| afoguei-me novamente |

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mais uma vez fiz com que aquela ferida no meu peito se abrisse. mais uma vez me permiti sofrer pelo que fiz com um nós que nem chegou a existir, porque para ser bem sincera, eu destruí todas as chances antes mesmo que elas surgissem. deixá-lo foi uma das piores decisões que já tive que tomar. doeu demais e ainda dói. e isso porque já se passaram alguns anos, mas quando relembro isso ainda me rasga por dentro e fica, não como se tivesse acontecido ontem, mas como se acontecesse agora. o que senti por você foi surreal. a frase que você me disse ainda perambula desnorteada nas minhas memórias - aquela sobre como os que você amava acabavam indo embora. e tudo o que consigo pensar é: será que fui mais uma? posso não ter despertado algo tão forte em você, quanto o que despertou em mim, mas sei que deixei a minha marca. e sei também que deixei alguma dor. e você tem toda a razão de não me querer por perto. de me excluir para sempre de tudo o que o envolve. caso você chegue a ler isso um dia (o que eu acho difícil), nem sei se saberá que é sobre você. que é para você. e eu poderia fazer com que soubesse, porque é alguém tão singular que sei exatamente que palavra usar para que se reconheça aqui. deixarei nas entrelinhas. só sei que, por mais que não acredite, eu realmente cheguei a te aMAR e a mergulhar. não, eu não me assustei com o ar sombrio das profundezas, e nem com os destroços que haviam lá. na verdade eu fui puxada até a superfície, sem o direito de me despedir. eu não quis sair. eu nunca quis. e mesmo tendo saído lá do fundo, eu já havia me afogado. já havia sido exarcada com toda a intensidade que você representa. por fim, não peço que me perdoe, mas que acredite nessas palavras, porque elas são os mais sinceros respingos de uma verdade dolorosa e indisfarçável.

Fragmentos MeusWhere stories live. Discover now