Touch-me ➶ P. Lahote.

+ 06

++

Quando eu despertei, meus olhos reconheceram os cabelos castanhos de Teren apoiados sobre o colchão imediatamente. A segunda coisa que notei foi o corpo grande e musculoso de Paul sobre a cadeira ao lado de Teren, ambos inclinados em minha direção. 

Céus, o que eu diria à Paul? Como eu poderia olhá-los nos olhos depois disso tudo? Era tanto para absorver.

Amor eterno, almas gêmeas, lobos, pai agressivo a dor profunda que Paul carregava, as lembranças dançavam em minha mente. Meu rosto infantil de cinco anos de idade rindo enquanto jogava água em Paul, com os dentes tortos e o rosto magrelo correndo pela praia de La Push. Éramos crianças alegres antes da mãe de Paul fugir com um homem desconhecido, tornando então seu pai um homem amargurado e agressivo. Paul jamais pôde ter alguma paz dentro do próprio lar. Me partia o coração saber de todo o sofrimento de Paul, como se eu pudesse modificar todas as lembranças pelo simples fato de conhecê-las. Seis meses atrás quando recebeu a notícia da morte do homem que ele jamais considerou como família, queria ter estado lá para abraçá-lo e consola-lo quando ninguém mais o fez, nem mesmo seu bando poderia saber. Afinal, Paul nunca demonstrou. 

Sentir a dor de Paul me dilacerou, pior ainda, sentir seu remorso, sua culpa e sua própria auto sabotação. Eu queria protegê-lo.

Meus olhos arderam e eu desviei meus olhos para minha irmã dormindo, o corpo de Teren ressonava baixinho, suavemente. Ao contrário de Paul, que tremulava e arfava nervosamente. Eu me adiantei, aproximando-me dele e tocando seu rosto com as pontas dos dedos, vendo-o se acalmar imediatamente e decidindo permanecer ali naquela posição, ainda que desconfortavelmente com metade do corpo na cama e metade inclinada em sua direção. 

Paul suspirou, como se estivesse extremamente satisfeito e meu coração acelerou. Eu observei seu rosto lentamente, adquirindo todos os detalhes da sua expressão. Os cílios espessos, os lábios cheios e a pele acobreada, o queixo anguloso combinava perfeitamente com as maças altas do seu rosto. Paul parecia forte, muito longe do garotinho que um dia conheci, imaginei por um momento como seria estar em seus braços e balancei a cabeça, afastando o pensamento. Meus olhos estavam desviando-se para seu peito desnudo quando Paul abriu os olhos. Grandes e castanhos encarando-me profundamente, confusão e paixão misturando-se em uma loucura se sentimentos.

Era tão absurdo que eu pudesse de repente saber tudo sobre ele, quero dizer, casais normais levavam anos para se conhecer. Pessoas que passavam anos sem nunca conhecerem completamente os próprios companheiros, mas aqui estava eu, em frente a Paul Lahote. Um homem destinado à mim sobre o qual eu sabia todo e qualquer mínimo detalhe. Eu sabia sobre a história da cicatriz em seu pulso direito, eu sabia sobre o seu primeiro beijo e o seu primeiro amor, eu sabia principalmente sobre o seu segredo peludo e sua corrente eterna à mim.

— Ronnie. Você acordou. — Ele expirou, aliviado. As mãos grandes e quentes tomaram as minhas em um aperto e não demorou para Paul puxar-me para seus braços, apertando-me suavemente. Eu me aconcheguei à ele, satisfeita por sentir o conforto do seu corpo sobre o meu. Eu deveria me afastar, quero dizer, não havia nada mais que eu pudesse ler em Paul, nenhuma privacidade a ser roubada quando minha atenção estava tão focada em outras coisas. Mas ainda assim, mal nos conhecíamos, certo? Errado. Como poderia aquilo parecer tão perfeitamente em ordem? — Você está bem? — As mãos dele tomaram meu rosto e eu assenti silenciosamente. — A Teren me contou, sabe, sobre vocês. — Paul coçou a própria nuca e eu sabia que isso queria dizer que ele estava nervoso.