3 - O amor dos meus pais

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Todo cuidado é pouco quando se está manipulando venenos, já que uma simples distração poderia custar a vida, e Sasoshi sabia bem disso. Imitava os movimentos do pai com máxima atenção, uma gota aqui, balançar um tubo de ensaio ali, por fim tomar nota das mudanças sofridas pela substancia. Tudo parecia perfeito até ser atingido por um tapa firme na mão que fez seu lápis voar para longe. Respirou fundo antes de encarar Sasori.

­­— Se eu soubesse que teria tanta pressa em morrer não teria me dado ao trabalho de voltar a ser humano para gerar você. — As palavras eram duras, mas o olhar preocupado. Sasoshi sorriu sem jeito, um pedido mudo de desculpas. — Vejamos, qual foi seu erro?

O pequeno Akasuna de doze anos percorreu a bancada do laboratório procurando qualquer diferença entre seu experimento e o do mais velho, porém tudo parecia idêntico. Levantou do banco e foi com suas anotações até o caderno do outro para verificar os resultados e novamente iguais.

— Não consigo descobrir, pai. O que foi? Parece perfeito. — Mesmo se tratando de uma bronca, Sasoshi tinha os olhos brilhantes, aguardava ansioso por mais explicações. Adorava aprender.

— E está mesmo. Tão perfeito que se eu não tivesse arrancado o lápis da sua mão antes que o levasse a boca teria que dar explicações a sua mãe jantar. — Sasori sorriu para o filho e acariciou seus cabelos. — Você tem nosso talento, mas é muito distraído. Não sei de onde herdou isso, mas trate de se corrigir. Foco é a primeira coisa que precisa ter para fazer um bom trabalho. Agora varra o chão enquanto guardo os venenos novos.

— Sim, senhor. — Olhou o lápis sujo no chão. Seu pai estava certo, iria pensar em algo para suprimir essa carência de foco, nem que tivesse que criar um plano detalhado e segui-lo a risca todos os dias. — Pai, podemos conversar depois do jantar? Tenho umas dúvidas novas no caderno.

— Tenho uma missão, pode perguntar agora. — Os pais do Akasuna tinham uma agenda puxada, pouco ficavam em casa, era preciso aproveitar cada momento disponível.

— O senhor vai demorar a voltar? Estão te mandando em outra missão perigosa?

— São assuntos confidenciais da vila, devo regressar em uma semana. Todas as missões ninja são perigosas, nada que eu não seja capaz de lidar. — Sasori sorriu distraído por um instante. — Eu só fui derrotado uma vez e acho que não corro mais perigo contra esse adversário.

— Como assim? Ele era mais forte que o senhor? Ele morreu? — A curiosidade era tanta que Sasoshi largou a vassoura e foi para perto do pai. — Por favor, me conta quem foi. Se ele estiver vivo eu venço para o senhor.

— Acho difícil você encarar a sua mãe em uma luta, mas se quiser tentar eu assisto com prazer.

— A minha mãe? Então é verdade que vocês lutaram? – Isso era um problema, já que Sasoshi havia brigado com Inomi quando o amigo lhe contou algo sobre seus pais terem sido inimigos no passado.

— Sim. Ela me venceu e conquistou minha admiração. Isso foi muitos anos antes de termos você, ainda era menina na época.

— Se vocês eram inimigos, como foi que viraram aliados?

— O trabalho nos uniu.

Sasori terminou o que fazia para então poder contar a história ao filho. Lembrava-se dos detalhes como se os tivesse anotado em um pergaminho.

A Vila da Areia tinha de estar desesperada para construir um novo corpo para ele e ainda oferecer um acordo de "liberdade". Claro que haviam tomado diversas precauções para mantê-lo sob controle, mas ainda assim era um erro na visão do Akasuna. Felizmente não dava a mínima para os interesses do conselho, queria apenas sua chance de escapar, talvez sumir por uns anos até ser esquecido novamente.

Família Akasuna - MenmaNGWhere stories live. Discover now