Tengoku No Yami

O Começo

(Shinkō, a enorme cidade onde se situa minha pequena casa, sustentada por mim mesmo. Um jovem de 17 anos, órfão. Trabalho na loja de alquimia do senhor Fong, que me empregou — sabendo do meu passado —, quando eu tinha 11 anos. Neste exato momento, estou prestando serviços para Fong, preparando poções, arrumando preços e organizando mercadorias. Pode parecer chato, mas é muito bom para que eu consiga me desenvolver neste ofício.
Mas chega de pensar sozinho, parece que tem um novo cliente vindo).

Um garoto, de mesma idade que Shin, adentra no local. Usa vestes, exageradamente, resistentes, enquanto carrega duas espadas, tão espalhafatosas quanto sua roupa. É um cliente recorrente, até treinou com Shin por muitas vezes. O garoto nunca ganhou, mas é um bom oponente para treino.

– O que você vai precisar hoje, Kurogane Tatsumi? — Indaga o garoto, antes mesmo que se aproxime do balcão.

– Não entendo o motivo de perguntar isso — Reclama, com um tom de voz alto e animado, enquanto acertava o balcão com um tapa, usando ambas as mãos —, obviamente eu quero ter poções! Não quero morrer quando for explorar, sempre procuro por isso!

Shin se silencia por poucos segundos, observando o balcão.
(Ele quer quebrar o balcão? Isso já está velho. Ele quem vai pagar, se algo ocorrer).
– Isso significa que irá explorar uma Dungeon? Pantheon?

– Não, huhu... Dessa vez... Vou atacar em Raise! Lá, tem um item que faz a gente controlar mortos-vivos. Posso ter medo de matar aquelas coisas... Mas tenho certeza que consigo! - Finaliza, Tatsumi, com a mão no peito, de olhos fechados e semblante confiante.

Após preparar algumas poções e calcular o valor, Shin cobra Tatsumi pelo serviço e produtos, adicionando alguns extras para que possa desfrutar de uma aventura um pouco mais "fácil".
– Bom, coloquei alguns itens a mais. São algumas poções para que não seja infectado por nenhum tipo de fungo, ou doença, resultante d-

– AAH! Sério?! — Interrompe, Shin, de maneira animada —. Por isso sempre venho aqui, gosto de comprar com você!

– Mas o preço vai aumentar um pouquinho, viu?
...
– Apenas 3 moedas de ouro a mais. — Expõe um sorrisinho irônico, imaginando que Tatsumi perceberia o golpe que estaria caindo.

Kurogane, pega 5 moedas de ouro e bate na mesa, com toda a animação que ele tinha.
– Muito obrigado! Agora tenho certeza que vou conseguir viver naquela Dungeon podre! — Finaliza a frase correndo para a porta do estabelecimento —, Ah! Não esquece que precisamos fazer uma luta para treino depois!
Sai, dando risadas, se dirigindo à Dungeon de Raise.

Shin se silencia por alguns instantes.
– ... É um louco... Acabei de roubar ele e ainda quer treinar? Fazer o que...
Guarda uma moeda de ouro, de todas as 5, que Kurogane usou para pagar as poções.
– Fong não vai se importar se eu pegar essa moeda, nem sabe dela, mesmo. Mas ele atacou o balcão de novo... Daqui a pouco vai quebrar.

6 horas depois.

Quando já era 2 da tarde, Fong chega de sua busca por novas ervas e dispensa Shin, deixando-o à deriva.
Enquanto andava, divagava em pensamentos, sem prestar atenção pelo caminho que andava, ou sobre o quão nublado estava ficando o dia, com fortes ventos.
(De fato... Muito estranho. Como eu não consigo lembrar sobre nada do meu passado, da minha infância? Bom, eu poderia ter algum tipo de alzheimer, ou algo assim. De qualquer jeito... Minha cabeça está doendo — para de andar, ficando no meio da estrada, com as mãos na cabeça —, preciso me distrair, assim eu esqueço da dor e me escondo da chuva que virá, vou ver como está Ozem e seu trabalho).

Após tomar um rumo e se aproximar do centro da cidade, onde se encontrava a Guilda Central, observa uma enorme aglomeração de pessoas em volta do quadro de missões. O grande número de aventureiros impedia o trânsito de pedestres na rua, criando muito barulho e incômodo para quem passava pelo local.
(O que está acontecendo? Será algum tipo de evento? Essa aglomeração não vai me deixar visitar Ozem. Acho que será melhor fazer outra rota...)

