•Capítulo 36•

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Catarina

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Catarina

— As pessoas ficam me dizendo que fui corajosa, se sou tudo isso então, por qual motivo não me sinto assim? — pergunto a psicóloga sentada na minha frente, apesar da sua postura amigável.

Não foi por isso que me encantei por ela, mas sim
quando havia lhe contado toda minha história, ela não me olhou daquele jeito, com pena.

— Catarina quero que me escute atentamente, você é tudo isso e muito mais, fez o que foi preciso, não digo se o que fez foi errado ou certo, mas posso afirmar que você é uma sobrevivente.

— Me sinto horrível o tempo todo, eu o matei — as lágrimas brotam dos meus olhos sem permissão.

— É normal se sentir assim, afinal você perdeu um pai — a mulher de cabelos pretos aperta a minha mão — não se envergonhe da sua história, milhares de mulheres passaram pela mesma experiência, não vou lhe dizer que isso tudo  desaparecerá, mas vai melhora, com o tempo.

— Não quero me sentir assim, porque sinto que tudo isso é minha culpa? — encolho meus ombros querendo me fundir a cadeira.

— É normal, vítimas de violência doméstica se sentirem assim, mas digo, e sempre irei te dizer isso. Não é a sua culpa, nunca é a culpa da vítima.

— Não podia suportar mais. — brinco nervosa com a manga longa da jaqueta. — Vou me sentir melhor algum dia?

— Com o tempo, mas estarei aqui para te ouvir e aconselhar, e não se esqueça você tem seus amigos para te apoiarem também, você não está sozinha.

Não estou sozinha, não mais.

— Pensa que serei capaz de cuidar de Diana? — imaginar minha irmã com minha mãe novamente me dava arrepios.

— Na minha opinião não deveria assumir uma responsabilidade tão grande assim agora, não pense nisso por enquanto.

— Doutora ficarei com minha irmã, não quero que ela cresça supondo que ninguém vai amá-la, ou que se ela desenhar algum desenho feio ninguém vai colocá-lo na geladeira, quero ser a pessoa que vai aos recitais dela — seguro o lenço de papel em minha mão com força — vou levá-la ao médico quando não se sentir bem, contar histórias de dormir, e dizer o quanto a amo todo dia. Quero dar a ela o que nunca tive.

𝑴𝑰𝑺𝑩𝑬𝑯𝑨𝑽𝑰𝑶𝑼𝑹 [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now