𝒱𝒶𝒾 𝓈𝑒 𝒻𝓊𝒹𝑒𝓇

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Ok, eu devo estar estatelado por quase meia hora pensando se eu deveria realmente acreditar naquilo, agora eu poderia surta, estou trabalhando pra ele. Eu poderia simplesmente pedir demissão agora mesmo para ele, mas eu preciso da grana, quero parar de ser um peso para Lucas e Chumbo. Eu tinha que jogar os prós e os contras  sobre essa situação, mas a realidade era que ontem eu estava desesperado por um emprego e quando eu finalmente consigo aparece ele. 

O melhor agora seria eu realmente aceitar isso, ganhava o dinheiro que eu preciso, e tinha meu "apê". O homem minha frente me olhava atentamente, seus cotovelos apoiados na mesa o dando um ar completamente diferente de quando eu o vi, o cabelo agora estava preso em um coque samurai, e seu olhar dizia alguma coisa. O que? Eu não sei. Havia uma mexa caída próxima ao seu rosto. Ele fala comigo coisas sobre o trabalho e eu pedia para a minha mente se concentrar no que ele dizia.

- Então, acho é só isso que precisa saber.  Tudo bem pra você? - concordei quieto - Alguma duvida? Algo que eu deva saber?

Eu sentia que a segunda pergunta tinha um duplo sentido pelo seu tom , mas não queria acreditar nisso. 

- Na verdade, só que caso eu me atrase algum dia é por conta do meu emprego no primeiro turno, fica um pouco longe daqui. 

- Se dinheiro é um problema, pode trabalhar apenas aqui e eu dobro seu salario. 

- Pode realmente fazer isso? - me surpreendo com sua resposta. 

- Claro que posso. - ele da um sorriso tirando a mexa da frente do rosto.

Para ele parecia tão simples. 

- Vai fazer isso? - ele esperava minha resposta.

Como eu iria deixar meu emprego assim de uma hora para a outro, eu estava trabalhando la há dois meses apenas, não tinha como  eu me demitir do nada, mas tinha muita coisa em jogo, cara grana, se eu fizesse as contas eu ganharia tanto dinheiro, logo conseguiria meu apartamento. Mas eu gostava da lanchonete, era um local bom, eu já tinha me acostumado.

- Não posso largar tudo de uma vez só, tenho que pensar. 

- Tudo bem, qualquer coisa venha aqui amanhã, caso tenha decidido ficar.

𝓜𝓲𝓪𝓶𝓲, 20 𝓭𝓮 𝓶𝓪𝓲𝓸.

Entrei correndo na boate eu estava atrasado mais uma vez, pelo menos hoje foi diferente da ultima vez, eu estava com o uniforme no corpo, a cozinha estava movimentada, não dava pra eu entrar pela por principal, iriam me ver, e se me vissem eu era morto praticamente. Talvez aqui seja sofisticado para o meu tipo. Não é como se eu não soubesse me portar em locais assim, só era algo incomum. 

A boate fechou eram quase três da manhã, eu estava morto, na lanchonete eu tinha feito muita coisa, meu corpo quase pedia arrego, alem de ter atendido muita gente essa noite. Eu quase não sentia minhas pernas, me surpreendia em como eu ainda não tinha caído no chão. Como sempre eu estava ajudando  a arrumar as coisas na boate, pude ver Ana se aproximar de mim, provavelmente seria outro aviso sobre eu estar me atrasando o tempo todo. Me apoio na mesa encarando a ruiva, já esperando o aviso.

- Dessa vez não sou eu. - ela cruza os braços - Daniel te espera. 

Respiro fundo. Eu só espero uma coisa, que eu não seja demitido. Vejo a ruiva se afastar, e percebo Mariana se aproximar de mim, uma menina que eu havia conhecido aqui no trabalho, afinal aqui não era um local aonde eu possa realmente me envolver. Eu já fui xingado de vários nomes por funcionários. Alguns deles não me chamam pelo nome falavam "Homem" ou apenas "F", talvez seja pelo fato de ter muitas mulheres na equipe, ou algo interno entre elas. Que eu não estava dando corda para isso. Como eu mesmo tinha colocado a ideia na minha cabeça assim que pisei aqui de "Não posso fazer qualquer amizade aqui".

- Prior, eu te avisei para tomar cuidado. Mas eu acho que não vai acontecer nada. -ela fala tentando ser ao máximo positiva.

- Talvez eu apenas seja demitido. O que tem de mal nisso? - uso meu tom sarcástico.

Me retiro daquele dialogo indo em direção ao elevador para o terceiro andar, me olho no espelho da caixa metálica e percebo quão bagunçado meu cabelo estava, arrumo ele enquanto a maquina subia, o barulho indicando que o elevador iria parar soa, o que faz eu me virar em direção a porta. O corredor do terceiro andar era estranho, vazio e silencioso, só haviam duas salas ali, uma qual eu nunca vi e o escritório de Daniel, provavelmente a outra minha relação a contratos.

- Licença. - falo enquanto entrava na sala depois de bater. - Mandou me chamar?

Ele estava olhando algo no netbook a sua frente quando desviou o olhar para mim. Tinha novamente um meio sorriso estampado em seu rosto.

- Sim. O que decidiu sobre o nosso assunto? 

Claro, ainda tinha a merda desse assunto. Como eu ia falar pra ele que não posso deixar a lanchonete? Porra, Felipe você só se mete em enrascada. Pensa, pensa e pensa em um ótimo motivo, tem que ser algo que cole, mas do jeito que to pensando tanto talvez nem cole. 

- Eu continuo lá. 

Acabo decidindo falar a a verdade, por que é como dizem "Cuidado com a mentira, que ela vira, mira, e atira e tu nem sabe a direção". Então eu prefiro me prevenir disso. Eu pude ouvir um risada quase inaudiavel vinda do loiro.

- Ja pensou em ser rico? - ele fala se levantando

O que? Que pergunta, claro que todo mundo já pensou em ser. Ele andava na minha direção ficando atras de mim.

- Sim. Claro. Quem não quer ser rico? - ri.

As mãos dele se posicionam nos meus ombros. 

- Se você for meu será assim. Terá tudo o que quer.

Ser dele? Eu queria rir, mas rir muito. Mas ele estava falando serio de verdade. Minha real reação foi me virar e o encarar. 

- Ta de brincadeira comigo? É pegadinha.

- Acha que eu estaria, brincando? - ele cruza os braços. 

Minha respiração estava acelerada, eu não sabia qual era minha feição no momento

- Eu já perdi tempo demais aqui. - rio enquanto saia da sala, mas antes viro para trás. -Ah, e vai se fuder?




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