Capítulo 01

13 4 0
                                    

- Carina! – escutar meu nome me trouxe de volta a realidade, tudo o que eu menos queria. Olho ao redor na sala, tentando perceber quem falava comigo – Carina! – Paloma, uma das minhas mais antigas amigas, me cumprimenta, sentando ao meu lado. – Eu quase não acreditei quando ouvi as novidades! Você deve estar muito feliz!

- Resplandecente – digo, usando uma palavra complica, para tentar realmente parecer feliz.

- Me conte tudo! Aposto que sua mãe quase desmaiou! – Paloma ria e falava animadamente. Ela estava absolutamente mais feliz do que eu. – Deixe-me ver esse anel! – Não pediu permissão e pegou a minha mão, onde, desde a noite anterior, um enorme anel ocupava meu dedo anelar.

Olhei também para o anel.

Aquele anel representava, de um jeito estranho, toda a minha vida. Desde que meus pais se conhecerem, eles planejaram a vida perfeita: casamento aos 24, um ano após a formatura de ambos; primeiro filho aos 26, um menino como primogênito, também conhecido como Victor, meu irmão; segundo filho aos 28, uma menina delicada e amável, a filha perfeita, eu.

Victor se casaria cedo, com alguma moça de respeito, inteligente, que pudesse ajudar ele a conduzir os negócios da família, quando meu pai passasse a presidência da empresa para ele, alguém que se comparassem com a minha mãe. Então, quando Victor apresentou Vanessa aos meus pais, eles morreram de amores pela garota e ela realmente é tudo isso. Vanessa é a garota dos sonhos dos meus pais, de Victor, e não posso negar que minha também. Minha cunhada é uma pessoa maravilhosa. Juntos, eles tem mais uma parte dos sonhos dos meus pais, meu sobrinho, Thomaz.

Já pra mim, os planos dos meus país eram diferentes. Eu cursaria uma boa faculdade, na área de escolha deles, que acabou sendo Direito, afinal isso me possibilitava ter a minha própria carreira, mas se necessário ainda poderia trabalhar na empresa da família. Estaria formada e pós-graduada nos meus 25 anos, aonde eu conheceria o amor da minha vida, com quem noivaria um ano depois. Aí entra Adrian, meu noivo.

Ainda é estranho pensar em Adrian como meu noivo, como meu futuro marido. Acho que o estranho é pensar que nós dois demos certo.

Conheci Adrian durante toda a minha vida, nos implicávamos desde pequenos, já que nossos pais eram do mesmo circulo de amizade. Ai, você deve estar se pensando, que clichê! Ela se apaixonou pelo menino que odiava na infância!

É, clichê! Mais acho que clichê é outra palavra para algo certo, não é?

Claro, que como tudo na minha vida, esse clichê era fortemente planejado pelos meus pais. Então imagine só a cara da minha mãe quando, ontem a noite, no meu aniversário de 26 anos, Adrian, filho de uma das famílias mais influentes de Londres, assim como eu, se ajoelhou e abriu uma caixinha vermelha, com um enorme anel de diamante, pedindo para casar comigo.

- É, ela quase desmaiou! – respondo a Paloma, com uma risada.

- Foi como a gente sonhou? – Paloma era outra certeza na minha vida. Filha da melhor amiga da minha mãe, convivemos tanto que seria estranho se não fossemos melhores amigas. Temos poucos meses de diferença, mas fomos criadas como irmãs gêmeas, ligadas por um elo que existia antes da gente nascer. Passamos noites e mais noites sonhando com príncipes encantados, carruagens de abóboras e sapatinhos de cristal. Passamos também muitas noites revendo Cinderela, já que era o filme favorito de Paloma. Acho que meus pais nunca planejaram que eu tivesse um filme favorito, então eu não tinha. – Ele se ajoelhou e declarou todo o seu amor por você, fazendo você rir com a declaração, chorar e ter a certeza que é ele o cara certo? – Sim, Paloma parece uma adolescente.

- Não exatamente – disse, rindo do ar sonhador dela. – Estávamos jantando, todos nós, lá em casa...

- Todos quem? Carina eu quero detalhes! – Paloma exigiu.

IncertezasWhere stories live. Discover now