I. Confiança.

1.8K 161 22
                                    

Atravessou o corredor a passos largos e pesados. Ainda trajava as roupas do jogo de beisebol mas a postura se sobressaía a vestimenta. O burburinho aumentava a cada segundo, telefones tocando ao mesmo tempo. Alguns corriam de um lado para o outro enquanto poucos a seguiam de perto.

- Quero a aparelhagem montada em minha mesa imediatamente. - Disse séria notando Gizelly se aproximar. - Manoela? - Virou para a baixinha a suas costas. - Minha casa.

A Gavassi mordeu o lábio inferior antes de responder.

- Igor me ligou a pouco e disse que não há nenhum sinal. - Observou a morena trocar o peso do corpo para a outra perna. - Estão fazendo uma varredura na área tentando descobrir alguma coisa.

Bianca passou as costas da mão na testa buscando calma e concentração. O frio percorrendo o corpo inquieto, a raiva fechando as mãos em punhos, os nós dos dedos se tornando brancos com a força.

- O que está acontecendo aqui? - Gizelly perguntou olhando para a Capitã que andava de um lado para o outro como uma leoa enjaulada.

- Nada que vá lhe interessar. - Cuspiu.

Gizelly permaneceu com os olhos entediados sobre a Andrade prestando mais atenção ao estado nervoso.

- Detetive? - A agente indagou para a Gavassi já que Bianca se negava a responder.

Manoela olhou de uma para a outra ponderando no que dizer.

- Um sequestro. - Os olhos alarmados. Gizelly franziu o cenho.

- Só isso?

- Não é só isso sua imbecil! - Bianca a empurrou com força contra um armário de arquivos. - É minha mulher.

O silêncio a sua volta indicou que havia acabado de gritar. Passou as mãos pelos fios negros se dirigindo a sala privada. Fechou a porta atrás de si respirando com dificuldade.

Se dirigiu à mesa espalmando as mãos no tampo cinza. Quantas vezes reivindicou alguém? Tinha se excedido, mas quem se importava? Balançou a cabeça atordoada. Era de Rafaella que se tratava. Sua amiga e amante. Sentiu o nó se formar na garganta ao lembrar
da noite que passaram juntas e inevitavelmente imaginando o quão terrível seria viver sem a presença petulante da Kalimann. Não suportava a ideia da mulher estar presa em cativeiro. Tinha que tê-la novamente.

Ouviu as sutis batidas na porta antes da cabeleira morena aparecer.

- Posso entrar?

Suspirou ao ouvir a voz melódica, a vista começava a pinicar. Observou Manoela se aproximar e puxar seu corpo para um abraço confortável. Apertou a silhueta magra e baixa se refugiando entre o liso, a mão da Gavassi fazia uma leve caricia no couro cabeludo.

- Vamos encontrá-la. - Apoiou o queixo no pescoço da Andrade deixando o olhar de um castanho profundo fitar o teto. - Mas você precisa agir com a razão.

- A razão é uma droga. - Murmurou. Uma gota quente escapando dos olhos castanhos opacos.

Manoela a apertou um pouco mais antes de se afastar. Não era comum ver o lado frágil de Bianca e isso não era uma coisa que estava apreciando no momento. Soltou um suspiro frustrado ao notar as mãos da Capitã limpar o rosto rapidamente, um risco preto formado na bochecha.

- Aqui. - A baixinha passou um dedo limpando a mancha de rímel. - Prontinho.

- Obrigada. - Fungou revirando os olhos tentando se livrar das lágrimas insistentes. - Eu vou matar quem está fazendo isso.

Manoela quase deu um sorriso, mas a preocupação a impediu de continuar com o ato.

- Se você não fizer, eu faço. Alguma ideia? - Perguntou enquanto Bianca lhe dava as costas para abrir a gaveta da mesa.

The Middle | Versão RabiaUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum