𝒓𝒆𝒅 𝒇𝒍𝒐𝒘𝒆𝒓𝒔 ➳ 𝒕𝒆𝒆𝒏 𝒘𝒐𝒍𝒇

04

Sangue. Havia respingos nos móveis e marcas de mãos feitas com sangue nas paredes. O tapete que antes era completamente branco estava com grandes machas escarlates por toda a parte.

O silêncio parecia pior do que toda a bagunça espalhada pelo lugar, parecia dizer coisas que eu não queria ouvir. O silêncio era apenas a confirmação de coisas que eu não queria acreditar.

As paredes beges e o piso de madeira escura não pareciam mais os mesmos, e olhar para a lareira apagada me fez ter consciência de quão frio o lugar estava. Inconscientemente enlaço meus braços pelo meu próprio corpo para tentar me aquecer.

Um barrulho ecoou pelos corredores da casa, me fazendo pular de susto e me repreender por isso depois. Eu não podia sentir medo, não quando eu conhecia cada canto daquele lugar. O barrulho se repete, e eu o associo rapidamente a arranhões. Sigo na direção que o som parece vir sem pensar duas vezes.

Entro no corredor a direita, tentando fazer o mínimo de barrulho possível. Arfo assim que me deparo com um dos quadros que enfeitavam as paredes, era uma foto da minha família onde todos possavam para a foto sem expressar nem mesmo um sorriso, ela estava resgada em bem no meio com cortes que pareciam ser de facas. Sem pensar muito no que estou fazendo, levo meus dedos até os rasgos e aperto a moldura com mais força ao me dar conta do que eu quase deixei passar. Os rasgos não haviam sido feitos com facas, mas sim com garras.

Tudo escurece, e em um piscar de olhos o lugar onde estou muda. Agora eu estava em um dos quartos vazios.

Não havia nenhuma decoração e os únicos móveis no quarto eram uma cama de solteiro e um pequeno armário. A única iluminação do lugar vinha da janela, e a luz da lua me permitia ver uma silhueta em um dos cantos escuros.

— Olá? Quem é você? — minha voz saiu incrivelmente baixa mas mesmos assim pareceu ecoar.

— Tic-toc, seu tempo tá passando. — a voz feminina foi seguida por o barrunho de um arranhão. — Você não vai escolher?

— Escolher? Do que você tá falando? — Dei um passo a frente, chegando mais perto.

— Tic-toc tic-toc, eles estão morrendo, tic-toc tic-toc. — a risada da mulher fez os pelos dos meus braços arrepiarem — Você já escolheu?

— Eu não estou entendo, o que eu tenho que escolher? — com o silêncio como resposta dei um passo para mais perto — Quem tá morrendo? — dei mais um passo para frente, colocando minha mão no ombro da desconhecida.

Assim que minha mão se encontrou com a pele da mulher um pequeno choque me fez tropeçar para trás, no mesmo momento em que ela finalmente virou de frente para mim.

Um grito escapou pela minha boca assim que tive um vislumbre de seu rosto. Ele estava repleto de cortes e sangue seco cobria quase toda a pele, no lugar onde deveria estar os olhos eram apenas dois buracos ocos e negros. Mas não fora isso que havia me assustado, mas sim a familiaridade do rosto que agora me encarrava. Era minha mãe.

— Mamãe, o que aconteceu com você? Quem está morrendo? — minha respiração estava completamente descompassada.

— Todo mundo.

Assim que pronunciou a última sílaba a coisa com o rosto da minha mãe veio na minha direção e automaticamente recuei para o mais longe que consegui. Mas, antes de conseguir dar cinco passos para trás, tropecei em algo, caindo no chão, e quando desviei meus olhos para ver o que era não pude conter o grito. Era um corpo.

Me arrastei para trás, tentando me levantar mas, em vez de apoiar no chão duro e áspero, minha mão entrou em contato com algo úmido. E, quando a trouxe para o alcance da minha visão, arfei. Eu havia encostado em uma poça de sangue.

— Mas o que…

Ao olhar novamente ao redor, tive uma visão completa do jardim dos fundos de onde havia vindo os gritos de minutos antes de eu sumir lá, pra onde Avalon havia indo com a promessa de me encontrar mais tarde.

As rosas brancas que minha tia cuidava com tanto afinco estavam caídas pelo chão, rodeando uma montanha de corpos espalhados pelo gramado, agora coberto por um mar vermelho.

♡

oq estão achando?
vou tentar atualizar o mais rápido possível.

alguém já tem alguma teoria?