CAPÍTULO III - TODA ROSA TEM ESPINHOS

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Não tiveram tempo de discutir nem de assimilar o que havia ocorrido há poucos instantes. A visão de um templo, construído em meio à clareira da Floresta, era tão fantasiosa quanto um dragão negro ajudar alguém sem pedir nada em troca ou ter qualquer vantagem sobre tal ação. A visão era de perplexidade. Ainda mais quando não havia copas de árvores cobrindo o céu acima do templo. Era um buraco, literalmente, acima de tal construção.

O templo estava em ruínas. No teto havia lodo e plantas trepadeiras, aproveitando do espaço que elas tinham para estender-se por toda a estrutura. Às vezes confundia-se com um teto verde de tão espessa que era esta planta. O templo estendia-se na clareira em forma de L. Bem no encontro da linha horizontal com a vertical que a estrutura fazia, crescia uma árvore, suas raízes iam desde o teto até o chão do templo e ainda se alastravam por sob o terreno. O Tronco era tortuoso, porém longo e a copa da árvore era alta, porém não tão fechada. Havia uma escada em uma de suas entradas, porém seus batentes estavam trincados. Várias aberturas na parte frontal e lateral mostravam o que antes parecia ser janelas. Mas ainda não acabarão as surpresas. Alguns animais começaram a sair pelas janelas e porta do templo. Três leões, duas fêmeas e um macho, um casal de tigres, cinco macacos e duas panteras. Todos saíram ao mesmo tempo. Mandubrath e Porarinn se entreolharam com um ar duvidoso para aquilo que estava acontecendo. Os animais não fizeram menção de ataca-los, apenas saíram e ficaram espalhados pela calçada do tempo, alguns na própria clareira, já os macacos subiram na árvore que estava sobre o teto.

Foi quando começaram a ouvir o som de uma harpa tocando. Um som suave, limpo e encantador. Uma voz começou a cantar uma música em um idioma antigo, porém, sem mesmo conseguirem entende-la, era uma canção que trazia paz e sossego para o espírito daqueles que a ouviam. Nesse momento, a voz começou a ser ouvida num tom mais forte e cada vez mais próximo. Uma mulher, de cabelos longos e ruivos, olhos penetrantes e rubros como as brasas de uma fogueira, estava vestida com um vestido branco, quase transparente, estava descalça. Continuava a cantar e encantar os dois que a ouviam. Parando de cantar, foi logo conversando com eles e sua voz era doce como o néctar das flores dos Campos Formarion.

- O que trazem vocês aqui, meus belos rapazes?

- Estamos apenas de passagem, minha senhora – disse Mandubrath encantado com toda aquela beleza.

- Estão de passagem? Isso é verdade, meu grande herói? – Perguntou a mulher indo em direção à Porarinn e passando suas mãos, macias como a seda, no rosto dele.

- Me conhece? – Perguntou surpreso o herói.

- Quem não conhece Porarinn, o Justo? Seus feitos ultrapassam as barreiras de qualquer lugar, inclusive da Floresta.

- Bem, agradeço o apreço, minha senhora.

- Poupe-me agora de seus agradecimentos. Haverá oportunidade mais adequada para fazê-los. – Disse a mulher.

- E quanto a você, caçador de recompensas. Também o conheço. Seus feitos estão começando a aparecer atravessando todo o Reino da Floresta.

- É verdade isso? – Animou-se Mandubrath.

- Tão quanto o sol nasce e se põe todos os dias. – Respondeu a mulher.

- Bem, já que nos conhece, está na hora de conhece-la também. Qual é o seu nome, minha senhora?

- Nomes... tenho vários... Um nome quer dizer muita coisa, em várias línguas, mas ao mesmo tempo, pode não dizer nada, caso você não compreenda as raízes do idioma ao qual ele nasceu. – Disse a mulher.

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⏰ Last updated: May 07, 2020 ⏰

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