Capítulo 15

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Já estávamos andando havia um tempo nas ruas do vilarejo, era reconfortante ver que habitavam mais pessoas do que da última vez que vim aqui. Rostos novos passam por mim a todo momento, fazendo a tensão nos meus músculos diminuir pouco a pouco.

— Não está tão ruim quanto imaginou, não é?

— Acho que não...

— Qualquer coisa, eu estou aqui. — ele segura a minha mão, me passando segurança.

— Eu sei. — sorrio para ele.

Depois de irmos em vários lugares indicados pelo classificados dos jornais, perguntando sobre vaga de emprego, entramos em uma floricultura que havia uma placa de "Precisa-se", encontrando uma senhora regando algumas margaridas.  Assim que nos viu, travou o olhar em mim e eu já sabia o que vinha pela frente...

— Boa tarde, gostaríamos de saber se a vaga ainda está vazia... — usei toda a minha educação para ignorar o jeito de repudia que ela me encarava.

— É só para homens, sinto muito. — ela diz e vira as costas.

— Ótimo! Sou eu que estou atrás de trabalho, minha amiga só está me ajudando, pois sou novo por aqui. — e de alguma forma, a voz melodiosa de Luk fez a senhora se esquecer da minha presença e focar apenas nele. — Eu posso lhe garantir que sou prestativo. — ele finaliza com um sorriso de lado, e pasma, eu vejo a senhora se derreter.

— Oh, meu jovem rapaz, eu preciso de um ajudante para carregar as caixas e sacos que mantenho aqui na loja, acha que tem músculos para isso? Pode se machucar...

Eu tentava prender a risada vendo a pobre velhinha toda encantada pelo Luk.

— Eu tenho muita força, com certeza posso lhe ajudar!

— Bom... — ela volta a perceber que eu estou aqui. — Você terá que passar por um teste, se for bem, o emprego é seu.

— Tudo bem! Por onde começo? — era notório o quão animado ele estava.

— Quer fazer o teste agora? — Luk assente, e eu tenho que rir do jeito entusiasmado dele.

— Então vamos começar...

Ela lhe entrega um avental, começando a falar o que ele deve fazer, e me sentindo um tanto deslocada, decido me retirar.

— Luk, te esperarei ali na praça, tudo bem? — eu o aviso.

— Tudo bem! — percebo que ele já está ocupado, carregando alguns sacos de terra e saio da loja.

A caminho da praça, a biblioteca me chama a atenção, quantos anos que eu não vou lá?

 Penso um pouco e decido dar uma pequena passada no local, já que Luk provavelmente iria demorar.

Sinto o cheiro de livros me invadir enquanto caminho para dentro do enorme estabelecimento. Essa biblioteca era antiga, e isso a fazia ser enorme. Lembro-me de anos atrás, quando minha avó me trazia aqui, nos tempos que dava aulas comunitárias para as crianças ou simplesmente nos dias que meu avô vinha comigo com a desculpa de doar algum livro que já havia lido, para no momento que chegarmos, ele se sentar em uma das poltronas e me pedir para escolher algum livro, no qual passaríamos o dia lendo... Se teve algo que meus avós faziam questão de passar para o próximo, era o poder da leitura.

Observo as prateleiras gigantes de madeira que confeccionam o salão de entrada, junto com o primeiro lance de escadas, tudo parece novo aos meus olhos... Eu já tinha ouvido que a biblioteca havia sido reformada alguns anos atrás e agora contava com três andares bem longos, com os mais diversos livros, mas não deixo de me surpreender com a beleza instaurada ali.

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