O Fantasma da Ópera

A Descoberta do Fantasma

Eu não dormia bem, não mais.

Somente rodava e rodava em meio ao delírio, ao fictício ilusório que certamente eu estava. Mas cabia á mim motivo. A imagem de Jimin ia e vinha em minha mente a cada momento, tirando a paz que um dia acreditei ter.

Sejamos claros, eu estava assustado, só não mais do que curioso.

Afinal, ele simplesmente havia desaparecido em minha frente! Bagunçando minha mente enquanto desmoronava todo meu real, fazendo-me pensar e repensar: Eu realmente o tinha visto ou não passava de uma miragem, um jogo criado por mim mesmo para matar a vontade que possuía dele? Não tinha como saber, entretanto eu não desistiria tão cedo de descobrir. Pois sabia que algo errado estava acontecendo, bem debaixo de minha vista.

Mas foi só quando pude ver-lhe outra vez, que enfim cheguei a um impasse: eu não queria mais dar voltas ou remoer-me sempre que recordasse de meu passado. Me sentia imensamente covarde por não fazer o que desejava, e era horrível. Eu queria mostrar à Jimin que não era mais um pobre garoto que escondia-se embaixo da aba do pai. Sou um homem agora, tenho capacidade para fazer o que bem querer. E no momento, tudo que eu mais queria era vê-lo, conversar consigo, matar a saudade que tinha de si.

E isso é errado, não é?

Então, seguindo esse pensamento, passei a frequentar mais o teatro. Sempre estando atento para que não o perdesse de vista, caso nos encontrássemos por obra do sagaz destino. Meu pai decerto estranhou esse meu comportamento, mas não questionou quando eu o disse que era tudo para manter-me a par do que acontecia por lá, somente pelo bem de nosso patrimônio que venturosamente crescia. Ele passou a não perguntar-me mais, compreendendo até mesmo quando eu deixava de ir a outros eventos somente para frequentar a requintada opera house.

Não me sentia tampouco mal, era tudo culpa dele desde o início, visto que eu jamais quis um dia separar-me de Jimin.

Então os dias foram passando, mas eu sequer pescava seus rastros. O via quase sempre, isso era fato. No entanto, isso somente se dava quando o mesmo estava em cima do palco, fora dele não via nem mesmo sua sombra. E era deveras desgastante, pois sentia-me corroer de dentro a fora sempre que o via de longe, sabendo que ele não estaria mais ali quando o espetáculo terminasse.

O quão bobo eu era? Por somente admirá-lo à distância; por somente imaginar sua doce voz direcionada á minha pessoa; por somente gostar de ti, ainda sabendo o quão errado era e não me importando de modo algum com isso.

Porém, apesar das circunstâncias, eu não pretendia ficar me martirizando à toa, já que era perca de tempo. Tempo esse que poderia ser melhor aproveitado buscando um jeito de encontrar Jimin, cara á cara. Possuía grande egoísmo de minha parte ao ambicionar vê-lo – já que era provável que ambos saíssem perdendo se nos aproximarmos outra vez –, no entanto era minha sanidade que estava em jogo; visto que, eu jamais poderia seguir com minha vida sem antes revê-lo, sabendo que tive a oportunidade de mudar o rumo da coisas e não o fazendo.

Por fim, outra vez eu me encontrava no camarote de número cinco, sendo novamente embalado por sua doce voz. Tão poderosa quanto a de uma mística sereia, essa que me hipnotizava de modo igualmente paralisante e dominante.

O ato já estava quase no seu fim; entretanto, mantive-me forte, não socumbindo aos seus encantos e seguindo com meu plano inicial, tal qual havia projetado ao ficar-me farto de tanto procurá-lo e não o encontrar.

Certamente os piratas haveriam de ter mais sorte em busca de ouro do que eu à procura de Jimin.

Eu já havia decorado de cor e salteado o espetáculo, de tanto assisti-lo durante a temporada. Isso, felizmente, contribuiu para que eu soubesse que faltava pouco para o musical ter fim. Monsieur Namjoon não me acompanhava desta vez, como sempre fazia por insistência de seu sócio, Hoseok; o que facilitou minha saída em meio ao escuro do teatro sem que ninguém notasse. Sorri, nostálgico, outra vez fazendo algo do tipo por Jimin.