Number One

2K 150 18
                                    

"O tempo revela a verdadeira identidade... 

O tempo revela a verdadeira identidade das pessoas. 

E ele não erra."

-Odair Alves de Oliveira

Bianca narrando: 

-Terminar, Diogo? - passei a mão ansiosa por meu cabelo-  Tu vai mesmo terminar comigo no dia do nosso aniversário de namoro? - perguntei por talvez a milésima vez e Diogo olhou para mim com todo seu olhar desgostoso.

-Vou, a gente não está mais dando certo Bianca- diz e eu bufo. - Agora estou cada vez mais famoso e muitas mulheres estão interessadas por mim- diz debochado. - Você sabe que nós somos um amorzinho de adolescência- diz olhando o próprio relógio. 

Pisquei algumas vezes descrente da cena ridícula a qual eu me prestava naquele momento. Eram oito e meio da noite de sexta feira e eu estava toda arrumada em uma saia longa preta fendada e um cropped branco. Eu podia sentir meu coração batendo forte de decepção e raiva do homem a minha frente. 

-São nove anos Diogo. NOVE. - digo irritada com a forma como ele está dizendo todas as coisas.- Meu Deus, como alguém pode deixar a fama subir tanto a cabeça?- pergunto completamente irritada com ele. -Eu nunca pensei que tu fosse esse tipo de pessoa, não é atoa que seus irmãos não te querem na banda- digo com meu choro engasgado. 

-Podemos ir jantar se você quiser- diz e reviro meus olhos. 

-Ah vai se foder -digo irritada. - Sinceramente Diogo, não podia ter terminado comigo antes de eu me arrumar toda?- pergunto e ele dá de ombros. 

O vi afastar-se da entrada do meu prédio e eu não sabia o que fazer, não sabia como agir. Diogo e eu nos conhecemos há exatos 22 anos, quando eu tinha somente quatro e crescemos juntos, na mesma vizinhança e então aos dezessete anos aceitei suas investidas e começamos a namorar. Não posso dizer que seus olhos castanhos e seu sorriso deixaram de mexer comigo durante muitos anos, nós dois éramos praticamente um só ou talvez fossemos só ele. A verdade é que eu não me reconhecia longe do meu namorado e não conseguia acreditar que ele estava terminando com tudo assim, tão... tão friamente. 

Faz alguns meses que a banda de Diogo Melim, o novo queridinho das meninas começou a deslanchar. Eu o vi aprender a cantar e também seus irmãos Gabi e o Rodrigo, mas nunca havia de fato entendido o porque do distanciamento deles, mas ali e agora eu entendia. Diogo falando de forma prepotente e arrogante mostrava um lado dele que por muito tempo tentei não ver, porque vê-lo me doía, doía saber que o garoto a quem amei não estava mais ali, não era mais o mesmo. 

Eu podia sentir as lágrimas em meus olhos, podia sentir meu rosto cada vez mais frio por todo o vento de São Paulo batendo contra minhas bochechas úmidas. Terminados. Nove anos acabados em questão de dois minutos, suspirei virando-me para entrar pela garagem aberta do meu prédio e em um momento de distração não avistei o carro, somente senti um impacto contra meu braço direito e percebi que havia sido o retrovisor.

-EI TÁ DOIDA? - A voz da mulher era assustada enquanto apressada, descia do carro. - Garota, você tem que prestar atenção sabia? Não é possível, isso é uma garagem sabe, carros passam por aqui- diz.

-Olha só.... - comecei incapaz de continuar. 

Por um momento eu parei para admirá-la, eu já a tinha visto algumas vezes no condomínio, na piscina com umas crianças ou até mesmo ali na garagem. Seus olhos verdes e grandes me fitavam com certo questionamento como se tentasse ler se havia me machucado. Suspirei e só então percebi sua mão estendida para que eu levantasse, colei a minha mão na sua ainda sem saber o que dizer, seu cabelo loiro levemente ondulado combinando perfeitamente com sua roupa descontraída. 

Hey StrangerOnde as histórias ganham vida. Descobre agora