O Canto e Encanto do Fantasma

66 10 11
                                    


Paris, França – 1879

O soprar forte da ventania fria acertou com força o meu rosto quando eu enfim saí da carruagem que dispunha. E, assim que meus pés tocaram ao chão, afundaram-se de imediato na neve fofa e esbranquiçada. Fazendo-me recordar momentaneamente o porquê de não gostar de neve, justamente por trazer-me lembranças de alguém que fui obrigado a deixar.

E para completar, eu não tinha desejo algum de estar ali, em frente a opera populaire. No entanto, tratava-se de negócios, tais quais eu devia cumprir.

Eventos sociais — compostos por gente de porte na alta sociedade, que em sua grande maioria, era mesquinha e sem caráter — passou a fazer parte de minha rotina, contra minha vontade, ressalto.

Não seja leviano ao achar que minha pessoa não tem algum estimo pela música clássica por conta do dito anteriormente, muito pelo contrário. Sou um apreciador de todo tipo de arte; entretanto, não possuo espaço para tal. A não ser que envolva os negócios de papai, pois somente para isso que serve todo o meu tempo.

Era deveras frustrante, devo admitir.

— Visconde Jeon, que prazer revê-lo! — Sou muito bem recebido assim que adentro o fascinante hall do grande teatro. Monsieur Jung, que cumprimentava os espectadores que aos poucos adentravam o salão, veio até mim, entusiasmado.

— Oh sim, certamente é bom revê-lo monsieur Jung! — cumprimentei-o brevemente, e assim seguimos andando por entre o teatro. — A casa está cheia hoje, não?

E de fato estava. Para todos os lados era possível ver senhoras e senhores transitando em busca dos seus assentos, lotando o grande salão.

— Vês? Nunca nossa bravíssima opera house esteve tão cheia, meu caro. — Riu-se satisfeito, guiando-me ao camarote cinco, tal qual dava ampla visão do palco. — Mas não nego que já esperava todo esse sucesso na estreia de nosso novo contratenor, és estupendo!

Decerto, eu não era uma pessoa ansiosa. E ainda assim, buscava manter-me sereno independente da situação ou sentimento que me apossasse. Logo pude notar que senhor Hoseok esperava uma reação de minha parte quanto a isso, mas ela não veio.

Entretanto, eu o compreendia. Apenas queria mostrar-me como o investimento que meu pai fazia em sua opera estava sucedendo bem, o que era bom, já que era justamente o que havia me levado ali naquela noite.

— Não duvido, monsieur. Creio que irei me surpreender — respondi-o rindo fraco, sentando-me no assento reservado à mim. — Pois diga-me, como chamas teu novo contratenor?

Curioso, deveras curioso. Sempre que havia um espetáculo, toda a cidade logo ficava sabendo. Em sua maioria, todas as óperas eram apresentadas por alguém de renome, tendo seu nome destacado em todos os cantos da cidade; mas não desta vez. A grande estrela da noite era um completo mistério, assim, atiçando a curiosidade de muitos, incluindo a minha.

O que era, no mínimo, inusitado.

Tudo que fora revelado, deixava a desejar; visto que só haviam propagado que a nova estrela era um jovem em ascensão e o nome da obra de sua estreia: O Retorno do Fantasma.

— Oh, ele chamas-

— Monsieur Jung! — Um chamado alto cortou a sua fala. — Monsieur Jung! Oh, finalmente o encontrei, eu preciso urgentemente dizer-lhe algo. — Um rapaz com pele pouco amorenada e que também possuía traços orientais, o puxou minimamente pelo braço, inclinando-se ao pé de seu ouvido, a fim de contar-lhe algo que eu provavelmente não deveria ouvir.

O Fantasma da ÓperaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang