《0.2》

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Povs Lauren

Dizer que fiquei feliz quando enfim cheguei em casa, seria um mentira e das grandes, faltava pouco soltar fogos de artifícios de tanta felicidade.

Eu adorava sair com as meninas, mas um banho quente e minha cama ao fim de tudo, era a melhor sensação do mundo.

Tomei um banho quente, mas não muito demorado, afinal, eu estava caindo de sono. Retirei a maquiagem e vesti um pijama, saí do banheiro e o forte vento que atingiu meu corpo fez com que eu corresse para apagar as luzes e me enfiasse debaixo das cobertas. Eu não sairia daquela cama tão cedo.

[...]

O som da campainha agora havia entrado para a lista de sons que mais odeio na vida e tudo pelo simples fato de ter alguém tocando a minha insistentemente.

Tentei ignorar o máximo que pude, se fosse Dinah querendo assaltar minha geladeira outra vez, eu juro que seria menos uma para o grupo.

Com toda a preguissa que uma única pessoa pode ter, me levantei da cama e caminhei em passos super lentos, até para mim, na intenção de abrir a porta.

- Já vou! - Gritei ao que a pessoa não parava de apertar minha campainha.

Assim que abri a porta, já fui logo bombardeada por...

- Dia das garotas! - Dinah berrou e invadiu minha casa, acompanhada de Demi.

- O que porra vocês estão fazendo aqui? - Perguntei após fechar a porta.

- Está surda, Gasparzinho? - Demi me encarou com uma careta tão fofa, que dava até vontade de apertar, mas apertar até matar. - Dia das meninas! - Gritou animada.

- Vocês não tinham que estar no hospital não? - Eu olhei as horas no relógio da parede.

- Bebeu tanto que esqueceu que também estamos de folga, palmita?

- É verdade. - Bati na minha própria testa por ter me esquecido disso. - E ao invés de ficarem em casa, dormindo como não fazemos à dias, vocês resolveram vir me tirar da cama ás nove da manhã?!

- Isso! - Demi gritou animada.

- Eu só não mato vocês nesse momento, porque estou com muito sono para sumir com dois corpos hoje. - Dei de ombros e me joguei em meu sofá, que estava estranhamente confortável naquela manhã.

Passamos o dia inteiro juntas, vimos vários filmes, séries e acabamos com o meu estoque de chocolates e jujuba.

No final da noite, fomos até o mercado e compramos tudo para um jantar perfeito para amigas perfeitas. Iríamos fazer lasanha, por pedido da Demi, e o que aquela garota não pede sorrindo, que Dinah e eu não fazemos chorando?

- O triste é que ela é muito fofa, não dá para matar. - Dinah disse enquanto fazíamos o jantar. - A gente até pensa, mas é só ela abrir aquele sorriso demoníaco, que vai tudo por água abaixo. - Tive que rir quando Demi deu um sorriso idêntico ao que Dinah falou. - Vai queimando, em nome de Jesus!

- Para com isso, Dinah! - Ela resmungou cruzando os braços. - Eu sou um bebê, assim você machuca meus sentimentos. - Dinah fez cara de culpada, levando Demi a explodir em uma gargalhada.

- Vadia! - A polinésia resmungou, mostrando o dedo do meio a menina.

- Não me chama de vadia, que eu me apaixono. - Parei de prestar atenção nas duas malucas que eu chamo de amigas, quando o forno apitou, nos avisando que já estava pronta.

[...]

O lugar movimentado me dizia que já era hora de voltar ao trabalho, tinha gente correndo feito barata tonta e aquilo só fez eu me sentir três vezes mais cansada.

- Doutora Jauregui! - Uma interna veio correndo até mim. - Estou com você hoje. - Ela sorriu.

- Certo. - Suspirei. - O que temos para hoje?

- Uma criança de seis anos... - Disse, me acompanhando até a alá pediátrica.

- E?

- Uh, claro! Bom, o nome deva é Evie, ela tem seis anos e deu entrada no hospital com fortes dores no quadril e bacia.

- Já chamou alguém da pediatria?

- Sim, o doutor Wolf já deve estar lá.

- Que maravilha. - Ironizei. - Detesto esse cara.

- Acredite doutora, não é a única por aqui. - Ela me olhou sorrindo de forma cúmplice.

De fato o médico já estava lá quando entramos no quarto da pequena, falamos como tudo iria ser feito, o que poderíamos ou não fazer para identificar o problema e a interna pediu todos os exames necessários.

- Não tinha outro ortopedista para mandar não? - O homem revirou os olhos, ele também não ia com a minha cara, mas não posso fazer nada se a namorada dele se encantou com a beleza Jauregui, me deu um porre e dormiu comigo.

- Saiba que pensei no mesmo assim que vi você. - Ele me encarou.

- Eu daria qualquer coisa para não trabalhar com você, porque você não passa de uma vadia que vai para a cama com mulheres comprometidas e está pouco se fodendo se ela tem alguém.

- A ética profissional passou longe, não é? - Indiquei a criança, que nos encarava curiosa. - Você quer me xingar por ser mais homem que você? Okay, mas faça isso quando não tiver uma criança doente para cuidar.

- Eu estou pouco me fodendo para isso! Eu quero que você queime no inferno!

- Beleza, nos encontramos lá então. - Revirei os olhos, e como se minhas palavras fossem mágicas, o homem passou a fazer sons estranhos e logo ele estava caído no chão. - Evie, aperta o botão azul, atrás de você! - A menina obedeceu sem nem questionar.

[...]

- Me diz os números da loteria? - Dinah pediu assim que terminei de contar o ocorrido. - Você disse aquilo e o cara caiu duro no chão!

- Eu não tive culpa de nada, ele estava falando um monte de merda na frente da criança, eu só queria que ele calasse a boca.

- O que resultou em um médico morto. - Demi deu de ombros. - Boca maldita!

- Agora não temos mais pediatras que estejam familiarizados com a doença da menina. - Suspirei. - Agora aquela garotinha vai morrer e tudo porque eu queria que Wolf calasse a merda da boca!

- Ela não vai morrer, Laur. - Demi acariciou minha nuca.

- Ou talvez vá, já que não tem mais médicos para ela. - Dinah deu de ombros.

Se aquela garotinha morresse por minha culpa, eu não iria me perdoar nunca.

In Your EyesWhere stories live. Discover now