Capítulo 13: O Hopper está Vivo

510 28 18
                                    

     Não estamos mais em Hawkins. Hopper batia fortemente com sua picareta, à beira dos trilhos, para quebrar rochas e limpar o caminho. O mesmo pensava em fugir daquele lugar toda a hora, estava casando de ser feito como prisoneiro. Porém, pra onde ele iria? Estava muito longe de Hawkins, na Rússia, onde, mesmo que escapasse, não teria para onde ir.
    O pobre Hopper olhava para um lado: russos. Olhava para o outro: russos. Estava cercado, sem muitas escapatórias. Se é que tem alguma escapatória.

    — Batam com forrça, vocêss parecerem mulherrzinhas — gritou um russo.

     O colega desse russo deu uma gargalhada, e deu um tapinha, de leve, nas costas dele. Um homem, escravo, estava olhando as posições dos guarda. Analisando. Ele começou a correr, repentinamente, tentando fugir daquele local horrendo.

    — Posso? — perguntou o russo para o parceiro.

     Os dois homem estavam em cima de uma guarita, onde vigiavam cada movimento dos prisioneiros. Uma tentativa de fuga, uma morte. Uma rebelião, várias mortes. Assim que funcionava naquele lugar, quem não respeitava morria.

    — Clarro — respondeu o colega.

     O homem que tinha perguntado pegou sua sniper e apoiou na extremidade da guarita. Ouviu-se apenas um "Bang". O tiro foi acertado bem no peito do homem.
     Mesmo com uma bala em seu peito, o homem se arrastou na neve. Ele deixou um rastro enorme de sangue, mas, com muita relutância, se locomoveu dois metros. Porém, não resistiu, pereceu por causa da perda excessiva de sangue.
     Hopper, indignado com a cena que presenciou, tirou sua toca. Ele respeitava aquele homem, era seu amigo. Pobre Willian.

    — Esse é o prreço de quem tenta fugirr — berrou Jordan, o russo mais odiado entre os encarcerados. — Agorra, voltem para as celass, está tarrde.

     Muito triste, Hopper voltou para a sua cela. Ele teve que tomar um banho bem gelado, não por sua vontade; a água do chuveiro que é fria. Depois dele, seu colega de cela, Bruce, tomou banho.
     Ambos sentaram na cama, tirando um minuto de silêncio em pró de Willian. Pobre homem, apesar de seus erros, ele tinha filhos. Matou muitos de seu povo, merecia aquilo. Mas, quem somos nós pra dizer o que as pessoas merecem?

    — Eu falei pra ele não tentar, eu disse — lamentou Bruce.

    — Willian era um cabeça dura — comentou Hopper, soltando um sorriso triste.

     Aquela cela fria e úmida ressaltava a tristeza dos dois amigos, forçando-os a derramar lágrimas. Às vezes, infelizmente, não somos tão forte como pensamos. E também, às vezes, não é errado chorar por quem sentimos falta.
    Bruce saltou da cama ao ouvir uma batida na porta; Hopper, por sua vez, já estava acostumado.

    — Janta — resmungou um soldado russo, que jogou um prato de comida pela abertura embaixo da porta.

    Com calma, Bruce se dirigiu até a porta e apanhou o prato de comida. Aquilo não podia se chamar comida, era uma gororoba. Tinha grãos de arroz queimado, uns pedaços de batata, feijão duro e uma coisa gosmenta que não dava pra identificar.
    Hopper, por um ato de amizade, deixou seu amigo comer primeiro. Ele tinha nojo daquela comida, porém, com muita relutância, aprendeu a suportá-la. Já havia mais de seis meses que Hopper estava alí, encarcerado.

    — Eu queria tanto a minha menininha — murmurou Hopper para Bruce.

    — Você tem uma filha? Não sabia.

    — É, mais ou menos — disse Hopper, sorrindo, com saudades.

     Eleven acordou. O Hopper está vivo! Ela sabia que era real, não era só um sonho. É real! Ela podia sentir isso.

    — Ele tá vivo — murmurou para a escuridão do quarto. Ele tá vivo.

    El acendeu a lanterna que, toda a noite, ela deixava ao lado de sua cama. Com a tênue luz da pequena lanterna iluminando os cantos sombrios do quarto, ela se levantou. Abriu a porta de seu quarto e, sem fazer um barulho, foi para a sala. Focou a luz no sofá, na televisão e, por fim, no rádio.
    Pegou o rádio e voltou para o seu quarto. Com o pequeno rádio à pilha, um pouco surrado pelo tempo, ligado e fora de estação, El desligou a lanterna. Ela não precisava de venda, o quarto já proporcionava um lugar escuro e silencioso.
    Sem muitas dificuldades, El chegou ao lugar que é lugar nenhum e todos os lugares ao mesmo tempo. A garota conseguia sentir a água sob seus pés... Não lembrava de ser tão gelada. Foco, Eleven!
    Sim, ela conseguiu. A garota estava vendo Hopper, queria tanto tocá-lo, abraçá-lo, mas não conseguia. Vendo Hopper, não sozinho, mas acompanhado por um homem que parecia bom, ela se sentiu feliz. Estou indo te buscar, papai.

Mileven❤(+St4) (Concluída)Where stories live. Discover now