Capítulo 37

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Elisa se jogou na cama entre as três... lágrimas banhavam seu rosto de tal forma que era impossível falar.

_Lisa... _Marta acariciava seus cabelos.

_Amiga o que houve? _Gisele a encarava com um rosto em tremenda decepção. _Vocês... droga... ta na cara que rolou... e porque você ta chorando?

Demorou muito para que pudesse se acalmar... vencer os soluços e finalmente narrar o que acontecera.

Chegara em um momento em sua vida que seguir seria a tarefa mais difícil de todas. Sentia-se abalada como uma pequena construção de palha sem nenhuma sustentação que tentava vencer uma tempestade arrasadora. Sentia-se devastada e frágil.

_Eu posso Alex! Eu posso! Eu posso tudo!

Sim podia tudo. Tinha que pôr em sua cabeça que poderia vencê-lo. Tinha que acreditar em si mesma. Sabia que nunca merecera ser tratada daquela forma injusta. Não merecia ser o tapete aos pés de Alex.

_Chega de me pisar Alex! Chega!

Mesmo assim as lágrimas desciam por seu rosto. Como poderia ter caído como uma tonta em sua armadilha? Ter lhe agarrado pela cintura enquanto ele pilotava como uma adolescente. Ter se portado como uma devassa e se entregado a ele sedenta como se ele fosse seu dominador... O odiava... e nada mais havia além disso. Tinha que procurar a justiça e exigir que ele lhe desse o divórcio e sabia que teria uma briga feia com ele mas tinha que acreditar que no final Hugo poderia escolher...

_Elisa...

E Pedro sentara diante dela na mesa do refeitório com uma garrafinha de refrigerante na mão. Não. Era tudo que menos queria era Pedro parado  lhe encarando com olhar profundo... droga!

_Oi Pedro...

_Podemos conversar?

_Temos muito trabalho a fazer...

_Então podemos...

_Pedro... eu sinto muito eu não quis te dar esperanças foi...

_Psiu. É claro que eu sei o que foi Elisa... Porém acho que talvez podemos quem sabe fazer um acordo... talvez eu aceite ser seu brinquedinho pra fazer ciúmes ao seu ex...

_Olha o que você está dizendo Pedro!

_Vou passar na sua casa hoje a noite acho que precisamos conversar.

_Eu não acho que...

_Ótimo! Quer conversar aqui então? Tudo bem... _Ele meneou a cabeça positivamente tomando um gole de seu refrigerante enquanto Gisele, Marta e Benjamim tomavam espaço na mesa. Galera vamos lá vamos relaxar um pouco. Uma pausa na atividade. Que tal brincarmos um pouco. Verdade ou desafio. _E girou a garrafa apontando propositalmente para Elisa. _Elisa é verdade que você foi pra cama com seu ex marido ontem?! 

Naquele momento sentiu vontade de esbofeteá-lo. Ficara pálida como uma vela de cera branca. Marta Benjamin e Gisele estavam como estátuas chocadas.

_Qual o problema? Prefere o desafio?

_Não Pedro.

_Não foi pra cama com ele?

_Não. Não prefiro o desafio. Essa eu respondo. Eu fui pra cama com o Alex! E numero 1 eu poderia ir pra cama com quem eu quisesse e isso não seria da sua conta. E número 2. Acaba de confirmar para mim que não merece uma gota do meu respeito porque você é um grande babaca!

_Elisa... _Gisele a encarava a denunciar lágrimas.

_Não Gisele. Não precisa se desculpar. _Elisa a encarou com profunda decepção. _Sei que foi você quem contou não é... sei que você tem uma queda idiota por ele... mas deveria ter pensado melhor antes de... _E Elisa fungou _Não precisam pôr meu nome no trabalho tá. Faço a segunda chamada. _Elisa levantou arrastando seus cadernos e livros para a bolsa e saiu do refeitório.

