Capítulo 5

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Acordo sentindo pingos de chuva me molhar, ainda meio zonza por causa do sono, levanto e fecho a janela. Meu relógio diz que são meio dia... Espera. Meio dia? Que horas eu fui dormir ontem? E de repente, tudo o que aconteceu ontem vem a tona. Minha mãe. A discussão. A tristeza. A raiva. O desabafo.

Suspiro e me jogo novamente na cama, ficar deitada o dia inteiro parece ser uma boa ideia agora, mas eu sei que não posso. Não devo fazer isso comigo. Passo as mãos nos lençóis suaves e me pergunto como eu vim parar aqui, não me lembro de ter vindo para cama depois de tudo aquilo. A última lembrança que eu tenho é a de Luk me abraçando...

Não... Ele não seria capaz de me carregar até aqui. Ou seria?

Levanto-me da cama e sem pensar duas vezes, corro para a sala, onde o encontro sentado no sofá, com uma revista velha nas mãos, ele está vestido com um casaco muito familiar, um dos casacos de lã do meu avô que eu tinha guardado de lembrança, provavelmente estava misturado junto com o bolo de roupas que lhe entreguei para se vestir outro dia...

— Pensei que dormiria mais. — diz ele abaixando a revista e me olhando de cima a baixo. — Wow! Você realmente está uma bagunça, Leãozinho!

E só então eu percebo que estou com a roupa de ontem, uma blusa e uma calça de algodão, e tudo está completamente amassado e torto. Não me arrisco a pensar na lamentável situação que meu cabelo está, eu o conheço bem o suficiente para saber que está bagunçado como se eu tivesse passado a noite dentro do bosque, e não na minha cama.

— Você fica muito admirável com esse cabelo, sinto que estou olhando para uma legitima juba de leão! Combina bem contigo! Imitou direitinho!

Ele não está tirando com a minha cara, está? O canto de sua boca treme tentando conter o riso que dá para ver em seus olhos.

— Ora seu... Seu memória de peixe!

Com isso ele não consegue mais se segurar e gargalha alto, eu fico indignada e saio dali com passos duros sob o piso de madeira. Vou para o meu banheiro, me olho no espelho e levo um susto! Meu cabelo realmente parecia uma juba! Os meus fios castanhos se embolavam em uma coisa só, dando um volume extra que deixavam eles todos armados para cima! Isso me faz rir. E talvez, só talvez, o Luk tenha razão em dizer aquilo... Ainda rindo me livro das roupas e entro de baixo do chuveiro para um banho morno.

[...]

— Ayla, está ai? Por favor, deixe eu falar com você!

Escuto assim que saio do banheiro. Me apresso em me vestir e abro a porta.

— O que houve? — será que ele lembrou de alguma coisa?

— Você ficou irritada mesmo? Só estava brincando com você, é sério!

Dessa vez sou eu que tenho que prender a risada, então ele acha que eu fiquei irritada? É, ele está certo. Mas foi só naquele momento.

— Você me magoou, Luk! Não quero mais conversa! — digo e viro as costas fazendo drama de brincadeira, mas só recebo silêncio em resposta. — Luk? — ele esta parado na porta, me olhando com receio. — Eu estou brincando, seu bobo! — falo rindo e ele relaxa, rindo também.

— Não me mate de susto desse jeito, seu leãozinho bagunçado!

— Então não me chame de leãozinho! — de onde veio tanta intimidade?

— Por que eu pararia?

— Porque meu cabelo já está domado! — respondo mexendo no meu cabelo úmido e penteado com muito custo.

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