Evidência

10 2 3
                                    


— Pelo visto já soube o que aconteceu no teatro — a xerife diz ao legista, Hiro Nakata, assim que ela chega ao necrotério localizado no hospital da cidade, depois de deixar Zoe e Elena em casa. No centro da sala, um cadáver totalmente coberto por um lençol branco se encontra em cima de uma mesa de aço inoxidável. Cassid odeia esse lugar, tanto pelo clima frio quanto pelo cheiro de produtos químicos misturados com o de morte. — Falou com a Dana?

— Sim, sim — o homem de cabelos grisalhos fala. — Tô menos preocupado agora que ela já tá em casa com o irmão.

— Esse Kevin é um ótimo rapaz. Nunca vi alguém tão interessado em resolver um caso igual a ele.

— Esse menino cresceu vendo filmes policiais sobre assassinos, além dos de terror, e agora que surgiu um crime real aqui na cidade, ele quer estar envolvido em tudo. A propósito, já interrogaram a Senhorita Arquette e as garotas?

— Sim, só que nenhuma delas viu nada. Todas estavam nos camarins. E a última a ver a vítima viva foi a Samantha que disse que a irmã tinha ido no banheiro. Ela provavelmente foi atacada lá. Mas o que você tem aí pra mim?

— Samara Romero, dezessete anos, como já sabemos. — Ele puxa o lençol, revelando o corpo nu da adolescente que possui um corte em formato de Y do começo do peito até a cintura. — A morte foi por asfixia, não pela queda que só causou a fratura exposta na parte inferior da perna esquerda.

— Faz sentido. É mais fácil carregar um morto até o alto de um palco do que um vivo resistindo.

— Pois é. E ela tentou resistir à agressão, olha. — O asiático indica pequenos hematomas do tamanho de dedos nos braços e no pescoço. — Eu só não entendo porquê ter o trabalho de pendurar o corpo e correr o risco de ser flagrado.

— Esse maluco tá brincando com a gente. Ele acha que não vai ser pego porque não deixou resquícios de DNA dessa vez ou da outra quando matou a Justine.

— E como sabe que os assassinos dessas garotas são a mesma pessoa?

— Tanto o celular da Samara quanto o da Justine foram roubados. Muitos serial killers guardam um objeto da vítima como uma espécie de troféu. Além disso, temos um padrão estabelecido: concorrentes do Miss Redlake.

— Então isso quer dizer que nossas filhas...

— Podem estar na mira do assassino. — A mulher completa a frase do médico. — Mas não é certeza, afinal o concurso foi cancelado. Talvez fosse o objetivo desse psicopata. De qualquer forma, já providenciei viaturas de guarda em frente às casas de todas as participantes da competição.

***

Por entre as cortinas que cobrem a janela da sala de estar da casa dos Argento, Olivia espia a rua, onde diante dali está estacionado um carro da polícia com uma dupla de oficiais dentro.

— Os dois ainda estão lá — a ruiva comenta com Violet, Scott e Natalie que estão sentados no sofá, assistindo televisão enquanto devoram uma pizza que havia chegado há cerca de dez minutos. Os policiais inclusive interviram o entregador, verificando se o que tinha na caixa que ele carregava era mesmo pizza, e se os quatro adolescentes tinham pedido tal alimento. — Eu sei que era pra eu me sentir mais segura com a presença deles, mas toda vez que olho pra fora e me deparo com aquela viatura, na hora acabo lembrando do serial killer à solta.

— É simples: sai de perto da janela — Scott fala com a boca cheia. — E, tecnicamente, ele teria que matar mais uma participante do Miss Redlake pra ser um serial killer. Quem você acha que é a próxima?

SEU SANGUE LHE CAI BEMWhere stories live. Discover now