Vinte e sete

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Vocês estão prontas crianças?

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Os fortes raios de sol atingiam-lhes em cheio. Era aproximadamente meio dia quando chegaram em San Diego, Califórnia, e Rafaella desceu do caminhão junto com as meninas. Manu chorava baixinho abraçada à Lua enquanto as outras se despediam de Bianca. 

Estavam encostadas na beira de uma estrada de um bairro pequeno, pois Rafaella insistiu em deixar Bianca o mais próximo possível de seu destino.

-- Comprei uma coisa enquanto você estava no hospital... -- Marcela disse após se separar do abraço com Bianca, remexendo em seu bolso em busca de algo. Quando encontrou, estendeu a coleira rosa para Bianca, fazendo a mesma sorrir. Estava escrito Luna e a menor se comoveu com o gesto. -- Eu sei que é sem N, mas você precisa considerar a ideia de ser com, fica mais chique. -- Bianca riu no momento seguinte, voltando a abraçar Marcela.

-- Obrigada, Marcela! De verdade. -- Ela disse ao separar-se da maior. -- Viu, bebê? A tia Marcela comprou um presente para você. -- Bianca disse para sua gata, que ainda estava no colo de Manu, mas a olhou como se entendesse tudo o que lhe havia sido dito.

-- É melhor que você leve a ração que compramos. -- Gizelly disse, entregando o saquinho com o conteúdo da comida da gata. -- Não nos terá serventia. -- Bianca assentiu e agarrou o conteúdo, abraçando Gizelly. Não era drama ou falsidade, as garotas realmente haviam se apegado, afinal, foram quase treze dias juntas o tempo inteiro. Com Rafaella havia sido mais tempo ainda, pois dormiam no mesmo cubículo e por vezes matavam o tempo conversando ou transando depois que as meninas iam dormir. Vinte e quatro horas por dia, durante quase treze dias, realmente não era difícil se apegar.

-- Obrigada pelo vestido, Manu. -- Bianca disse olhando para a baixinha, vendo a loira dar um último abraço na gata cinza antes de colocá-la no chão, finalmente, pois havia passado a manhã inteira com o bicho no colo.

-- Não me agradeça. Ficou melhor em você, de qualquer forma. -- Manu disse indo em direção à garota. -- Vê se você se cuida, hm? -- Pediu com sinceridade.

-- Digo o mesmo para vocês. -- Ela disse, olhando para trás a procura de alguém. Rafaella estava encostada próxima à roda do caminhão quando Bianca lhe encontrou. -- E cuide desta rabugenta. -- Bianca brincou, fazendo todas rirem, inclusive Rafaella.

-- Bem, vamos dar alguma privacidade a vocês. -- Manu disse, beliscando o braço de Gizelly e Marcela que tinham lágrimas em seus olhos só de verem o jeito como Bianca e Rafaella haviam se olhado. As três garotas entraram no caminhão e Bianca se aproximou de Rafaella, colocando as coisas que tinha na mão no chão, o que não era muito: A ração, a coleira nova de Lua e a sacola de lingeries que Rafaella havia lhe comprado.

-- É... -- Bianca murmurou balançando a cabeça lentamente. Rafaella bufou em frustração e puxou Bianca para um abraço apertado, guardando em sua memória o delicioso cheiro da pele de Bianca. A menor estava prestes a envolver seus braços ao redor de Rafaella, contudo, franziu o cenho ao sentir a maior lhe passar um pedaço de papel para sua mão e se afastou do corpo da maior. -- O que...

-- Eu sei que talvez você nunca ligue. -- Rafaella disse esfregando a nuca envergonhada. -- Mas aí está o meu número de telefone. Eu não estou com ele nesta
viagem e, bem, você tampouco tem um e por isso eu não pude te pedir o número, mas gosto de pensar que a minha parte eu fiz.

-- Será que ganho um último beijo? -- Bianca perguntou, guardando com carinho o papel junto às suas coisas no chão. Rafaella sorriu fraco e assentiu, vendo Bianca se aproximar e colocar seu boné preferido com a aba para trás em sua cabeça. -- Assim não me machuco. -- A menor disse rindo, se encostando totalmente no corpo de Rafaella e encostando seus lábios nos dela.

Rafaella, no mesmo momento, se entregou ao beijo, levando suas mãos até a cintura da menor para colar mais os corpos e enfim enlaçar totalmente seus braços ao redor de Bianca. As línguas eram lentas, como se desejassem parar o tempo; como se soubessem que era a última vez que se tocariam.

-- Eu vou morrer de saudades. -- Bianca confessou sem pudor, dando um demorado selinho em Rafaella e encostando sua testa na de Rafaella.

-- Meu caminhão também irá sentir sua falta. -- Rafaella disse, levando um tapa no braço antes de rir. -- Boba, é claro que eu também sentirei a sua falta.

-- Te conhecer foi uma das coisas mais lindas que me aconteceram na vida. -- A menor disse tristemente, levando uma mão ao rosto de Rafaella e acariciando o lugar. -- Se cuida, minha caminhoneira.

-- Faça o mesmo, morena. -- Rafaella disse, sentindo Bianca suspirar pesadamente e tocar seus lábios nos dela outra vez, para então se afastar.

-- Vamos, Luete. -- Bianca disse para a gata, que se levantou no mesmo momento, pois estava sentada. A garota se abaixou e pegou suas coisas.

-- Hey... Bianca! -- Rafaella chamou, fazendo a garota olhar para trás. A maior se aproximou dela e retirou seu boné da cabeça, o colocando na cabeça da menor. -- Para nunca se esquecer de mim.

-- Rafaella...

-- Nem pense em negar. Eu realmente quero que fique com ele. -- Ela disse e Bianca engoliu em seco, se inclinando e dando mais um beijo em Rafaella. Uma mão da maior foi até o rosto da menor apenas para enxugar uma lágrima solitária.

-- Faça o que precisa fazer! -- Bianca disse com a voz embargada, se afastando de Rafaella e respirando fundo.

-- Espero um dia te encontrar por aí. -- Rafaella disse, caminhando até o outro lado do caminhão e entrando nele. A bozina foi um último "tchau" antes do caminhão começar a se locomover. Bianca sentiu mais lágrimas rolarem por sua face e sentiu Lua se esfregar
em sua perna como se a consolasse.

-- Eu também espero. -- Sussurrou baixinho, ajeitando o boné em sua cabeça e começando a caminhar para longe, mas uma coisa era certa: Não importava o quão longe ela fosse, Rafaella sempre estaria por perto, em seu coração.

Destino Incerto | Rabia.Donde viven las historias. Descúbrelo ahora