CAPÍTULO II - A VOZ DA ESCURIDÃO

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Ali, a beira do esgoto que vem do palácio, onde o movimento de pessoas era muito pouco, o Mago e o jovem Belgard conversaram por mais algum tempo. O mal cheiro que vinha do rio já poluído incomodara, às vezes, porém o garoto estava mais acostumado com o fedor, tendo em vista onde morava.

- Senhor Volpe, o que faremos agora?

- Vamos por em prática nosso plano!

- De que forma? Ainda não consegui compreender.

- Você vai entrar no castelo a partir desta vala.

- Mas como vou passar pela tela de proteção? Veja como é estreita. Mesmo que seja pequeno, eu não consigo passar por lá.

De repente, o Mago ajoelhou-se perante o garoto, para que ficassem da mesma altura um do outro praticamente, entregou-o uma bolsa, muito grande por sinal, então colocou a mão sobre a cabeça do menino e começou a murmurar algumas palavras que Belgard não conhecia. Nesse momento, o Mago começou a ficar mais alto, todas as coisas ao redor do garoto ficaram maiores. Então Belgard percebeu, olhando ao redor, e olhando para se mesmo através do reflexo do rio, que ainda dava para perceber, que na verdade ele havia diminuído de tamanho e não era apenas aquilo que havia acontecido, ele mudara completamente a sua forma, transformara-se em uma raposa!

- Senhor Volpe, o que fez comigo?

- Não se preocupe, garoto. Nesta forma você conseguirá passar pela tela de proteção da vala.

- Mas ficarei assim para sempre? – Perguntou de forma melancólica o garoto.

- Claro que não, meu rapaz. Sou um Mago bondoso, depois de algum tempo voltará ao normal, agora ande, passe pela vala, depois você vai chegar aos calabouços. Subindo pela escada chegará até um corredor que, dará até a despensa e, consequentemente, até a cozinha do castelo. Lá, poderá trazer a comida que quiser dentro da bolsa que te dei agora há pouco.

Seguindo o que falara o Mago, Belgard que agora era uma raposa, começou a percorrer a ponte ao qual os dois estavam bem próximos e atravessou-a. Do outro lado, começou a descer pela margem do rio até chegar na vala do esgoto, com um esforço, conseguiu passar por entre as barras da tela da vala e agora, estava começando a entrar no castelo. Passando pela vala, que era enorme, encontrou uma vala menor, do lado direito, que se conectava com a maior. Havia um muro, que conseguiu escalar e assim, entrou pela vala menor. Percorreu um caminho que ia sempre subindo e subindo. Até encontrar uma luz acima de onde ele estava. Dava para ver essa luz, através de uma vala que vinha de cima até em baixo, na forma de um cilindro, de onde ele estava com uma inclinação vertical. Escalando com suas garras que agora aparecera, Belgard conseguiu chegar ao topo e chegar à luz, onde na verdade, funcionava como privada de uma câmara que acabara de entrar. Esta estava vazia, mas iluminada com uma tocha em uma das paredes, a sua frente estava uma grade quadriculada de barras de ferro, onde havia uma tranca com um ferrolho e uma fechadura.

Saindo dessa câmara, viu-se diante de um corredor iluminado por tochas e câmaras escuras de um lado e do outro, foi caminhando e falando ao mesmo tempo.

- Espero que eu chegue logo na dispensa e que não haja problemas nisso! Estou com muita fome e minha família também não come algo que seja bom há dias.

- Quem está aí? – perguntou uma voz grave vinda de dentro de uma das celas.

O garoto se espantou, pois não sabia que podia falar transformado em raposa. Tentou se esconder em algum lugar do corredor que estava um pouco escuro, mesmo com a iluminação das tochas, mas foi surpreendido.

Crônicas em HaravWhere stories live. Discover now