_Lisa... _Marta a seguiu. _Lisa por favor... Por favor... Ela é desbocada você sabe mas é uma boa menina ela não fez por mal...

_Martinha eu... _E lágrimas desceram por seu rosto. _Eu...

_Lisa....

_Estou no ápice.... eu estou esgotada...

_Calma.

_Não. Eu não posso ter calma agora! Alex destruiu a minha vida! Me humilhou e agora isso? Acho que não tenho forças...

_Sim você tem garota! Enxuga esse rosto, bate essa poeira e bola pra frente. Não há vergonha nenhuma em ser mulher. Não há vergonha nenhuma no que fez. Você sente desejos e tem fraquezas como qualquer outra mulher no mundo e as mulheres têm os mesmos direitos dos homens. Se sentiu desejo de ir pra cama com ele isso não é da conta de ninguém. E afinal? Porque estamos discutindo? Desde quando a vida pessoal da Elisa deve ser posta em cheque como se ela não fosse dona de si mesma? Chega madame. Você é dona do seu nariz. Deixa o idiota do Pedro engolir o ciúmes dele e deixa o imbecil do Alex morrer sufocado com a arrogância dele. Seja você mesma e ponto final.

Elisa abraçou a amiga e Marta lhe beijou o rosto.

_Agora você vai pra casa. E pode acreditar que o seu nome vai estar no trabalho. Descanse querida.

E descansar era a última coisa que poderia fazer nesse momento. Seguira direto para o shopping onde teria uma entrevista de emprego.

_Você é perfeita.

O senhor de cerca de 50 anos  com sorriso discreto mas trejeitos afeminados lhe mostrou a loja de sapatos. E com certeza... eram os sapatos masculinos mais caros que já vira na vida.

_E quando eu começo?

_Agora mesmo meu doce. Corra. Ponha o uniforme. Já temos clientes chegando. Ah sua beleza atrairá os mais exigentes. Mas por favor amanhã esteja melhor apresentável. Exijo um olho bem feito e batom marcante.

_Ok. _E com um misto de ansiedade pôs o uniforme preto.

Sua tarefa era auxiliar os senhores na escolha de seu sapato caro... tinha um pouco de noção das marcas que os executivos preferiam mas entendia pouco daquilo tudo. Porém nada do que não pudesse aprender...
Difícil era ter que convencê-lo a adaptar o horário. Não era justo trabalhar das 10 da manhã até às 10 da noite. O salário era ótimo e as horas extras eram muito bem remuneradas  mas tinha a faculdade e o mais importante... Hugo. Não podia se propor há uma jornada tão longa assim...

_Eu não vou conseguir... _Lágrimas banhavam seu rosto. _Eu não vou conseguir.

Estava com pensamentos confusos acariciando os cabelos do filho deitado em seu colo... Como as coisas poderiam ser assim tão difíceis? O tempo era a coisa mais preciosa que o ser humano tinha... e como era difícil para uma mãe ter que abrir mão de estar com o filho para trabalhar... como poderia se adaptar a possibilidade de não vê-lo mais durante o dia? De sair cedo de manhã e chegar tarde da noite?

_Me perdoa meu bebê...

E como poderia compensar Marta e Sabrina por cuidarem dele? E como seria se algo de ruim acontecesse? E como lutaria pela guarda de Hugo? Como poderia se quer arranjar tempo para procurar a justiça e dar entrada no divórcio?

_Meu Deus? Por quê?

O som de batidas na porta fez com que arrumasse o filho na caminha e o cobrisse com o cobertor. Deu-lhe um beijo no rosto e seguiu para a porta.

Surpresa? Talvez não. Sabia que agora mais do que nunca tinha um inimigo que como uma fera selvagem iria lhe cercar e lhe caçar no intento insano de estraçalha-la.

_O que faz aqui?

Alex empurrou a porta com agressividade  entrando e passando por ela.

*****

Comenta aí que eu volto de novo kkkk.

COLEÇÃO POR UM SONHO _ A esposa. Where stories live. Discover now