Imperatriz da Lua

CAPÍTULO 10

O vento bagunçava meu cabelo sujo e fazia as gotas de sangue que escorriam de meus lábios rachados virarem cristais de gelo rosas quando chegavam em meu queixo.
Destroyer estava em silêncio, batendo as asas fortes e gigantes com agilidade, voando acima das nuvens para se manter camuflado.

— Para onde vamos?

Meus dentes estavam trincados para não baterem uns contra os outros com o tremor de meu queixo.
Às vezes, quase sempre, esquecia que não precisava falar em voz alta para o dragão me ouvir.

— Capital do Império de Aridon.

— Império de Aridon?

Quando ainda morava em Salim, costumava passar meu tempo estudando e adquirindo cada vez mais conhecimento, era meu único trunfo. Porém na nova realidade em que estava vivendo, aquilo não significava nada, nada do que aprendi em Salim era real, eu tinha voltado a ser uma mulher completamente leiga. Era assustador.

— As histórias que se mantiveram vivas em Salim o chamavam de Império de Cristália, mas é mentira, este Império nunca existiu. Lucy, a Primeira Cavaleira, fundou um reino que originalmente se chamava Cristália, mas quando seu poder foi aumentando e o reino se expandiu e virou um Império, Lucy o chamou de Aridon, e seu reino passou a se chamar Reino da Lhuria, ou Luz, como alguns chamam atualmente. - Destroyer explicou com a paciência de um professor, com a voz tão suave que parecia ninar meus medos.

Ele era um sábio, seu poder estava tanto em seu corpo quanto em sua mente.
Eu tinha muito o que aprender com o dragão.

— Então o reino da Lhuria é a capital do Império de Aridon?

— Sim. Aridon foi dividido em cinco partes dois mil anos atrás. Lucy continuou governado o que antes foi Cristália e deu a seus quatro conselheiros de confiança o poder sobre as outras frações do império, mas, ela ainda era a Imperatriz, nenhum rei seria mais poderoso que ela.

— Os outros reinos ainda existem?

— Sim, e continuam fazendo parte do Império, Salim foi o único rebelde. Os cinco reinos místicos são: Salim, Hevrá, Devália, Tarack e Lhuria. Todos têm uma política e economia diferentes entre si. Você deverá aprender sobre eles antes de chegarmos a Lhuria, nossa primeira parada será em Hevrá, Steffan vai lhe ensinar o máximo possível.

— Obrigada — foi a única coisa que consegui dizer.

As informações se chocavam e formavam nós em minha mente que dificilmente poderia separar sozinha.
Resolvi deixar as perguntas complexas de lado quando uma lembrança pairou em minha mente e um calor subiu pelo meu corpo. A fina linha prateada brilhava nas minhas memórias, tão clara quanto no momento que a vi pela primeira vez.

— Eu vi uma linha prateada quando voei com você pela primeira vez. O que significa?

— É a corda que amarra nossas almas, um laço permanente. Agora você é minha tanto quanto eu sou seu. Dois corpos em uma só alma — ele respondeu sem se alterar.

Declarou que tínhamos um pacto de alma como se fosse a coisa mais comum do mundo.

— Ailyn, isso não é um pacto. É um laço de almas. E sim, é a coisa mais comum do mundo, acontecem com todos cavaleiros e seus dragões.

Gelei, como ele podia saber o que se passava em minha mente? Eu não tinha mandado nenhum pensamento para ele, eu sequer estava tentando me comunicar.

— Mas...