(Agnes)

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Eu e Anne não éramos muito próximas, depois que o pai dela foi embora fiquei sem saber o que fazer, eu disse que ele tinha morrido e quando ela perguntava a causa da morte eu dizia que morreu de câncer no pulmão, já que ele só fumava. Eu não sabia ser mãe, e conforme ela crescia íamos nos distanciando mais e mais, ela estava virando uma mulher linda e encantadora mas nós nem conversávamos, vivíamos trancadas em casa sem trocar alguma palavra só falávamos algo quando era realmente necessário.
Minha mãe morreu de infarto fulminante.
E então eu mandei ela para um acampamento, eu precisava de um tempo pra mim. Até que descobri que ela tinha saído de lá, e provavelmente com um garoto, eu liguei varias vezes depois de um tempo ela atendeu,  parecia bem sua voz estava mais leve, ela continuava relutante contra mim mas de algum modo ela parecia bem, parecia mais tranquila, seja lá quem for esse garoto ele trouxe a tona uma Anne que eu não via fazia muitos anos.
O pai de Anne também não era muito presente vivia bêbado pelas ruas e envolto numa nuvem de fumaça, até ele finalmente ir embora, viver naquela casa com era um tormento, não aguentava mais as brigas e discussões pelas mesmas coisas sempre, então combinamos de dizer para Anne que ele tinha morrido e ele nunca procuraria por nenhuma de nós até essa semana.
Recebi cartas do Arizona e não era de Anne, eu não conhecia o endereço mas o nome era um nome que já tinha feito parte do meu passado
Carlos aquele nome de deixou por uns segundos desnorteada, acho que menti não só para Anne mas para mim também, disse tantas vezes que ele estava morto que comecei a acreditar na minha própria mentira.
A duas semanas atrás Carlos começou a me mandar cartas querendo saber se podia nos visitar dizia que estava limpo e só queria ver a Anne, nunca respondi nenhuma de suas cartas e elas não pararam de chegar até que no início de uma tarde recebi um telefonema dizendo que Anne tinha ido para o hospital e que pediram para me chamar.
Assim que cheguei naquele hospital lá estava ela no primeiro leito estava bem, estava tranquila.
Até que ao olhar para o lado esquerdo estava ele, mas já era tarde, ela já o conhecia.
-Você está bem querida?
"Sim mãe, foi só uma crise de ansiedade."
-Por quê? O que houve?
"Bom eu não sabia que mortos podiam fazer ligações do além para o mundo terreno."
-Ah, então você já sabe de tudo?
"Sim mãe."
-Tem certeza de que está bem?
-Sim
-E você? Como veio parar aqui?
-Não é da sua conta.
-É sim, se envolve minha filha.
Sua filha não, nossa filha.
E ela já tem 18 anos pode decidir por si.
- Então, como isso aconteceu?
"Meu pai me salvou mãe!"

-Ok, Carlos posso falar com você?

saímos de onde ela estava, fomos para outro leito e fechamos a cortina.

-Você salvou ela? como assim?

-Bom eu estava no mesmo lugar que ela, então quando ouvi algumas pessoas dizendo ...

o interrompi.

-você estava seguindo ela não é mesmo?

-Estava

-Porquê? Porquê fez isso?

-Eu sinto falta de vocês, não fiz muito parte da vida dela, e pra ser sincero não estava pronto, eu não era bom o suficiente para vocês, mas acho que agora posso ser. 

-Do nada então tu resolve aparecer e participar das nossas vidas?

-Sim

- Isso é muito estranho.

-Agnes, eu amo a Anne.

-Que bom, ela é sua filha é o mínimo que você pode fazer.

-E eu te amo agnes.

Eu gelei naquele momento, senti como se tivesse voltado a adolescência, toda aquela maré de sentimentos e emoções começaram a surgir

-Sim.

-Sim o que agnes?

-Nada.

-Me deixa fazer parte da vida de vocês?

-Quando uma pessoa vai embora, ela tem seus motivos você tinha os seus, eu te amo mas eu não posso deixar isso acontecer. A gente pode dividir a guarda.

- Se você me ama e eu te amo, porque não podemos ficar juntos?

- Porque nem sempre o amor é suficiente, quanto mais permitimos que alguém conheça a nossa essência mais damos poder a essa pessoa de nos magoar. Imagine que você está com uma faca, e eu estou de costas quanto mais você for se aproximando mais fácil vai ser de me atingir e não é isso que eu quero. Eu já te permiti demais e você me magoou. 

Voltei para onde Anne estava e ela já tinha dormido, sentei-me na poltrona ao lado dela, ela era tão calma dormindo, ainda parecia aquela bebê pequena. Poucos minutos depois Carlos sentou na poltrona do outro lado da cama dela e pegamos no sono. 

Acordei como celular da Anne tocando, então Carlos atendeu e eu voltei a dormir.






















































































Caminhos Que Me Levam A VocêWhere stories live. Discover now