Capítulo 4

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4º CAPÍTULO

Eu continuei procurando um emprego e voltava sempre para o barracão abandonado para dormir. Dias depois e o máximo que eu tinha conseguido foram uns bicos em uma padaria que me deram um pouco de dinheiro. Usava o dinheiro para conseguir tomar banho em bares.
A vida estava difícil. Eu tive sorte de ter, pelo menos, comida. Mas era complicado demais. Voltar pra casa não era mais uma possibilidade.
Vi-me sentada em uma calçada de uma avenida movimentada. Estava desolada e com fome. Morrendo de fome. Era noite e faziam dias que a dona da padaria não me chamava para fazer bicos lá. Olhava a movimentação dos carros, quando me encolhi e fiquei ali, quieta e com medo do que viria a frente.
De longe, pude ver uma mulher alta, com um vestido extremamente curto e grudado no corpo. Um corpo lindo. Ela vestia um salto enorme e veio em minha direção mexendo nos cabelos. Parou na minha frente, ficou com o corpo na rua. Os carros passavam muito perto dela.
Flávia: Tá fazendo o que aí sentada?
Manuela: Tô tentando descobrir ainda.
Flávia: Bacana. – Ela soltou um riso. Andou pra a calçada e se sentou do meu lado. – E essa mala? Saiu de casa?
Manuela: Como sabe? Eu poderia estar esperando um ônibus para viajar. – Virei-me de frente para ela.
Flávia: Jura? Com esse cabelo? E essas roupas? – Segurei meu cabelo e olhei lateralmente para ele. Droga. Ela tinha razão. Estava ridículo. E eu estava imunda – Saiu de casa por que?
Manuela: Meu pai não é bem o pai do ano. – Sorri sarcasticamente.
Flávia: Sei bem como é. – Ficamos alguns segundos em silêncio, até que ela quebrou o gelo novamente. – E você tem onde ficar?
Manuela: Se você considerar um barracão abandonado e imundo um lar. Sim, eu tenho.
Ela riu e me fez rir da sua risada.
Flávia: Seu senso de humor é ótimo. Tenho um lugar pra você ficar hoje e talvez, consiga ficar mais uns dias. – Ela se levantou e deu a mão para me ajudar a levantar. – Ou anos.... Ah, eu me chamo Flávia.
Não disse nada, mas foi bem estranho a proposta. Se bem que, eu não estava lá em condições de poder recusar algo assim. Flávia começou a andar e eu simplesmente caminhei ao seu lado. Não fazia a menor ideia de onde ela ia, ou então, em qual bairro a gente já tinha passado. No caminho, fomos conversando. Quer dizer, ela me fez um milhão de perguntas e eu contei todo o meu drama familiar. Pegamos uns dois ônibus e andamos meio quarterão até ela parar de frente para um casarão enorme.
Flávia: Aqui. Seja bem-vinda! – Ela sorriu.
Entramos na casa e haviam três meninas na sala. Uma estava estirada no sofá e as outras prestavam atenção na televisão que estava num volume irritantemente alto.
Flávia deu um berro e na hora, o volume estava no mudo.
Bruna: A manda chuva chegou. – Disse num tom muito irônico.
Flávia: Sendo um amor sempre, não é, Surfista!?
Jack: Uma pausa na briga das madames, mas quem é essa?
Na mesma hora, todas olharam para mim. Eu estava meio suja e com o cabelo detonado. A situação me envergonhou um pouco.

PUTA PROFISSIONAL [COMPLETO]Where stories live. Discover now