goodbye

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—Merda FEZ? QUE MERDA? Que diabos está fazendo aqui? Cara você me assustou.
—Jesus Rue, eu só vim se cê tá de boa. Gia achou que fosse engraçado, e realmente foi.
—É, vão se foder vocês dois.

—RUE, olha a boca. —Gritou Leslie distante do meu quarto.
—Mano, teu rosto está "inchadão" aí...O que andou fazendo?

A companhia de Fezco não seria a melhor agora, confesso que eu o olhava e via um pacote de codeína em seu rosto, era sufocante, mas eu estava feliz por ele estar bem. Fez estave presente em todos os piores e mais agoniantes momentos da porra da minha vida, sinceramente, eu não porque ele não me mandou ir me foder, ele sempre está aqui, preocupando-se comigo, e recusou-se a me ver mal, desde do dia que implorei por algo na porta de sua casa.

—Eu...
—Não precisa responder não. Eu pensei que a sua mãe iria me dar uma porrada ou algo do tipo por aparecer aqui.
—Ela não sabe que você... Ela não sabe que você vende... Você sabe.
—Sei... Aí, quer saber de uma? Eu parei com essa merda.
—É...É sério? —Pergunto pausadamente num tom surpreso.

Com o rosto paralisado eu pensava, pensava e lutava para tirar esse sentimento. Eu confesso que uma parte de mim estava em luto já que Fez era o único que me   "vendia aquilo que eu precisava de graça". Ele era o mais conhecido do bairro, o mais procurado o mais... PORRA!

—Estou cansado de viver assim Rue, quando você quase morreu pela segunda vez eu quase morri contigo!
—O QUE?
—Longa história mano... Então, há quanto tempo não sai desse lugar?
  Fez lutou para que eu saísse da cama. Honestamente, eu nunca tive um papo tão longo com ele sem envolver...Aquelas merdas.

  Era um dia ensolarado, o vento soprava e assoviava pelas ruas do bairro. Quando saí meu cabelo voara para trás e meu rosto se refrescou imediatamente e meus olhos encolheram com a luz. Era bom sentir o sol na minha pele, pela primeira vez eu não usava um moletom ou qualquer tipo de suéter. O garoto andou na frente indo em direção ao seu carro vermelho, era velho, mas completamente encerado, brilhante, e limpo.
—Carro daora...
—Valeu.

Ao sentar no banco do passageiro Fez procurava pela chave do carro, jurava ter colocado em um dos compartimentos, foi quando eu tentei abrir o porta-luvas para tentar ajudá-lo. De cara, varios pacotes plásticos lotados de qualquer tipo de drogas ilícitas. Minha boca foi ao deserto total e meu coração se perdera numa galáxia distante, minhas pernas balançaram, e meus olhos se arregalaram, era uma turbulência de sensações em menos de cinco segundos.

—Foi mal, fecha isso. Eu ainda não me livrei dessas. Quer saber? Eu tive uma ideia. —O garoto disse envergonhado olhando para baixo. —As chaves!! Ufa!

Por minutos meu corpo ficara paralisado, assustado, em pânico, em total desejo. Eu respirava e inspirava tentando não pensar naquilo, tentando dizer pra mim mesma que eu não precisava daquela merda, que estava tudo bem, que essa sede, fome, essa inquietação e ansiedade iria sumir.

—Rue? Você tá legal? Caralho Rue, me desculpa, é sério mano.

Demorou alguns instantes para que eu o respondesse, mas logo minha boca se abriu:
—Estou bem.

De repente o garoto enfiara um CD no rádio e colocou uma uma música, ritmo rápido mas suficiente para fechar os meus olhos e sentir o vento batendo em toda a minha face enquanto escorava na janela daquele carro.

Logo, o ritmo fora diminuindo e quando percebi estávamos num lugar completamente isolado.
—Você não vai me matar né? —Caçoei mas logo averiguei o lugar para saber se eu realmente podia brincar.
—Se eu quisesse te matar, eu t— Esquece essa merda. Vem comigo.

Desconfiada eu segui Fez através daquela trilha saindo da estrada. Estávamos quase lá, até ele finalmente parar e dizer: É ali.
Se tratada de um lugar alto, solitário, um penhasco, era só eu e ele ali e embaixo tinha um enorme rio.
—Não, eu não vou pular.
—Quê? Nada a ver Rue! Eu não gosto dessas merda também. Mas eu tenho uma coisa aqui, e acho que devemos nos livrar disso juntos. —Disse o menino tirando aquele pacote de plástico do bolso.
—Fez eu...
—Vamos jogar essa merda fora juntos. É só você jogar e a água faz o resto do trampo.

Assustada eu o olhava diretamente nos olhos e encarava aqueles comprimidos, aqueles pequenos pacotinhos. Meu coração palpitou, quando eu finalmente concordei segurando-o em minhas mãos. Eu os encarava secamente, friamente...
—Vamos lá Rue.

Ao esticar o meu braço e soltar o pacote foi em questão de poucos segundos para escuta-lo afundar na água. Eu estava num completo caos interno até soltá-lo e enfim me sentir leve, diferente, melhor.

Automaticamente um sorriso torto surgiu em meu rosto mas eu estava longe de estar eufórica. Fez em seguida mostrou sua mão para encaixarmos um high five me fazendo o encarar em pura seriedade.
—Qual é! —Ele disse abrindo um sorriso maior em meu rosto e então eu esticando a minha mão até a sua.

Euphoria : After JulesWhere stories live. Discover now