– SHIIIN! AQUI!

– Alguém me chamando? Essa voz... Tatsumi?

– AQUI! - Levanta o braço, segurando um folheto, indicando sua posição.

Depois de Shin e Tatsumi se encontrarem, procuram uma padaria, para que pudessem ter calma para conversar.
– Então é só uma missão de alto ranking... Estranho ter tanta gente só para isso. — Comenta, Shin, ao saber do que estava havendo.

– Não é só uma missão, Shin! Tem itens importantes que podemos conseguir. Como já disse, temos que encontrar a Adaga de Lava, que está com uns bandidos aí. Por isso, só vem!

Pensava na proposta, enquanto bebia sua caneca com café.
– Me recuso. Pode ir sozin-

Tatsumi interrompe Shin, o puxando pelo seu quimono, fazendo com que a caneca que ele estava segurando, caia no chão e quebre, sujando o chão com café.
– Você vêm!

– O que é isso?! — Se debate por uns instantes, soltando-se de Kurogane —. Certeza que vai ser uma perda de tempo... E está começando a chover. Mas você não vai me deixar, né? Bom, pelo menos, sabe onde está a adaga?

– É claro que sei, tenho preparo.

– Ah, tá...

Passado um tempo, a dupla se encontra em uma rota da floresta de Dungwu, à qual estava toda lamacenta, pela chuva, que ainda ocorria. Eles esperam por uma caravana de bandidos, cerca de 15 homens, responsáveis pelo roubo da Adaga de Lava, de seu portador original.
– Fique atento, o som da chuva dificulta as coisas, mas nos ajuda a ficar escondidos... Mas por que não me protege da chuva também?! — Indaga Shin, que estava usando sua Expansão de Magia para não se molhar.

– Já estou gastando magia para proteger à mim, você que se cuide... Aliás, fique quieto, tem algo vindo... É a caravana. Vamos esperar eles se aproximarem, assim você ataca com as espadas e eu dou suporte à média distância.

– Esperar?! Pra que?! — Sai correndo para atacar a caravana, sem se importar com um ataque surpresa, espalhando lama para todo lado e evidenciando sua localização.

– É um louco, só não me suja por causa da Expansão.
Shin invoca seu arco e preparar para atirar flechas, porém, é interrompido por Tatsumi, que não o permite ajudar, alegando que queria lutar sozinho contra os 15 homens.

– Reload on Fire! — Tatsumi fica envolto em raios negros, aplicando uma investida rápida contra a caravana, apontando sua espada, acertando um dos homens que controlava o veículo, assim como toda a caravana, destruindo uma parte dela e expondo todos os bandidos.

Logo após tal destruição, um grupo de 4 homens seguem para atacar o garoto, desesperadamente, com base em um sentimento de raiva.
– Huh? Vocês não vão me derrotar com ataques assim — Se gaba, Kurogane.
Com rápidos golpes, usando ambas as espadas, ataca, freneticamente, todos os homens que vieram para cima dele.
Devido ao número, o grupo golpeia Tatsumi em suas costas e produzem um corte em seu rosto, porém, são derrotados pelo garoto.

– Você até que é bem forte, menino, mas não vai fazer muito mais.
Um homem, segurando uma adaga, coberta por um pano, se apresenta para Tatsumi, sendo cercado pelos capangas, preparando-se para um ataque.

– Ah, tá. Você é só um band-
Antes que pudesse falar, os bandidos chutam a lama que estava no chão, acertando os olhos de Kurogane, o deixando vulnerável.
– MISERÁVEIS, ESTÃO ROUBANDO! SHIN?! - Grita com raiva, enquanto tentava limpar os olhos, falhando no processo.

– Parece que ele vai perder. — Comenta Shin, ao longe, observando os acontecimentos.

– Haha! Desde quando há legalidade para bandidos? — Gargalha, o bandido-chefe, empunhando a adaga, ainda em panos, para atacar Tatsumi.

Antes que pudesse finalizar seu ataque, um homem grande, com mais de 1,90m, usando armaduras pesadas e empunhando uma espada longa com um escudo, aparece.
Usando seu escudo, protege Kurogane do ataque da adaga.
– Eu cheguei em boa hora, amigo?

Talvez continue