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02. Primavera

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"And when the lights start flashing like a photobook
And the stars exploding, we'll be fireproof
My youth, my youth is yours..."
Youth - Troye Sivan

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Primavera - 2012

As pessoas te dizem que você deve aproveitar a juventude e viver intensamente, as músicas esfregam em sua cara que a adolescência é para ser passada sem arrependimentos. Vá, se jogue, experimente, sinta, enlouqueça, rompa as regras.

Ao invés disso, eu apenas queria alguém para me dizer: tudo bem ir com calma, tudo bem pensar duas vezes, tudo bem ser paciente.

Bom, não era como se eu fosse o tipo de jovem inconsequente que bebe, fuma, vai a festas escondido, nem nada do tipo, eu era tímido demais para isso e — na verdade — os poucos amigos que tinha também não faziam essas coisas, mas ainda assim existia toda uma pressão para tal. Não agir assim lhe tornava um adolescente esquisito e era exatamente o que eu era para todos. Um adolescente esquisito, retraído, que tinha medo de garotas.

Acabei ganhando aquele título apenas porque quando uma garota se declarou para mim eu fiquei com tanta vergonha que simplesmente saí correndo e a deixei sozinha. Eu sei que não foi a melhor escolha, mas eu estava em pânico. E como toda boa fofoca, aquilo se espalhou por toda a escola a ponto de chegar até mesmo em Namjoon antes que eu mesmo tivesse tido coragem de lhe contar.

A partir do sexto ano, eu passei a estudar na mesma escola que Namjoon, o que parecia incrível visto que teríamos mais tempo juntos, mas não foi bem assim. Os estudos começaram a aumentar e por ele ser mais velho, nossas turmas nunca se encontravam, ainda mais agora em que eu estava terminando o fundamental e ele já estava cursando o ensino médio.

O ensino médio era como a realeza do colégio aos olhos dos mais novos. Para as garotas, os homens eram mais bonitos, fortes, altos. Para os garotos, as meninas já eram como mulheres e todos falavam delas pelos cantos. Eu não compactuava com aquilo, sempre achei uma perda de tempo jogar fora todos meus momentos preciosos paquerando e falando do corpo de uma outra pessoa que nem conhecia.

— Por que não me contou o que aconteceu, Kook? Por que não disse que eles estavam te incomodando? — Rolei os olhos, não queria falar sobre aquilo.

Me encontrava jogado no chão do quarto de Namjoon, a gravata solta em torno do pescoço e o terninho do uniforme desabotoado.

— Porque não valia a pena. Você está fazendo grande caso disso, mas eu não me importo. E daí que eu não quis nada com a garota? Eu não gostava dela. As pessoas só estão enchendo o saco porque são todos uns sacos de hormônio que só pensam em se atracar com alguém pelos cantos da escola.

Namjoon riu, mas não discordou. Ele mesmo não fazia o tipo que ficava com várias, apesar de já ter me contado que beijou algumas garotas.

— Está certo. Eu fico feliz que você não se deixe levar pelos outros como eu fui. Meus amigos ficaram me irritando até que eu beijasse uma das garotas que sempre flertava comigo. — Deu de ombros — Não foi ruim, mas eu preferia não ter feito. Eu não senti nada, foi só um tanto faz.

— Eu não acho que amigos façam isso, hyung. Eu não faria isso com você sabendo que você não está a fim. — O encarei e tive o olhar retribuído. Ficamos conectados por alguns instantes em silêncio, até ele finalmente desviar o olhar, suspirando.

— Nós tínhamos treze anos, Gguk. Nem eu, nem eles sabiam direito o que estávamos fazendo.

Cruzei os braços um tanto irritado, afiando o olhar antes de me levantar e jogar a mochila sobre um dos ombros, pronto para sair dali.