Briga de Juízos

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Camila Cabello.

A escuridão do local me assustava. Apesar de a cada dez metros ter um poste, a claridade que eles provocavam no chão não passavam de círculos com raios de no máximo um metro.

Apertei o copo de café que estava em minha mão. Apesar de assustada eu sabia que a First Avenue não estava tão longe.

Três quadras andando.

Onde eu estava com a cabeça quando neguei todas as caronas que haviam me oferecido?

Fechei os olhos por alguns segundos.

Meus pés literalmente me matavam. O salto que eu havia escolhido, machucava minha pele, e eu tinha certeza que a mesma já estava em carne viva. Mas eu não queria tirar os sapatos porquê da última vez que havia feito aquilo, um caco de vidro havia me cortado a sola do pé.

Inferno.

E pensar que tudo isso havia sido causado pelo desespero que eu senti ao vê-lo na festa.

Com medo que ele me seguisse, assim que sai do evento busquei no Google a cafeteria vinte e quatro horas mais próxima, e enrolei lá por quase uma hora. Inclusive, a cafeína que continha a bebida em minha mão era o único motivo de eu ainda estar de pé, sendo torturada pelos sapatos de vinte dólares de loja de departamento.

Alguns metros à frente, vi um grupo de homens sentados na escadaria de um prédio qualquer. Quando eu passei, eles me deram boa noite, e não mexeram comigo. Eu me contentei em acenar com a cabeça e apertar o passo, grudando meu casaco contra o corpo. Apesar de não terem falado ou tentado alguma "gracinha", isso não significava que ninguém iria.

E acredite, você não quer ser uma mulher sozinha nas ruas de Nova Iorque as três da manhã.

Talvez em lugar nenhum.

A única coisa que eu conseguia pensar — e que de certa forma me deixava mais calma — era que já era sábado. E que eu poderia me dar o luxo de dormir até as dez da manhã se quisesse. Sem atrasos; broncas da Jauregui; ou choros.

Apenas Apollo, eu e um saco de salgadinho no sofá, assistindo Talk Shows.

Bom demais para parecer real.

Meu celular vibrou no bolso do casaco, mas eu não me atrevi a retira-lo para verificar sobre o que se tratava.

Ao invés disso, espalmei ainda mais as mãos no copo com mocha na intenção de que ele aquecesse as palmas gélidas.

A madrugada fria fazia com que uma fumaça esbranquiçada e fina saísse de meu nariz a cada expiração que eu dava.

Mas tudo bem.

Em alguns minutos eu estaria dentro de um táxi indo pra casa dormir na minha cama quente e confortável. E o melhor de tudo, retiraria os malditos saltos.

Depois de mais três minutos de um caminho silencioso ouvi um carro se aproximando. Olhei por cima do ombro, vendo uma Land Rover preta desacelerando lentamente, acompanhando meu andar.

Trinquei o maxilar e dobrei a esquina, na esperança que o carro seguisse um caminho diferente. Quando isso não aconteceu eu paralisei pelo medo e me virei devagar, o veículo parou ao meu lado e o vidro da porta traseira se abaixou revelando uma Elisabeth sorridente.

— Camila! Por um momento pensei que não fosse você — Ela estava visivelmente bêbada.

Porra, que susto.

— Elisabeth, costuma seguir as pessoas a noite com um carro suspeito? — Questionei aliviada, enquanto me aproximava do automóvel.

— Só as minhas melhores modelos — Falou trôpega apontando com o dedo pra mim. O hálito de vodca era forte — Pra onde está indo docinho?

Breakaway (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora