5 - O coração que não se engana

510 35 58
                                    

Nota: Não costumo fazer isso, mas escrevi esse capítulo tarde da noite e pretendia corrigi-lo hoje, mas tive um dia tão difícil que estou sem animo para ler, porém quero muito postar. 
Deixarei assim mesmo até ter ânimo para revisão. Sinto muito se estiver ruim rs. 


Cada abrir de olhos — sempre antes do nascer do sol — trazia um temor ao coração de Sakura. Quando se mudou para a Vila da Areia, encontrou naquela terra um lar pelo qual estava pronta para dar a vida se fosse necessário, trabalhando dia e noite frente ao principal hospital, disposta até mesmo a colaborar com um antigo inimigo para honrar seu juramento médico, jamais imaginou que odiaria tanto esse mesmo lugar.

Deslizou a mão pelos lençóis em busca do marido, pois sentir o calor de seu corpo a ajudava a recuperar a força de que precisava para encarar os problemas e acabou tendo a cintura laçada por um braço que a puxou para trás, colando os corpos de ambos. Se espreguiçou apreciando a respiração quente em sua nuca.

— Quer alguma coisa especial para sua folga? — Sasori soprou as palavras no ouvido da esposa e mordeu o lóbulo da orelha dela.

— Só ficar mais um pouquinho na cama com você já está ótimo — Rolou no lugar ficando de frente para ele.

— Você fica mais impressionante a cada dia. — Acariciou o rosto dela com carinho e aproximou os lábios para um beijo.

Sem que o casal se desse conta, a porta do quarto abriu vagarosamente e por ela passou o pequeno Akasuna de oito anos, que caminhou tranquilamente até a cama e se meteu nos lençóis assustando seus pais.

— Temos que fazer bolo, papai. — Mostrou a agenda com toda a programação do dia.

— Sasoshi, já conversamos sobre entrar aqui! — Ralhou com o menino

— Estamos atrasados, papai. — A voz saia abafada, pois Sasori o mantinha preso em um abraço contra o peito para que Sakura pudesse se vestir.

— Isso é só as 16h, filho. — A mulher fugia do olhar acusador do marido. — Temos que começar a trancar essa porta.

— Você prometeu bolo hoje, papai!

— Vá se aprontar para o café e se falar nisso mais uma vez não vou fazer bolo nunca mais.

Com lágrimas nos olhos, Sasoshi saiu da cama e foi abraçar a cintura da mãe, mas correu quando ela tentou lhe dar um beijo na testa — um hábito que tinha desde bem pequeno e que incomodava Sakura. Ela não entendia porque um garoto tão carinhoso as vezes semelhava um gato arisco.

— Eu acho que tem algo de diferente no nosso filho, Sasori.

— Besteira. Ele é a criança mais inteligente que já vi e tem saúde de ferro.

— Mas é diferente, eu sinto que é só não sei explicar.

— Ele precisa de disciplina. Amanhã reforçarei isso nas aulas e logo você verá os resultados. Não procure coisas para encher sua cabeça, você já trabalha demais.

Ela bem que tentou afastar aqueles pensamentos, mas não era de recente essa sensação em relação ao comportamento do filho. Claro que muitas das atitudes estranhas eram para ela provavelmente herdadas ou copiadas do pai dele, como a necessidade de rotina e organização, a ojeriza a qualquer sujeira, a aversão a aglomerações, a indisposição para socializar, entre outras coisas, mas ainda assim quando observava as demais crianças ou lembrava-se dos próprios tempos de infância, não parecia encaixar.

Algo que lhe chamava atenção era a tendência que ele tinha a repetição de certas perguntas como: A que horas será servido o bolo? Qual vai ser o sabor? Posso ajudar no preparo? Não importava quantas vezes Sasori respondesse que seria as 16h, de chocolate e que sim, de uma forma ou outra ele sempre dava um jeito de questionar novamente, e não havia ameaça do pai que o fizesse esquecer o assunto.


Algumas horas depois...

Um par de olhos verdes observava o bolo esfriando sobre a mesa da cozinha. Queria sentir a massa fofinha e doce na boca — era sua comida preferida —, mas tinha ciência do que aconteceria se cruzasse a linha demarcada pela mãe e cortasse o bolo antes de todos estarem reunidos para o chá.

Acompanhou minuto a minuto o andar dos ponteiros do relógio, mas ao completar quatro horas seus pais não desceram. Haviam subido para o quarto dizendo que apenas descansariam um pouco até dar o horário, ele não entendia o porquê da demora.

Cansou de esperar, pegou uma faca e se serviu de uma generosa fatia, depois outra e mais outra. E acabou cochilando no sofá de tão empanzinado que estava.

— Sasoshi, por que fez aquilo? — Sasori sacudiu o menino para que levantasse e fosse prestar conta de sua travessura.

— Desculpe, papai. Vocês se atrasaram e eu queria meu bolo. — Já encarava o doce com a gula renovada, imaginando se poderia comer mais um pouco.

— Seu pai está perguntando o motivo de ter cortado assim. — Apontou a travessa. Ao invés de retirar uma fatia das bordas, ele cortou do centro, deixando um buraco quadrado ali.

— Não gosto do barulho que a faca faz ao bater nas bordas da forma.

Sakura olhou com pesar para o filho, temendo por seu futuro em um mundo em as diferenças dificilmente eram vistas com bons olhos. Por mais que o marido insistisse de que seria perda de tempo e que resumisse a questão às capacidades cognitivas do Sasoshi, ela sabia que ele precisava de suporte especial.

Passou a tomar notas, decidida a procurar na literatura médica algo que a ajudasse a entende-lo melhor, pois não aceitaria que aquela vila roubasse os sonhos do filho assim como roubava a tranquilidade de seu sono.

Família Akasuna - MenmaNGOnde as histórias ganham vida. Descobre agora