Capítulo-1

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Era uma tarde fria, monótona como todas as tardes daquele lugar. A feira no centro da capital, mendigos sentados nas calçadas esperando a boa vontade dos homens, ladrões se esconde na multidão, soldados servindo de estatuas para simbolizar a ordem e o progresso do reino, crianças correndo entre a multidão, nobres trafegam em suas carruagens esbanjando narcisismo e soberba. Assim era uma tarde na feira da capital.

Os boatos da guerra se espalhavam pelos ventos da capital, muitos até que aprovavam a campanha militar, outros nem tanto, principalmente pelos aumentos dos impostos, a escarces dos alimentos nos vilarejos menores. Muitos achavam que tudo aquilo idiotice, não foram eles que iniciaram a guerra, nem era uma guerra deles, mas como toda a insatisfação do povo era guardada em suas mentes.

Mas algo estava diferente naquela tarde fria, a feira não estava lotada como nas outras vezes. Mendigos? Havia poucos. Ladrões? Contava-se nos dedos, não existiam sombras para se ocultarem. Soldados? Tinha vários, estressados, mais violentos e o comum. Crianças? Essas não corriam mais com tanta felicidade. Os nobres? Estavam mais egocêntricos. Até os comerciantes estavam sentados na frente das suas barracas conversando.

Primeiro comerciante-Vocês souberam, os impostos vão aumentar novamente! E dizem que é por causa da guerra! Onde iremos parar assim? Logo mais ninguém terá dinheiro pra nos comprar nada.

Segundo comerciante- verdade, ontem mesmo não conseguir vender foi é nada, tive que dar algumas verduras e outras comi em casa.

Terceiro comerciante- Ainda estamos reclamando de barriga cheia. Soube que na outra feira teve gente que perdeu foi tudo, Não teve como pagar, os guardas chegaram e levaram que o pobre coitado tinha.

Primeiro comerciante- Eu soube dessa historia também, e do jeito que está indo as coisas... E a conversa está é boa, mas vou indo vender, que logo os homens chegaram pra pegar o dinheiro que não temos.

Mas com toda aquela tarde parada, as vendas foram poucas, mal dava para eles alimenta-se. Mas o cobrador dos impostos não estava preocupado com isso. Pra ele recusa-se a pagar, era uma traição com o rei, e a sentença da traição era a morte.

Foi assim naquela tarde fria, os boatos que soube que existia muitos traidores naquela feira. Muitos dos comerciantes tiveram a sorte de só serem presos e mandados para o campo de batalha. Outros param as minas, trabalharem para pagar sua divida com a coroa. Outros foram soltos, tiveram a sorte e umas almas boas pagaram suas dividas. Mas um comerciante não teve essa sorte que os outros, o cobrador de impostos precisava de alguém para ser de exemplo para o resto do povo, e esse comerciante deveria ser sua carta de resposta ao povo.

Mas lá em cima, no pico mais alto da capital. Estava lá o grandioso palácio, situado no lugar estratégico, simbolizando o distanciamento da nobreza com o resto do mundo. Grandes portas brancas, pilares largos, corredores enormes que até o vento se perdia. Os seus salões enormes e perfeitamente iluminados, tão iluminados que até os fantasmas de guerra, não tinham sombras pra se esconderes.

No principal salão, o mais magnifico. Lá que está o trono mais belo, feito de ouro. O ouro ofertado dos territórios conquistados, coberto de pedras preciosas trazida das nações aliadas.

E nesse trono lá estava o velho rei, com todo seu cansaço das guerras vencidas e outras perdidas. Suas olheiras, mostrando suas noites mal dormidas, penso que sua perda de sono seja pelo medo dos fantasmas que assombram sua cabeça. Lá estava o rei de cabeça baixa, esperando que aquele inferno passe logo.

Lá do corredor vem o bobo, o homem mais sábio, o mais corajoso ou só o mais louco de todo reino. A única esperança da felicidade ou mais um guarda chuva, uma válvula de escape pra maquiar a dor do reino.

SENTIMENTO DE UMA NAÇÃOWhere stories live. Discover now