Capítulo 03

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O carro para na porta do restaurante na hora exata marcada. Sei que quando entrar, não vou precisar olhar ao redor ou procurar Adrian, eu sei exatamente em que mesa ele estará e posso até prever o que ele está fazendo. Ele deve ter chegado exatos cinco minutos antes do horário combinado, está sentado na mesa mais ao centro do restaurante, onde todos possam nos ver. Já deve ter perdido um copo de whisky para si mesmo e uma taça de vinho branco para mim, além de já ter provavelmente pedido nossos pratos de almoço, seguindo a sugestão do chefe do dia.

- Vocês vão entrar? – pergunto aos meus seguranças, ambos sentados no banco da frente do carro.

- Há! – Woodwork solta meia risada e leva um cutucão de Félix.

- Não, senhorita – Félix me responde.

- Carina – corrijo o grandalhão. – Porque não? Já almoçaram?

- Não, senhorita... – o grandalhão responde, um tanto quanto sem jeito.

- Carina – corrijo novamente – Então entrem, esse restaurante é maravilhoso! – falo, animadamente.

- Não é como se tivéssemos dinheiro para pagar a conta, Gatsby – é Woodwork quem resmunga, levando uma verdadeira fuzilada de Félix.

- Ah – comento, pega de surpresa um momento. – Pois podem vir comigo! Vou pagar o almoço de vocês!

- Não é necessário, senhorita...

- Carina! – corrijo Félix novamente antes mesmo dele terminar. – E eu não estou pedindo, estou mandando! – não deixo chance para eles retrucarem, saindo do carro. Vejo que os dois, a mal gosto, me acompanham.

Passo na recepção e peço que a moça coloque minhas duas sombras em uma mesa e lhe sirva o prato do chefe do dia.

- Isso não é realmente necessário, Gatsby – Woodwork comenta, se aproximando de mim enquanto espero a recepcionista achar uma mesa para eles.

- Carina! – esbravejo.

- Eu não vou te chamar assim, senhorita Gastby!

- Vai sim, senhor Woodwork! – provoco. Ele resmunga algo baixinho e revira os olhos.

Por fim, minhas sombras acabam numa mesa bem próxima da minha e de Adrian, o que me deixa contente.

- Eu estava com saudades – meu noivo diz, me dando um beijo rápido, quando me aproximo de sua mesa. – Você fica ainda mais linda com esse anel no dedo – complementa, beijando minha mão.

- Adrian – o repreendo.

- Eu tenho muita sorte de ter a noiva mais linda do mundo – não sei porque, mas o jeito com que ele diz "noiva" me dá arrepios.

- Eu que sou muito sortuda! – digo, sem jeito, dando um gole da taça de vinho branco que está já na mesa.

- Gostou?

- Você sabe que eu adoro esse vinho – eu minto, na verdade. Eu odeio vinho branco.

- Eu estava falando do anel, Carina – ele me corrige, dando uma risada.

Olho para o anel na minha mão. Quase três semanas depois e eu ainda não estava acostumada com ele. Eu particularmente o achava exagerado e nada prático, mas claro que eu não poderia falar isso a pessoa que pagou milhares de libras por ele.

- É perfeito – digo, olhando para Adrian.

- Eu sabia que iria gostar, achei ele a sua cara – ele diz e eu escuto uma risada estranha. Olho institivamente na direção da risada e meu olhar se depara com o dono dela, Woodwork, que olha fixamente na minha direção. – São seus seguranças? – Adrian chama a minha atenção.

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