Provocações.

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    A sensação desesperadora de cérebro congelado se apossou do meu corpo assim que enfiei a colher cheia de sorvete na boca.

    Droga.

— Já pensou em como vamos comemorar seu aniversário? Falta menos de um mês. – A voz de Laura diz.

     Para ser sincera, eu não via tanta importância na comemoração de meus aniversários assim como meus amigos e meus pais, estes que faziam questão de sempre planejar festas e me fazer surpresas.

— Ainda não, me esqueci totalmente de que a data estava perto. – Estico minha colher mais uma vez para o pote de sorvete em cima do balcão, ainda apoiada em meus cotovelos. — A rotina da faculdade tem sido pesada.

— Uhum..... Tem certeza que é só a faculdade que tem tirado sua atenção? Um certo pintor estrangeiro não tem nada a ver com isso? Me lembro bem dos olhares que trocaram naquele dia do café.

    O sorriso cínico de Laura em minha direção fez com que meu rosto esquentasse. Eu sabia que a universidade não era a única a estar consumindo meus pensamentos agora, ainda mais após o beijo no domingo à noite.

    Quem eu queria enganar? Tudo que eu poderia pensar nos últimos dois dias era a forma como Jiyong havia me beijado contra o carro. Nunca havia tido aquelas sensações antes, ele sabia como me tocar como se já tivesse feito isso antes, seus lábios tinham o encaixe perfeito ao meu. Se fechasse os olhos poderia sentir seu aperto em minha cintura e sua mão em minha coxa, coisas que nunca imaginaria que um cara tímido como ele fizesse com tanta malícia.

— Sabe, você estava certa. – Digo pousando a colher de sorvete em meus lábios, com o olhar agora em Laura. — Os tímidos são os piores.

— Não me diga que vocês se beijaram! – Recebo um tapinha no braço e olho para minha colher, sentindo minhas bochechas avermelharem.

— No domingo, após o jantar que tive com minha mãe e John quando ele me trouxe de carona para casa.

— E?! Não vai me contar como foi? – Olho para ela em descrença, que garota curiosa. — Ele beija bem? Ele te pegou pela cintura? Como foi? Ai.... ele tem aquele jeito misterioso e quieto, mas ele não me engana, sei que ele deve ser do tipo experiente.

  Minha risada foi imediata pelas palavras de Laura. Pus meus cabelos atrás da orelha e a respondi.

— Foi.... bom. É.  – Meu tom de voz era baixo.

— Só bom? Ah, Flora, vai me conta! – Ela se debruça sobre o balcão. — Se tivesse sido só bom você não estaria parecendo um tomate.

— Foi incrível. – Solto um suspiro. — Quer dizer... acho que nunca senti isso com outra pessoa antes. É como se eu ainda estivesse revivendo o momento. Mas foi só um beijo, nada mais.

    Tentei ocupar minha mente pelo resto da tarde com outra coisa que não fosse o pintor, assim, me afoguei dentro dos afazeres da faculdade, mergulhando dentro de textos e trabalhos. A cada vez que me dedicava aos estudos tinha cada vez mais certeza de que era o que eu queria para mim.

    Tanto a arte em sua forma escrita quanto em sua forma física me fascinam, sua capacidade de perpetuar tudo que conhecemos me encanta. Penso se um dia poderei trabalhar em tantas galerias que conheci, se um dia os artistas que admiro saberão quem sou. São sonhos que com o decorrer dos anos se tornaram parte de mim e quero que se realizem.

    Não faltava tanto assim para que me formasse, durante esses anos me encontrei em tantos projetos, vi tantas facetas de mim mesma, me conheci e vi quais eram meus limites. Sei que sou sonhadora, mas gosto de pensar alto em tudo que espero para mim.

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⏰ Última actualización: Jun 21, 2020 ⏰

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