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O restaurante de Chan até que estava movimentado quando nós entramos sorrateiramente.

Jackson o cumprimentou, sendo recebido por uma rápida revirada de olhos e um aceno com a cabeça.

— Ele odeia você — Minzu provocou o amigo quando sentamos nas cadeiras do balcão, já que as mesas estavam todas ocupadas.

— Ele não me odeia.

— Sim, eu odeio — Chan confirmou sem ao menos exitar quando se aproximou, oferecendo-nos o cardápio. — O que vão querer?

A primeira vez que vi o primo de Jackson, fiquei tão assustada que foi difícil conversar com ele. O garoto tinha um ar sério e profissional e estava sempre caminhando com uma faca para um lado e para o outro, cortando os peixes, as carnes e fazendo o que ele fazia de melhor: cozinhar.

Mas apesar dessa aura centrada e os poucos sorrisos no trabalho, ele era uma boa pessoa. E conseguia facilmente ser um fofo quando sorria ou estava longe do estresse diário que tanto amava.

— O que você tem para nós hoje? — Minzu perguntou.

Todos os anos ele costumava fazer pratos especiais para o Halloween, um mais assustador que outro, além de gostoso.

Seu sabor era único, incomparável e justamente por causa disso, tinha o devido sucesso no Japão.

Até mesmo se eu não fosse amiga de Jackson e terminasse conhecendo o garoto sozinha, viraria uma grande fã do restaurante.

— Hoje nós temos de prato principal o desespero — ele disse, apontando para um prato específico no meu cardápio.

— É apenas tonkatsu — Jackson murmurou, enquanto lia a explicação sem muita emoção e recebia um rápido tapa na cabeça por isso. — Aí! — reclamou.

— Se você for dar sua opinião pela comida, ao menos pague ela primeiro! — Chan bufou.

— Certo, desculpa — Jackson acenou.

É claro que não iria pagar, essa sua atitude deixava tudo mais óbvio, porém era engraçado vê-lo agindo como um cãozinho faminto perto de seu primo, mesmo Chan sendo mais novo.

— Eu vou querer esse. O desespero. Parece delicioso — pedi, aceitando seu prato especial.

— Eu também — Bobby falou. — Apesar de que tudo o que você faz é bom, brô.

— Se vocês vão pedir isso, então eu também quero — Minzu disse.

Chan anotou todos os pedidos e olhou para o Jackson, embora soubesse o que ele iria falar.

— O mesmo pra mim — disse, apoiando o cardápio na mesa.

— Certo. Nell, quatro pratos especiais do Halloween! — ele acenou, olhou em direção à cozinha e gritou as comandas.

— Não é você que vai fazê-los? — Jackson perguntou ao primo, que negou com a cabeça e apoiou os braços preguiçosamente no balcão.

— Estou no intervalo.

— Não sabia que o dono do restaurante tinha intervalo.

Automaticamente, Chan estendeu suas mãos para Jackson, como se pedisse o dinheiro da comida que em poucos minutos estaria em sua boca e Jackson desculpou-se outra vez.

— O que vão fazer hoje? — ele perguntou para nós. — Além de aturar o pé no saco do meu primo?

— O de sempre — Bobby deu de ombros.

— Então vão aprontar — deduziu, olhando para mim. — E mais um ano, esses três conseguiram te incluir na confusão.

Chan nunca cansativa de enfatizar o quão inocente eu era em relação àqueles três. E como era estranho me observar em um grupo tão diferente da minha realidade.

Halloween ❄ Kim WoosungOnde histórias criam vida. Descubra agora