| eu e a morte |

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Quando me dizem que a morte é cruel, eu apenas abaixo o olhar e comprimo os lábios como se confirmasse - não que não esteja confirmando, mas é que já não existem maneiras seguras de me manifestar sobre isso. Quando falo em segurança, me refiro à carapaça que vesti de uns anos para cá. Não quero ter que vê-la quebrar. Não quero que vazem aquelas mesmas lágrimas. Não quero ter que desnudar o que levou tanto tempo para conseguir cobrir. Sei lá, é que no meu caso, sentir é sinônimo de dor. Só não quero expor o que me perfura para pessoas que não são capazes de tratar o profundo corte. Não quero ter que explicar o que sinto todos os dias ao me ver sem as pessoas que mais amei na vida. Porque toda tentativa de me expressar sobre isso é inútil e insuficiente. 

Fragmentos MeusWhere stories live. Discover now