Capítulo 15: O Resgate

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     Eleven e Jack, com roupas grossas de inverno, já estavam preparados para enfrentar os russos e o impetuoso frio. Jack com um enorme casaco de lã, que pegou "emprestado com Jonathan", e El com um sobretudo rosa feminino, junto com uma touca branca de lã. 
     El, sentindo-se animada, deu uma revisada rápida em sua mochila. Lanternas ok; pilhas extras ok; comida ok; água ok. Jack, sem ânimo para carregar coisas, se limitou a levar apenas uma barra de chocolate no bolso.
     Pollo, para não cair em mãos erradas, optou em ficar com Will e esperar os dois voltarem.

     — Está pronta? — perguntou Jack, que forçou um rápido sorriso

    — Sim — gritou El.

     Will, assustado com o grito, deu dois passos para trás e sentou no sofá. Eleven se aproximou de Jack, fazendo o pequeno Byers sentir um leve desconforto. Ela, com os olhos fechados, tocou na testa de Jack.

    — Veja o que eu vejo — sussurou.

     E ele viu; ele viu imagens, memórias, tudo passando rapidamente para o seu cérebro. Cada momento, cada lugar, mostrados por Eleven, pareciam ter virado lembranças para Jack. E, agora, ele sabia para onde deveria ir.
     De repente, antes que pudessem se despedir, eles viajaram direto através do espaço. O cenário, que eles agora presenciavam, era outro. As paredes, do que parecia uma prisão, estavam úmidas e geladas. As celas daquele lugar tinham enormes barras de metal revestidas com mais e mais metal. A iluminação era péssima, tudo parecia escuro e sombrio, as lâmpadas eram demasiadamente fracas.

    — Me segue, eu sei onde ele está — falou El, com a voz baixa e trêmula.

    — Eu também, você me mostrou — disse Jack.

     Os dois começaram a andar, dobraram um corredor mais frio e escuro do que o anterior, e fizeram uma pausa. Um som de botas batendo no chão veio do corredor a seguir... e ficou cada vez mais alto, alguém estava se aproximando. De repente, quando os dois foram tentar se esconder, surgiu um soldado das sombras. Ele era assustador, tinha uma barba grande, e media quase dois metros de altura.
     O soldado, ao ver eles, empunhou sua arma, focou o feixe de luz - da metralhadora - na cara deles; e disse:

     — Crianças, o que vocês estão...

     Antes dele terminar, El jogou ele contra a parede. Deu pra ouvir claramente o som de ossos quebrando; e um baque, quase inaudível, quando ele caiu no chão - culpa da roupa volumosa. Um sangue tão vermelho, igual a um poche de baile de escola, escorreu da cabeça dele.
     Jack, surpreso com o desempenho de El, deu um rápido tapinha nas costa dela. Então, com grande esforço, eles esconderam o corpo em uma cela vazia. Eleven, com sede, tomou um grande gole de água da garrafa; e passou para Jack, que bebeu metade. Preparados, eles avançaram mais um corredor, dobraram outro, e encontraram a cela de Hopper.

    — Preparada? — perguntou Jack.

     A garota, ansiosa, assentiu com a cabeça. Jack abriu a janela da porta, revelando o interior da cela. El, sentindo-se esperançosa, inclinou seu corpo para frente e pôs a cara na janela. E, para sua tristeza, Hopper não estava lá.

    — Cadê ele? — falou ela, e começou a chorar.

     O choro foi o bastante para acordar Bruce, que estava num sono pesado. Ele, com curiosidade, foi até a porta para ver o que estava acontecendo.

    — Cadê ele?! — gritou El.

     Bruce, rapidamente, levou seu dedo indicador à boca, pedindo que fizesse silêncio.

    — Você está falando do Hopper? — sussurrou ele.

    — Sim — falou Eleven, num tom neutro.

     A afeição de Bruce mudou para uma triste, ele passou a mão na nuca, pensando no que dizer para a garota. Por fim, ele suspirou e disse:

    — Os russos levaram ele para um monstro, eu sei que parece mentira... mas é verdade. A criatura tem tipo uma... como posso dizer? Uma flor na cabeça e...

    — Demogorgon! — gritou El mais uma vez.

    — Fica quieta, menina! — falou Bruce no tom de voz normal. — O monstro fica no andar de cima, bem em acima de nós.

     Era as palavras que El queria ouvir. Ela estourou a fechadura da enorme porta de aço; e disse:

    — Me leva até lá!

    — Não dá, há vários russos — argumentou ele.

    — Não se preocupe com isso, só confie em mim — sussurrou ela.

     Então os três começaram correr. Os russos que vinham pela frente eram derrubados, pelo poderes de El, como se fossem pinos de boliche. "Pinos de boliche" sendo derrubados pelo poder da mente! Deixando vários corpos pelo caminho, ela chegou na sala onde Hopper estava. Por um triz ele não foi devorado.
     Ela jogou o Demogorgon contra a parede, mas não o matou. El, naquele momento, não tinha a força necessária. Sem tempo para conversas, Jack transportou todo mundo, sãos e salvos, para a casa dos Byers.
     A seção de abraços começou.

    — El, minha garotinha, eu te amo tanto — disse Hopper, abraçado a ela.

    — Nunca mais q-quero te perder, pa-pai — falou El, quase engasgada com o choro de felicidade.

Mileven❤(+St4) (Concluída)Where stories live. Discover now