《1.3》

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Povs Lauren

- Lolo, está dormindo? - Agora já passa das três da manhã e fui pega de surpresa pela voz de Ally, que eu pensei estar dormindo há um bom tempo.

- Não, e por que você não está dormindo?

- Não consigo. - Se virou de lado, fazendo com que seu corpo ficasse de frente para mim. - Estava lembrando de algumas coisas e o sono fugiu.

Imitei sua posição, chegando meu corpo mais para a beirada da cama, agora a única coisa que nos separava, era o mesmo espaço que separava nossas camas uma da outra.

- E agora? Não quer ficar acordada sozinha? - Ela balançou a cabeça, em um ato de concordância.

- Dorme aqui comigo? - Pediu com um biquinho lindo nos lábios.

- Acho melhor não, pequena, não quero piorar seus machucados.

- Nós dormimos na mesma cama noite passada e você não me machucou. - Me xinguei mentalmente. - Por favor, Lolo. - Sua voz saiu arrastada e manhosa.

- Okay, você venceu. - Pulei para a cama dela, sem tocar os pés no chão, pois ele devia estar bem frio. - Mas só dessa vez, uh? - Ela sorriu.

Me deitei ao seu lado, ambas olhando o teto, com as mãos entrelaçadas sobre a barriga.

- Você e suas amigas têm me ajudado bastante. - Eu sorri com isso.

- Nós somos um pouco loucas, mas é a peça chave para termos a amizade perfeita.

- Eu gostei disso.

- Ally... - Me virei de lado para poder olhá-la melhor. - Sobre o que você disse lá na sala, é verdade?

- Sim, não vou mais deixar que ele toque em mim, ou que continue com meu sobrenome.

- E qual dos sobrenomes ele usa?

- Isso importa? - Ela imitou minha posição, agora ficando de frente para mim.

- Importa, eu gosto muito do Brooke e tenho ciúmes dele. - Disse rindo.

- Eu sei disso. - Me acompanhou na risada. - Você sempre me dizia que gostava do meu sobrenome, nos dias em que você me chamava apenas por ele, se lembra?

- Eu lembro sim. - Sorri. - E agora eu chamo com ainda mais gosto, doutora Brooke. - Ela riu.

- Ele não usa esse, na junção ele acabou adotando o Hernández.

- Também gosto desse, por mim ele não adotava nenhum, seu sobrenome é bonito demais para que ele o suje desse jeito.

- Obrigada. - Sussurrou. - Por tudo, você continua a mesma pessoa incrível da qual eu me lembro.

- Eu tento. - Sorri, mas logo esse sorriso se tornou preocupação. - Me perdoa. - Sussurrei a ela.

- Pelo quê? - Questionou no mesmo tom.

- Por não ter protegido você, por não ter estado com você na pior fase da sua vida, por não poder impedir que aquele nojento que machucasse. Eu sinto muito mes...

- Não faz isso, não se culpa por algo que era impossível evitar. - Ela passou a acariciar meu rosto, como se quisesse gravar cada detalhe de mim. - Você é maravilhosa, Lolo, eu tenho muita sorte de ter você cuidando de mim.

- Eu vou estar sempre aqui, se você permitir.

- Me desculpe por... - Precionei meu dedo em seus lábios, a impedindo de continuar com sua sessão de desculpas.

- Já disse que entendo e que está tudo bem, se eu ouvir você se desculpar mais uma vez, te jogo da janela. - Ela riu.

- Não teria coragem de fazer tal coisa.

- Teria sim, pode apostar.

- Eu te conheço, sei que não teria.

- As pessoas mudam, Smallz, eu sou uma mulher perigosa e posso te matar com minha faca de bichinhos.

O seu ataque de risadas encheu meu peito de calor, tudo o que eu fazia era com a intenção de fazê-la rir, não deixar que ela se lembre do que lhe aconteceu e eu estava me saindo bem nessa tarefa.

- Eu tinha me esquecido de como você é besta quando quer. - Ela disse, cessando a risada e se deitando em meu peito.

- Eu faço um esforço. - Sorri.

Ela levantou um pouco a cabeça para me olhar melhor, deixando seu rosto próximo ao meu. Próximo até demais.

- Até isso é perfeito em você. - Ela sussurrou.

Deixei que meu autocontrole fosse esquecido, puxei sua nuca e colei nossos lábios.

Ao contrário do que eu pensei que iria acontecer, Ally me puxou para mais perto, se sentando em minha barriga, sem quebrar o contato dos nossos lábios.

Nos separamos pela maldita falta de ar, uni nossas testas, encarando seus lábios avermelhados.

- Me desculpe por isso, não consegui me controlar.

- E eu não queria que o fizesse. - Ela deixou um selinho demorado em meus lábios. - Só vamos esquecer tudo por um momento.

Considerei tudo o que estava acontecendo, há dois anos isso era o que eu mais queria e eu não iria, com toda a certeza, fechar os olhos para o que estava acontecendo.

Juntei nossos lábios outra vez, porém, coloquei toda a minha saudade e meu amor naquele beijo. As mãos da loira se preocupavam em bagunçar meus cabelos, enquanto meus braços apertam sua cintura de forma possessiva.

Ally passou a rebolar em meu colo, pressionando seu quadril a minha cintura, desci meus beijos até seu pescoço, enquanto a loira se preocupava em arranhar meus braços.

Precisei usar todo o meu autocontrole para parar com aquilo, Ally não estava em seu melhor momento e eu jamais me aproveitaria disso, nem mesmo com ela provocando.

Segurei em seus pulsos, afastando seu corpo do meu, recebi um olhar confuso da pequena loira em meu colo.

- Você não está cem por cento em si, isso para mim seria a mesma coisa que me aproveitar da sua fragilidade e eu me mataria só por pensar em fazer isso.

- Tem razão. - Suas bochechas ganharam um tom rosado. - Me desculpe. - Ela saiu de cima de mim, se sentando devidamente ao meu lado. - Eu acho que...

- Não se preocupe, vem cá. - Ela se aproximou um pouco mais e me deitei, puxando seu corpo para se alinhar ao meu. - Durma, pequena, eu estou aqui e não vou deixar que nada atinja você. - Beijei sua testa, o topo de sua cabeça e por fim lhe dei um selinho.

Eu precisei usar toda a sanidade que ainda existia em mim para não levar aquilo adiante, Ally poderia estar se entregando a mim naquele momento, mas eu sabia que não deveria aceitar, que alguns dias depois ela não se sentiria bem com aquilo.

Eu já havia esperado por dois anos, mas se fosse para ter a minha baixinha de volta e sem culpa alguma, eu não me importaria em esperar por ela, até uma eternidade.

In Your EyesWhere stories live. Discover now