O Último Ato do Fantasma

22 6 10
                                    


Pisquei os olhos repetidas vezes sem ainda conseguir assimilar o que se passara.

O que, por Deus, havia acabado de acontecer?

Eu somente pude despertar do choque ao ouvir a gritaria e confusão que se encontrava o teatro. O lustre, agora completamente destruído, encontrava-se em chamas em cima do palco. Senhores e senhoras pareciam ter esquecido os modos e corriam por entre os assentos ao passo que servos do teatro tentavam a todo custo impedir que o fogo se alastrasse.

Mas, por mais que tudo isso estivesse acontecendo ao meu redor, minha mente somente conseguia focar-se nele: Jimin.

O lustre havia caído bem em cima dele. E, oh céus, eu estava colapsando!

Meu peito queimava conforme eu ia respirando com dificuldade, consequência do desespero que me apossava. Aquilo não podia estar acontecendo. Simplesmente não podia! Em instantes logo estava eu correndo em direção ao palco. O que estava sendo extremamente difícil visto que todos tentavam desesperadamente sair, assim, atrapalhando a passagem.

No entanto, felizmente, o tempo que eu levei do camarote ao palco foi o suficiente para que o fogo tivesse sido controlado.

O pouco do pessoal que ali se encontrava carregavam semblantes chateados e repletos de indignação. Mas ainda assim, nada de Jimin.

Não havia nenhuma comoção por parte dos presentes, como provavelmente teria caso algo tivesse acontecido com o contratenor. Muito pelo contrário, a maioria mantinha a expressão confusa e pensativa.

Tal qual também foi adquirida por mim quando enfim percebi um grande detalhe que não encaixava. Por maior alívio que fosse, Jimin não estava ali.

E então, onde ele estaria?

Me dirigi a passos firmes e rápidos ao único lugar em que, ao meu ver, Jimin haveria de estar; seu camarim.

Ao longo do breve caminho, minha cabeça pulsava em prol da confusão armada em minha mente. E, quanto mais próximo eu chegava do seu camarim, mas ansioso e nervoso eu ficava. Pois eu sabia, meu coração dizia, que se ele estivesse ali, não saberia me explicar o que houve.

Abri a porta afobado, sentindo-me estremecer de dentro a fora.

E ali estava ele.

Respirava tão forte que mesmo não estando tão perto notei com clareza; ele não estava bem.

Seus olhos vermelhos e seu rosto ensopado não foi o suficiente para dar sequer um pouco de cor a seu rosto, ainda tão branco quanto a odiosa neve que caía á fora.

Mas não era nem de longe o que me chamava a atenção. Ele estava de pé, em frente a sua penteadeira, tentando desesperadamente pegar seu lenço.

Tentando... Ele não conseguia.

Cada vez que ele alcançava o lenço, sua mão atravessava-o, como se não passasse de uma miragem, como se não fosse real.

Sentia seu desespero ao longe, alcançando-me ao passo que me acertava em cheio. E em questão de instantes suas orbes marejadas fixaram-se nas minhas. Foi quando eu caí em mim.

O lenço era real, Jimin não.

— Jungkook... — sussurrou, tão baixo que só puder ver o movimento dos lábios.

Eu não raciocinava bem, não estava em meu melhor momento. Os sentimentos, os medos e todo o resto que, até então parecia adormecido, apossou-se de mim, dando um sumiço em minha sanidade.

O Fantasma da ÓperaWhere stories live. Discover now