001 | Brigas e lidar com um insuportável?

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Kim Taehyung, só que para íntimos, Taehyung ou TaeTae.

Codinome: Vante.

É muito fácil identificar sua alma gêmea. Aquela pessoa que cresce com você, te respeita e de bônus está ali para o que der e vier, sem pestanejar duas vezes, na saúde e na doença. Eu sou muito intuitivo na hora de identificar quem está destinado para quem, por meses me perguntei se era apenas uma engraçada coincidência na hora de empurrar as pessoas uma para outra e isso dar certo. Contudo, quando você chega aos vinte e quatro anos sendo o maior cupido que essa terra pode ter visto e não possui ninguém ao seu lado, ironicamente não deveria se chamar assim.

Junto corações, mas estou fadado a ser sozinho.

A primeira vez que me ocorreu a primeira leitura de uma aura, eu tinha doze anos e foi com a minha mãe, ela havia se separado do meu pai nos exatos quatro meses atrás antes do meu aniversário e por um acaso estávamos na casa de minha avô – ela sendo o maior ser que mantém todos seus credos e energias depositadas no mundo místico e que sempre instigou minha mãe a participar – Mas, por algum motivo, minha progenitora acabou seguindo a velha e tradicional religião cristã, se tornando a ovelha negra da família materna. Enquanto eu preferia ficar longe de tudo isso como um bom agnóstico, mas não fiquei por muito tempo quando acabei juntando minha mãe e Myung-Dae.

Os dois possuíam a mesma cor em suas auras – que é um campo de energia em volta de si que transmite informações tanto físicas e metafisicas, em outras palavras, é uma leitura sua fora do físico, mas que acaba dizendo muito sobre você – e por fim, com a birra e insistência de uma criança cheia de indireta, Myung-Dae e minha mãe tornaram-se um bom casal.

Era estranho, extremamente estranho. Normalmente possíveis casais combinavam pelo jeito que reagiam diante um ao outro, mas para mim os dois tinham a aura em volta deles que combinava. Eu via por cores. Em um momento cheguei a comentar com a minha vó, mas ela apenas me olhou de canto e disse com todas consoantes e sílabas que minha mãe me internaria se eu soltasse alguma palavra perto dela sobre isso. Então, imersa a curiosidade, com os anos acabei tendo uma avó que vivia me pedindo para falar a cor das auras das suas amigas e seus respectivos maridos, ela me usava demais para poder fofocar em seu meio.

A segunda vez ocorreu com meu melhor amigo e quase colorido amigo, Jimin. Em meio a bebidas, nossos beijos e amassos, Jimin encontrou um cara chamado Min Yoongi no Grindr, um aplicativo gay onde quase todos os caras são iguais se não por pequenas diferenças que os destacam, o tamanho do pau. Jimin tinha a aura cor-de-rosa e Yoongi quase puxado para isso, cor de algodão doce, mas rosa não era. O que é engraçado já que ele vive se vestindo de preto.

E eu quase não juntei Namjoon com Jiwoo, se não fosse por um detalhe, as auras eram iguais, mas ambos eram extremamente opostos. Ele gosta muito de tirar foto, cozinhar e nas horas vagas, gravar e produzir grandes trabalhos para artistas locais e nacionais, sempre fora muito extrovertido apesar da cara estar fechada às vezes. Enquanto Jiwoo se conectava sempre no próprio mundo, enfurnada nos jogos e fanfics, tendo a vida totalmente na contra-mão de Namjoon, ajudando meu amigo em ideias de jantares e presentes, Jiwoo e Namjoon possuíam em comum o suficiente para quererem estar juntos.

Todos meus amigos sabem sobre a minha capacidade de conseguir ver essa energia que emana das pessoas e não foi à toa que acabei encontrando suas respectivas almas gêmeas de quase todos eles. Os garotos nunca paravam de me importunar até achar a pessoa certa. O que particularmente eu achava ridículo, não sei exatamente se acredito nessa história de alma gêmea apesar de estar juntando-as.

