar o celular a todo instante, atrás de uma ligação ou mensagem que não veio.

Droga, eu não sou, nem um pouco, esse tipo de garota. Poderia ser aos meus dezessete, na época em que esperava uma mensagem de boa noite de Nick, enquanto ele me traía sem a menor culpa. Mas a Skyler aos vinte e um? Não, ela aprendeu sua lição e eu absolutamente não vou mais ser o tipo de garota que perde o sono porquê um cara não telefonou.

E se Daniel estiver fazendo com Alexis o mesmo que Nick fez, eu não vou me importar. Não vou chorar ou me afundar em sorvete enquanto assisto alguma comédia romântica com o Ashton Kutcher, me perguntando porque nunca encontro esse tipo de homem.

Eu apenas vou o agradecer. Por mais ridículo que seja, vou dizer o quanto estou grata pelo chifre, pois vai ser o peso dele que me fará erguer a cabeça com mais força.

E claro, por final, vou o mandar a merda.

E será isso. A última coisa que Daniel Seavey ouvirá de mim.

Noto o celular apitar e imediatamente o pego novamente, ansiosa. Bufo quando vejo que não era o garoto, e sim Molly, me dizendo que ele havia acabado de entrar em seu quarto de hotel, que era próximo ao dela.

Travo a mandíbula, me sentindo pela trigésima vez na noite, patética. Sim, eu praticamente coloquei minha amiga como bode expiatório, pedindo qualquer mísera notícia que ela soubesse de Seavey.

E agora que tenho informações, me sinto em uma mistura de desconfiança pelo motivo que o levou a ficar fora até essa hora, do porque não me ligou quando, provavelmente viu minhas chamadas perdidas, de onde ele foi durante toda a tarde e por fim, a maldita esperança se reforma; me dizendo que, uma vez que ele havia retornado para o hotel, era certo de me ligar logo.

Então eu esperei.

Esperei por vinte minutos e nada.

Que se dane. Penso, enfurecida e pronta para discar seu número. Se eu tenho algo para dizer a ele, não vou esperar até sua iniciativa para conversarmos. Não vou esperar ele me dizer que cansou disso tudo que estamos fazendo. Que para ele não dá mais e esse é o nosso fim, pois ele tinha Alexis; e ela podia dar o que eu não possuía tempo agora.

Eu faria um favor, o ligando, eu mesma, para terminar tudo.

E é o que faço. Decidida a não prolongar o inevitável, pois se ele esteve com outra nesses últimos dias, sei que seu próximo passo seria nos dar um fim. Então por que adiar e o deixar com todo o trabalho?

Durante os segundos que o barulho, indicando que estava chamando, é ressoado na linha, eu fico com um nó na garganta e respiro fundo. Não vou chorar. Não sou mais esse tipo de garota. Eu não vou chorar.

- Alô? - Derrepente, ouço sua voz e prendo a respiração. Não sei mais o que dizer. - Skylie?

Merda, o apelido. Isso é tão injusto.