Capítulo 18

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   Romulus percorreria a trilha da floresta, seguindo o Wokable, o qual
caminhava com um andar estranho, envolto em seu manto verde incandescente. Ele ia saltitando pela floresta, muito rápido, era muito difícil segui-lo. Se havia algo do qual Romulus desconfiava ainda mais do que aquele Wokable, era aquele lugar, a Floresta Chamuscada, a qual ele sempre evitava a todo custo, dada a sua reputação. As árvores ali eram baixas e largas, seus galhos retorcidos se espalhavam sobre a trilha em todas as direções e elas estavam vivas de uma forma bem diferente das outras árvores. Romulus tinha ouvido dizer que muitos homens tinham sido engolidos inteiros por elas. Ele olhava para todos os lados cautelosamente, ele via pequenas fileiras de dentes incrustadas em alguns dos troncos, elas se abriam e fechavam preguiçosamente.

   Ele apressou o passo.

   A Floresta era um lugar de trevas e escuridão e à medida que ela ficava mais espessa, o bosque se transformava em um denso emaranhado de galhos e
espinhos. Era um lugar permeado por um nevoeiro e infestado de coisas
malignas; um lugar ao qual alguém ia apenas quando queria o veneno indicado para assassinar alguém, ou quando precisava da poção certa para colocar uma maldição.

   Agora Romulus precisava daquele lugar, por mais que ele desejasse evitá-lo. Durante toda a sua vida ele havia se apoiado em sua força, em suas habilidades para a batalha, porém agora ele não precisava de força. Ele estava lutando em um novo reino, o reino da política e da traição sutil, um reino em que a espada por si só não poderia matar seu oponente. Ele precisava de uma arma superior a
uma espada. Ele precisava de uma vantagem sobre todos eles. E a chave se encontrava no interior daquela floresta torcida.

   Durante anos, Romulus tinha estado embarcado em sua própria missão
secreta, em uma caça a uma arma lendária, da qual se dizia que tinha o poder de desativar o Escudo. Claro, manter a Espada do Destino no Império teria sido a opção mais simples; mas isso já estava fora de questão agora. Romulus teve de recorrer mais uma vez à arma. Durante anos, ele tinha sido seguido os rumores de sua existência, seguido trilhas aqui e ali, apenas para descobrir mais uma pista falsa.

   Desta vez, ele sentia que seria diferente. Desta vez, a pista veio após a tortura e assassinato de uma longa sequência de pessoas, até que o rastro tinha finalmente levado a aquele Wokable. Ele não poderia ter vindo em melhor hora. Se Romulus não encontrasse a arma, o Grande Conselho, ou Andronicus iria
matá-lo. Mas se ele realmente tivesse a arma para desativar o Escudo, ele seria invencível. Os outros se uniriam a ele e não haveria mais nada para impedi-lo de governar o Império.

   Eles deram voltas e desceram por mais uma trilha, através de um
emaranhado de espinhos, enquanto a névoa ficava cada vez mais espessa. O
Wokable colocou suas luvas para proteger seus longos dedos dos espinhos, elas eram enormes. Já Romulus quebrava os espinhos com as próprias mãos. Ele sentia os espinhos perfurando sua pele e fazendo-o sangrar, mas ele não se importava; ele realmente gostava da dor.

   Eles cortavam os arbustos espinhosos e abriam caminho através da floresta e justo quando Romulus estava começando a se perguntar se aquele Wokable não o estaria levando pelo caminho errado, o caminho finalmente se abriu em uma pequena clareira.

   Ali estava um pequeno monte coberto de grama, ele talvez tivesse três metros de altura, era um monte feito totalmente de terra. Em seu centro havia uma porta arqueada e baixa quase imperceptível detrás da grama crescida. Não havia janelas e nem outra porta de entrada. Ele parecia uma cúpula de terra.

   Romulus fez uma pausa ao sentir a malignidade que provinha de detrás da porta.

   O Wokable se virou e olhou para ele com os quatro olhos de sua cara chata e amarela, ele fazia um barulho estranho, como se estivesse ronronando de satisfação, isso deixou Romulus nervoso. O Wokable sorriu, mostrando suas centenas de minúsculos dentes afiados.

Um Rito de EspadasWhere stories live. Discover now