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Através das cortinas viu o dia virar noite sem nem ter pregado os olhos por poucos minutos

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Através das cortinas viu o dia virar noite sem nem ter pregado os olhos por poucos minutos. Era difícil dormir sentindo-se impotente. Já tinha passado alguns dias desde o incidente do galpão, mas desde então não pensava em outra coisa a não ser o quanto foi fraco, pois ele soube naquele dia que nunca estaria seguro.

Que sempre iria saber que naquele dia dependeu de outra pessoa para decidir se seria morto ou não. Não dava para dormir quando parecia que sempre que fechava os olhos se tornava um homenzinho sem significado que dependia da misericórdia de outra pessoa.

O diabo não deveria ter aquela fama, de quem ganha misericórdia, de alcançável. Mas com o tempo e nenhuma atitude tomada ser chamado de diabo tinha se tornada uma piada hilária.

Todos os seus atos tinham caído em esquecimento, ninguém se lembrava mais das coisas que um dia já fez.

Tudo tinha mudado tão rápido em poucos dias e ainda mudaria bem mais.

Ettore desligou o registro do chuveiro e saiu do box enrolado a uma toalha, ficar em baixo da água fria não traria nenhuma resposta para as suas preocupações.

Escolheu roupas casuais, o mais simples que seu guarda roupa inteiro trocado por sua esposa permitiu e se juntou a ela na cama.

― Bom dia, marido. ― Helena se mexeu na cama, se aconchegando ao corpo de seu marido. ― O que foi?

Ela percebeu a ruga de preocupação marcada entre as sobrancelhas de seu marido, assim como os olhos distantes.

― Bom dia, boneca. ― Ele beijou a testa da esposa. ― Não é nada. Só estou pensando em algumas coisas.

― Quais coisas? ― Helena se sentou na cama, puxando o lençol a altura de seus seios para esconder  a sua nudez. ― O que te preocupa, meu marido? Fala comigo.

― Você. ― Aquela não era toda a verdade, mas era parte dela. Então, falou o que achou conveniente. ― Minha linda esposa.

Helena pareceu surpresa ao ouvir aquelas palavras, não esperava que mesmo apesar de ter melhorado a alguns dias seu marido se mantesse atencioso.

― Preocupado comigo?

― Sempre estou.

― Eu estou em perigo, marido?

― E o mal estar que você reclama que vem sentindo sempre quando acorda? Está melhor hoje?

Ettore mudou de assunto drasticamente, mas verdadeiramente curioso. Toda manhã era um mal estar diferente.

Alguma coisa diferente que se resumia em Helena acordando próximo ao horário do almoço.

― Sim. Estou me sentindo melhor graças aos seus cuidados.

Giostra - Máfia Siciliana (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now