《2.0》

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Povs Lauren

A comida do restaurante realmente estava esplêndida. Eu não me lembrava quanto tempo fazia desde que eu não comia em um japonês tão bom.

- O que vamos fazer com relação às meninas?

- Como assim?

- Vamos contar a elas?

- Não. - Respondi. - Ainda não nos acertamos totalmente, vamos esperar até que tenhamos algo concreto... Se é que teremos. - Sussurrei a última parte.

- Você tem razão, nós sabemos que elas mais do que qualquer outra pessoa, querem que a gente de acerte.

- Nenhuma das duas deseja isso mais do que eu, isso eu te garanto. - Ela sorriu.

- Estamos mais perto disso, do que você pensa, Lolo. - Sorri acariciando sua mão e lhe mandando um beijo no ar.

- Hã... Com licensa... - Uma menina, que não aparentava ter mais de vinte anos e tinha cara de funcionária novata, chamou nossa atenção. - Não permitimos esse tipo de contato. - Alertou.

Olhei em volta, percebendo quatro casais que estavam bem piores do que o nosso simples contato.

- Olhe ao redor! Tem pessoas aqui que estão quase se engolindo e você veio justamente aqui?

- Isso pode ser desrespeitoso para os outros clientes. - Ela explicou, enquanto tremia em nervoso. - Nós não permitimos contato tão íntimo assim ent...

- Mas permitem que eles quase se engulam? - A encarei confusa.

- Ela está dizendo que não permitem que nós façamos isso, porque somos duas mulheres, Lolo. - Ally explicou, encarando a garçonete com uma sobrancelha erguida.

- E o que isso tem haver? - Agora foi a minha vez de arquear a sobrancelha para a menina. - Não podem atender um casal lésbico? - O rosto da garota subiu em três tons de vermelho.

- Vocês são uma aberração! - Ela gritou, atraindo a atenção dos outros clientes, que agora olhavam a cena. - Deus irá condená-las as profundezas do inferno! Nós não atendemos doentes como vocês! Onde já se viu? Um restaurante de respeito como esse, alimentando duas coisas como vocês?!

- E o que você tem haver com isso? - Um dos clientes perguntou. - Elas estão pagando, tem tanto direito como qualquer um aqui!

- Elas são aberrações, monstros! O pai celestial condena essa doença! - Ela dizia e a cada palavra gritava mais alto.

- Você não tem o menor direito de nos julgar por sermos um casal de mulheres! - Ally rebateu.

- Isso para mim é doença! - A garçonete gritou outra vez. - Vocês precisam se tratar! Suas lésbicas nojentas!

Precisei segurar a loira para que ela não voasse no pescoço da mulher a nossa frente. Apesar de ter muita vontade de soltá-la, eu sabia que ela se arrependeria mais tarde.

- A única doente que eu vejo aqui é você, sua homofobica! Amor não é doença, Deus nos deu a capacidade de amar quem quer que seja, sem olhar a quem.

- Não cite o nome de Deus!

- Eu cito o nome de quem eu quiser, porque você não manda em mim! - Ally continuou com os argumentos. - Deus teria vergonha de você, da criatura desprezível que é você!

- Deus jamais deveria ter deixado que suas mães viessem ao mundo! Se ele soubesse que elas colocariam aberrações no mundo, não teria dado a vida a elas!

- Ah, mas ele sabia sim! - Me intrometi. - Ele não só deu a vida a nossas mães, como também de a esposa da minha mãe, a mim, a outra filha dela e a esposa da outra filha dela. Deus nos ama muito mais do que a você. - A menina explodiu em um choro compulsivo.

Puxei a loira pela mão, noslevando para o mais longe dali, que no momento se resumia ao meu apartamento.

- Eu não acredito que isso aconteceu! - A loira esbravejou, jogando sua cabeleira clara para trás. - Quem ela pensa que é para nos julgar?! - Enquanto ela andava de um lado para o outro, eu apenas a observava, sem ter noção do que fazer. - Eu deveria processar aquele lugar!

- É... - Murmurei, mas era como se ela não me desse ideia.

- Isso é ridículo! Nós somos pessoas como qualquer outra! Aposto que se tivéssemos ido separadas, ela não teria falado aquele monte de asneiras!

- Isso é v... - Ela interrompeu minha fala.

- E quem disse que somos um casal? Tinha tantas pessoas ali com as mãos juntas também, quem garantia a ela que éramos um casal?!

- E...

- Eu estou tão irritada! - A puxei pela mão, a fazendo se sentar em meu colo, com uma perna de cada lado do meu corpo.

- Eu sei que está e mesmo que não pareça, eu também estou possessa com essa situação, mas gritar e se desgastar não vai ajudar em nada. - Ela acenou em positivo.

- Tem razão, ela nem merece meus surtos. - Disse se gabando, me fazendo rir.

- Não mesmo. - Segurei em sua cintura com um dos meus braços, levei minha mão livre a sua nuca e juntei nossos lábios em um beijo calmo.

- Mas deveríamos realmente processar aquele lugar. É um absurdo que clientes sejam tratados assim, só por serem um casal homossexual! - Abri um sorriso travesso.

- Então nós somos um casal? - Lhe dei um sorriso provocativo.

- Foco, Lauren. - Ela riu da minha cara de cachorrinho que acabara de cair da mudança.

- Você têm razão, nós deveríamos. Mas nesse instante, eu só quero que você fique quietinha para eu poder beijar você, pode ser? - Ela sorriu.

- Pode ser. - Segurei em sua nuca, com todo o carinho que eu poderia expressar naquele pequeno toque e a beijei.

A sensação de beijá-la era sempre a mesma, como se tivessem um bilhão de borboletas dentro de mim. Sim, eu disse um bilhão.

De fato, nossos lábios se encaixavam com perfeição, assim como nossos corpos, mas isso não vem ao caso agora.

Deixei que a loira ditasse o ritmo daquele beijo, a deixei no controle por um tempo, mas logo o recuperei, me deliciando no sabor de seus lábios.

Ouvimos o barulho da porta, apenas separamos nossos lábios e olhamos na mesma direção.

Demi e Dinah entraram com sacolas e mais sacolas, mas travaram assim que nos viram, mais especificamente, Ally sentada em meu colo.

- Vocês voltaram?! - Elas perguntaram juntas.

Sorrimos uma para a outra de forma cúmplice, aquilo seria interessante.

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