CAPÍTULO 15

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— Eu não vou a lugar nenhum!

Bati o pé, cruzando os braços como uma criança mimada de seis anos faria. Mas como sair às pressas de Hevrá rumo ao desconhecido monstro de sete cabeças que me esperava na Lhuria? Era uma injustiça, uma bela injustiça de Desty e Steffan comigo. Jogar uma carroça de novidades e revelações explosivas na minha cabeça e sair me carregando pelos ares contra a minha vontade.

— Ailyn, não dificulte as coisas, vai ficar tudo bem. — O mago tentou me acalmar. Tentou me fazer aceitar a ideia, porém estava fora de discussão, eu não ia a lugar nenhum, não naquele momento.

— Eu não vou. Se vocês querem tanto ir, não tem ninguém impedindo — minha voz soou seca. Amarga até.

— Querida, sem você não precisamos ir. Você é o motivo dessa viagem.

— Se eu sou o motivo dessa viagem, eu decido quando ir.

Desty soltou uma grande quantidade de ar, mostrando claramente o quão aborrecido estava de ficar esperando uma mera humana decidir o que fazer de sua patética vida estranha e completamente desorganizada.

Pegue ela.

Ouvi a voz do dragão tão baixa que quase a confundi com a brisa que movimentava as folhas mortas ao meu redor.
Porém quando o homem de meia idade veio na minha direção e me jogou nas costas, soube que não foi a brisa, foi uma ordem. E ninguém ousava desobedecer Destroyer, além de mim, claro.

— Me ponha no chão agora, Steffan! — sibilei batendo com os punhos fechados em seus ombros.

Para um homem na casa dos quarenta e poucos anos e com uma rotina dedicada a leitura de livros em seu antigo e aconchegante escritório que, naquele momento, estava reduzido a cinzas, Steffan era incrivelmente sólido e forte.
Ele sequer parecia sentir os meus golpes.

— Você ainda não passa de uma criança indefesa. Se pretende salvar um Império com esses golpes, sinto em lhe dizer que terá sérias dificuldades.

O mago arremessou meu corpo para cima do dorso do grande dragão cor de tempestade. Logo em seguida subiu atrás, sem me dar tempo de me recuperar.

— Por que você não vai no seu próprio dragão? Destroyer não é apto a dar caronas.

Eu carrego quem eu quiser, jovem Cavaleira.

Você carrega quem eu permitir bufei mesmo em pensamento.

— Eu não sou cavaleiro, Ailyn — Steffan falou, sua voz soando muito próxima do meu ouvido.

— Por que?

— Sou um mago.

Foi sua única resposta. Duvidava que ele iria me falar mais alguma coisa, e, de certa forma, eu não queria saber de mais nada também. Minha cabeça estava a ponto de explodir, não havia nem meia hora que eu tinha descoberto que toda minha antiga vida fora uma mentira e que eu tinha que descobrir em tempo recorde quem eu era, e assumir o lugar que devia ocupar como herdeira.

— Eu não quero ser princesa — sussurrei — estou muito bem, depois que abdiquei meu título. E nem era grande coisa o antigo.

Quando pensei que teria a liberdade que sempre sonhei, sem responsabilidades e deveres com o povo e a nação, quando estava feliz sem ter o peso de uma coroa na cabeça, eu virei, do nada, a herdeira de um império.

— Você não tem escolha, nasceu para isso. Aliás, não se preocupe, não será princesa por muito tempo

— Isso não é reconfortante, Steffan.

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