Capítulo 23

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   Gwendolyn estava no parapeito superior do castelo de Srog, ela olhava para a névoa serpenteante que circulava em rajadas intensas e envolvia as legiões de homens que estavam abaixo, dentro das muralhas. Do lado de fora das muralhas se encontrava a legião dos homens de Tirus, acampados como uma praga,
ganhando tempo. Ela sabia que quando o dia amanhecesse, todos teriam uma
batalha em suas mãos. Se eles escolheriam ou não lutar por sua independência, essa já não era uma pergunta em sua mente; agora a questão que permanecia era como eles escolheriam lutar.

   Gwendolyn estava acompanhada por Srog, Kendrick, Brom, Atme e todos os
seus generais, além de Godfrey, Reece e vários membros do Exército Prata. A
pequena comitiva caminhava pelo parapeito e olhava para fora junto com Gwen. Todos agora estavam concentrados nos preparativos para a batalha que teriam de enfrentar. O estômago de Gwendolyn dava voltas. Ela não tinha medo da batalha;
o que a incomodava era a ideia de matar seu próprio povo, especialmente quando muitos dos homens de Andronicus ainda permaneciam dentro do Anel. Afinal de contas, por mais que os outros MacGils fossem detestáveis, eles eram pessoas de seu próprio sangue, primos que outrora tinham sido amigos dela. Em um momento como aquele, todos eles deveriam estar unidos.

   Mas que opção ela tinha? Eles a haviam forçado àquela situação e agora era viver livres ou morrer. E a liberdade e a honra eram mais importantes para ela — e para todos eles — do que a vida.

   Gwendolyn olhou para baixo e viu uma comoção dentro dos portões: um
grupo de seus assistentes parecia estar discutindo com um visitante recém-chegado. Ela se inclinou sobre a borda e olhou atentamente, ela olhou novamente tentando entender o que sucedia. Ela reconheceu o homem que estava desmontando do cavalo: ele era baixo e corcunda e carregava consigo um arco de grandes dimensões. Ela conhecia aquela silhueta de algum lugar.

   Não era possível. Será que Steffen tinha conseguido voltar para Silésia? Será que seus olhos a estariam enganando?

   De repente ouviu-se uma comoção na entrada dos parapeitos, Gwen virou-se
e viu o chefe dos assistentes correndo até ela.

   “Majestade.” Disse o homem, ele estava agitado e transpirava muito. “Há uma confusão nos portões. Temos um recém-chegado que afirma que a
conhece; claro que, dada sua aparência, eu suponho que isso é mentira, portanto nós estamos nos preparando para levá-lo para as masmorras.”

   O rosto de Gwendolyn corou de vergonha. Ela olhou para baixo e viu Steffen sendo levado para longe do castelo principal, em direção ao calabouço. Ela podia ver o olhar de choque e vergonha no rosto dele.

   “Tragam-no imediatamente.” Ela ordenou firmemente.

   Os olhos do chefe dos assistentes se arregalaram de surpresa. “Vossa
Majestade o conhece?”

   “Tão bem como eu conheço a mim mesma. Seu nome é Steffen e você deve tratá-lo com a maior honra e respeito. Se não fosse por ele, eu estaria morta
hoje. Ele é a minha mão direita e a ele devem ser concedidos todos os privilégios que este reino tem a oferecer. Vá até ele de uma vez!” Disse ela, erguendo a voz.

   Os olhos dele se arregalaram de surpresa, ele se curvou virou-se e correu de volta para dentro.

   Gwen ouviu os passos do atendente ecoando e ela sabia pelo medo nos olhos dele, que ele obedeceria suas ordens imediatamente.

   Gwen olhou para baixo e viu-o correr pelo pátio em direção ao grupo de
assistentes. Ela viu quando ele parou diante deles e viu também como eles
olharam para o homem, confusos e amedrontados. Logo depois os atendentes se curvaram diante de Steffen e se desculparam. Gwen observava com satisfação como a postura de Steffen estava um pouco mais erguida. Logo depois ele foi
levado para o interior do castelo.

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