Dias em casa
Estranho
Olho
E percebo
Que eu estou só
Isso, por hora,
Pouco me chateia.
Tudo bagunçado
E isso
Me agonia.
Mas passo uns dias
Mergulhada nesse furdunço
Sei lá,
Por costume...
Até que um dia
O meu quarto arrumo.
Foi um longa
De três anos
Em três curtas horas
De tempo zero.
Entro no banheiro
E vejo
Que as aparências
Enganam.
Há sempre algo
Pra surpresa
Ou espanto.
Chego na sala
Tiro pó
Passo pano
Ajeito um arranjo
Limpo a tv
Estaria, eu,
Pronta pra te receber?
Acho que não.
A sala recebe
Mas a cozinha acolhe.
É de lá
Que vem os sabores do anfitrião.
E lá
Sempre precisa de arrumação
É muita confusão
É quente
É frio
Pote sem tampa
Tampa sem ponte
Panela com o fundo queimado
Que não tem bombril que solte
É colher, garfo
Faca!
É a pia
Que não para vazia
É o restinho de uma boa comida
Que vai para o lixo...
Lá se queima
Se corta
Se adoça
Chora
Conserva
Mas isso
Eu arrumo outro dia
Agora,
Esquento a água
E tomo um café
Na sala.
Sozinha.
YOU ARE READING
OPIA- a arte de tirar de si
Poetry(...) Opia são todos os dias em que eu busquei refúgio em mim mesma, misturada a todas as lágrimas e crises que compuseram meu ósseo por anos. Há medo por todos os lados, mas a melhor parte sobre ser petrichor é que o cheiro da terra molhada dura m...