Capítulo 21

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   Gwendolyn caminhava apressada pelos corredores do castelo, recuperandose do seu encontro com seu tio, ponderando o que fazer. Ela não era a mesma Gwendolyn que havia sido, antes de ser atacada por Andronicus. Ela havia sido endurecida pelo mundo e tinha tomado o pior que ele poderia dar a ela, Gwen já não temia mais as ameaças dos homens. Ela havia enfrentado Tirus desafiadoramente e estava decidida a cumprir cada palavra que tinha dito. Gwen estava preparada para lutar até a morte e cansada de correr do perigo, do medo dos homens. Ela queria defender sua posição e sabia que era isso o que os seus homens também queriam.

   Mas ao mesmo tempo, ela também sentia oprimida pela culpa sabendo que ela era não somente governante das forças armadas, mas também a rainha do povo. Os cidadãos também dependiam dela. As forças de Tirus eram superiores as dela, os homens dele estavam mais bem armados e mais descansados. Eles tinham sabiamente permanecido fora da invasão de Andronicus, nas Ilhas Superiores. Tinham escolhido o momento perfeito: agora eles chegavam bem alimentados, bem armados, prontos para causar estragos em uma cidade sitiada
e arruinada. Esse era seu tio: oportunista ao máximo. Ele não a surpreendia; ele havia esperando a vida inteira por uma chance de se apoderar do trono de seu irmão e tinha encontrado a oportunidade justo quando os filhos de seu irmão
estavam mais vulneráveis.

   Gwendolyn precisava discutir tudo isso com alguém, alguém que não
pertencesse ao seu conselho regular de assuntos militares, alguém politicamente astuto e experiente nos assuntos dos homens. Enquanto marchava pelos corredores Gwen, curiosamente, encontrou-se desejando falar com sua mãe, a ex-rainha. Ela queria ter uma visão do homem que era seu tio e que afinal, era o
cunhado da ex-rainha. Ela não necessariamente queria ouvir um conselho; ela só queria alguém com quem pudesse trocar ideias. Desde que Gwendolyn ficou mais forte e mais aguerrida, de uma forma estranha, ela começou a se sentir cada vez mais ligada a sua mãe.

   Ao ver Gwendolyn aproximar-se, os servos fizeram uma reverência e
abriram as portas do quarto de sua mãe para ela. Gwen entrou e encontrou a ex-rainha sentada ali em frente de sua pequena mesa, jogando um jogo de xadrez solitário, como ela sempre fazia. Isso lhe trouxe lembranças de quando Gwen jogava com ela. Agora, sua mãe era uma mulher solitária, amargurada e fria, ela não aceitava a companhia de ninguém, apenas a do jogo.

   Perto da ex-rainha, se encontrava sua velha e confiável serva, Hafold, quem
nunca parecia estar longe.

   Quando Gwendolyn entrou na sala, sua mãe virou-se e olhou para ela. Gwen ficou surpresa, já que sua mãe geralmente a ignorava. Agora, sua mãe
realmente olhava para ela com um sentimento de respeito, totalmente novo.

   “Deixe-nos a sós.” Sua mãe ordenou a Hafold. A diferença dos tempos
passados, desta vez Hafold curvou-se e saiu rapidamente. Ambas agora
demonstravam ter por Gwen um respeito que ela nunca tinha recebido antes. Era como se sua mãe olhasse para ela com outros olhos.

   A porta fechou-se atrás dela, Gwendolyn ficou ali e enfrentou a mãe sozinha.

   “Por favor, sente-se comigo.”

   “Eu não pretendo jogar.” Disse Gwendolyn.

   A mãe abanou a cabeça.

   “Não precisamos jogar. Apenas sente-se. Como costumávamos fazer.”

   Gwendolyn veio e sentou-se frente a frente com a mãe, ao lado da pequena
mesa de xadrez. Ela olhou para baixo e estudou as peças ornamentadas, as
pequenas figuras militares vestidas com túnicas pretas e brancas que
empunhavam armas mágicas.
Gwendoly n suspirou e olhou pela janela.

   “Eu tive o prazer de ouvir de seu retorno da Torre.” Disse a mãe. “Eu não estava feliz com a ideia de que você ficasse recluída. Você é parte do mundo e precisa estar nele.”

Um Rito de EspadasWhere stories live. Discover now