— Taehyung dá pra me passar o açúcar? É sério. — Meu olhar automaticamente se volta para o garoto pele-de-oliva com os fios verdes — Vai enrolar ou eu vou ter que me levantar daqui mesmo?

Yoongi não estava nos melhores dias, desde semana passada Jimin e ele estão brigando. Tirei o azar de morar com os dois. Jimin queria se mudar para a capital e tentar entrar em uma das SKY university, ele vivia dizendo que isso iria se sobressaltar no currículo, bem... Até que realmente iria se você tivesse dinheiro o suficiente pra conseguir bancar a estadia em uma dessas universidades. Jimin veio de família rica, ele pode estudar o que quiser, o que difere muito da minha realidade e a de Yoongi, ambos trabalhamos em uma editora local daqui.

— Desculpa — Respondo enquanto o passo o pote.

Jimin entra na cozinha sem falar nada, puxa a cafeteira e derrama o liquido escuro no copo, beberica enquanto vai beliscar do meu lanche. Fico observando pelo canto do olho como Yoongi fica tenso na mesma hora e eu me odeio por não ter acordado vinte minutos mais cedo hoje para não ter que lidar com os dois.

Hm — Por instinto solto uma risada nervosa — Acho que vou indo, não 'tô a fim de pegar ônibus hoje.

Apanho minha mochila jogada nos pés da cadeira em que eu me sentava e não espero que Yoongi ou Jimin respondam, eu já sabia que iria rolar um pedido de desculpas um tanto impróprio e depois ficaria tudo bem pelos próximos três dias até um deles tocar no assunto de novo.

É comumente ver quase todos os estagiários correndo pelo hall da editora, nosso diretor nunca facilitou demais, contudo quando Jeon Jeongguk ou como ele vive dizendo pra ser chamado, Jungkook chegou aqui, tornou tudo um verdadeiro inferno e isso me deixa ainda mais irado quando eu ao menos nem conseguia o ler ou ver a sua aura, era quase um desalmado. Consagrado como filho do chefe e que trabalha na editora só porque provavelmente o pai dele cansou de o mimar e dar dinheiro de graça em sua mão, o dentudo instalou-se no meu setor e todo dia acabo sendo obrigado a ajeitar sua bagunça no final do expediente se eu ainda quiser pagar as minhas contas.

Ele não era mimado, só era um insuportável que não sabia nem ao menos mexer na impressora sem gastar dez folhas no caminho. Possuía o Ás na manga em ser o Golden boy da família e o herdeiro que por algum motivo era o cérebro por trás do marketing que a editora fazia com todos os livros ultimamente, estávamos tendo boas vendas por causa dele.

— Atrasado por quinze minutos — Jeon murmurou quando entrei em nossa sala.

— Problemas em casa — Rebato sem dar a mínima importância em saber que ele tinha o pleno conhecimento de que eu morava com amigos.

— E? — O dentuço indaga e eu o encaro quase que mortalmente, mesmo tendo a impressão de que por mais fechado que meu rosto estivesse, o canalha nem ao menos tremeria a cara — Todos temos, Taehyung.

Tudo aquilo seria tolerável se eu não estivesse prestes a esganá-lo. Em uma montanha russa enquanto estabeleço o relacionamento profissional mais pisando-em-ovos-o-tempo-inteiro com Jungkook, eu sentia todos os dias em como eu gastaria meu réu primário a toa por não suportar ao menos a pseudo arrogância que ele mantinha em torno de si.

Só que minha família não é rica para pagar um bom advogado e o país está em crise enquanto cada respiração minha provavelmente o índice de desemprego aumenta, no fim das contas eu teria que aturar Jeon Jeongguk ou Jungkook por um bom tempo até decidir ir embora, sendo por bem ou por mal.

Unmatching Soulmates [taekook]Where stories live. Discover now