XXII. Twenty-Two

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Coloco lenha na lareira e me sento no tapete felpudo

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Coloco lenha na lareira e me sento no tapete felpudo.

Você gosta de chuva?

Gosto de dias cinzas por bons motivos, eles despertam meu lado mais manso e agradável, é como se nada importasse de verdade e me encontro entorpecida em uma aura serena e confortável.

Antes da tormenta cair, sempre temos o cinza no céu e a escuridão dele me faz mais bonita já que de algum modo eu sinto que tenho um brilho diferente, talvez seja por causa da mudança de tempo, que combina perfeitamente com meus dias sem cor.

Ou eram...

A lenha estala e sobem faíscas do fogo, observo o movimento das chamas e o calor gostoso que fornece enquanto olho para as labaredas.

Um trovão ressoa do lado de fora e mesmo sendo dia, as cores mais escuras estão presentes, a luz que ilumina o chalé, em partes, vem das chamas e uma fraca luz passa por entre as cortinas, talvez por conta da floresta ao redor, a pouca luz se torne ainda mais escassa.

Coloco meus fones de ouvido e ligo em uma música qualquer, acoplo aos ouvidos e continuo observando a dança das chamas e ouvindo, distante, o barulho dos trovões.

Como você se sentiria estando sozinha?

Isolada?

Nunca foi um problema para mim, então não me incomoda que esteja sozinha, em um chalé, no meio de uma floresta que emana mistério e apreensão.

Me levanto e caminho para perto da mesinha, pego um pacote com batatas fritas e abro.

Sou tirada do meu silêncio e mansidão por uma sombra passando pela janela do chalé. Franzo o cenho. "Dandara? Ou será um dos meninos?"

Tiro os fones de ouvido e deixo o celular sobre a mesinha, enfio a mão no pacotinho de batatas fritas e caminho para perto da janela, não vejo vultos ou sombras do outro lado e começo a sentir uma angústia profunda, talvez, estar em um chalé no meio do nada não seja tão confortável quando tememos o desconhecido.

Aguço os ouvidos e tento capturar algum som remanescente do outro lado, mas nada ouço, dou um salto para trás quando escuto toques na porta. Ofego. "Caramba!" Caminho para perto da porta.

- Quem é? - pergunto e o silêncio mortal continua. Começo a ouvir gotas caindo do outro lado e concluo que começou a chover. Coloco mais um punhado de batatas na boca e ameaço me afastar da porta, porém vejo uma sombra sutil por baixo da porta, como se alguém estivesse parado do outro lado, engulo seco. - Meninos? Alucard? Dragos? - o silêncio continua e a sombra se move do outro lado, acaba sumindo e a claridade que passa pela fresta debaixo da portão retorna. Dou de ombros.

Me viro e caminho para o tapete felpudo, mas congelo.

Mais três toques na porta e respiro fundo, me viro e olho em direção a parte debaixo, novamente a sombra está lá. Caminho para perto da porta e encosto minha mão na porta.

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