Barcelona

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Passei uma semana maravilhosa passeando por todos os cantos da Espanha.

As pequenas vilas onde todas as ruas eram de paralelepípedos eram as minhas favoritas.

Eu tinha tirado tantas fotos, de cada detalhezinho que a memória do meu celular não aguentava mais.

A barriga cantava feliz todos os dias. Cada dia eu experimentava algo novo (ou normal, mas com um nome ou formato diferente).

Era churros.

Era tortilhas.

Era ovo recheado (eu nem sabia que isso era possível).

Era tudo de bom.

Ao dias passavam perfeitamente bem até hoje a noite. Tínhamos chego à Barcelona na noite anterior e passado o dia visitando alguns pontos turísticos (ou seja, a cidade inteira, cada esquina era mais impressionante que a outra).

Todos estavam cansados de andar, não era nem sete horas da noite e até a Vi (que normalmente dorme tarde e acorda mais tarde ainda) estava largada na cama num sono tranquilo.

Eu tinha sido a última a tomar banho e estava mexendo no celular (postando MUUUUITAS fotos no Instagram) quando recebi um email.

Era da última empresa que eu tinha feito entrevista. Eu estava confiante. Tinha passado em todas etapas online. Eles tinham gostado do meu vídeo. Tinham gostado da minha ideia para um novo produto (esse era o desafio do ano) e também tinham gostado do meu currículo. Quando me chamaram para a entrevista a duas semanas atrás, eu estava toda contente.

Eles tinham dito que os resultados iam sair logo. Eram só mais 5 canditados para eles avaliarem.

Eu esperei.

Todos os dias abria o email e nada. Guardava aquela vitória só para mim - não queria contar para ninguém, não aguentava mais ter que responder para amigos, família e colegas que eu não tinha passado. (Em nada. Nenhum. Nem umzinho)

E ali estava a resposta.

A mesma mensagem pronta de sempre:

Obrigado pela participação no nosso processo seletivo. Infelizmente outro candidato se encaixou melhor no perfil que desejávamos, mas adicionaremos o deu currículo ao nosso banco de dados.

Era isso. Eu não iria conseguir um estágio.

Algum dia iria me formar? De que adiantava estudar tanto se no fim não conseguia entrar em nenhuma vaga?

Aquele quarto de hotel de repente pareceu pequeno demais. Eu não conseguia respirar.

Peguei o meu cartão do quarto e meu celular e sai, nem ao menos troquei o meu pijama de abelhas tocando violino.

Barcelona era cheia de vida a noite mas eu só queria fugir dali.

De todas aquelas pessoas alegres.

Andei sem rumo até encontrar um ponte vazia. O Google Maps que se virasse para me mostrar o caminho de volta ao hotel depois.

Olhei para o céu sem estrelas e finalmente permiti que as lágrimas rolassem pelo meu rosto. Até quando eu iria ter que aguentar aquilo?

Será que todos sofriam tanto para arrajar um estágio ou trabalho?

E ao mesmo eu sentia uma vergonha fe mim mesma. Aquilo não era motivo para chorar, tinha gente no mundo em situações tão piores do que a minha. Eu tinha família. Estudava. Tinha amigos. Casa. Comida. Pessoas que me amavam.

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