38. A secret

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— Eu tinha acabado de chegar em casa e te ouvi me chamando do quarto para brincarmos de pique-esconde, como você costumava fazer quando criança. Deixei minha bolsa no sofá e subi as escadas bem devagar indo em direção ao quarto, você sempre se escondia lá, lembra disso? – a mulher questionou abrindo um pequeno sorriso, mesmo que seus olhos estivessem marejando, e como resposta Lix assentiu.

— Tenho vagas lembranças... mas não sei por que exatamente paramos. – franziu o cenho e cruzou os braços, enquanto eu continuei apenas observando tudo, quieto.

— Foi por causa deste dia, meu filho. – por sua vez, sra. Lee pronunciou com um tom de voz extremamente triste, suspirando profundamente em seguida — Eu subi as escadas e fui em direção ao quarto onde você sempre se escondia, e eu estranhei porque a porta estava trancada e a chave estava para fora. Quando eu olhei para o outro lado do corredor, para o quarto que hoje em dia é a dispensa, seu pai estava lá... pendurado por uma corda no pescoço. Ele havia voltado há pouco tempo para casa e prometeu que dessa vez ficaria conosco, mas ele não cumpriu a promessa, e não deixou sequer um bilhete explicando o por quê.

No momento em que disse isso, ela desabou em lágrimas, uma expressão confusa se formou na feição de Felix, assim como na minha. Eu não consegui sequer me mover ou dizer qualquer coisa que pudesse confortá-la, estava perplexo demais.

— Então o meu pai... – iniciou o loiro em tom baixo, sem tirar a expressão de dúvida da face e o olhar do chão. —  Cometeu suicídio?

Finalmente os olhos de Felix foram desviados para os de sua mãe, que assentiu várias vezes enquanto secava as lágrimas de seus olhos.

— Depois que eu liguei para os médicos você conseguiu sair do quarto... eu tentei impedir, mas você acabou vendo o corpo dele lá, pendurado na corda... e na mesma hora desmaiou. – respirou profundamente antes de continuar, provavelmente na tentativa de manter a ordem em suas palavras, visto que sua voz estava um pouco falha — os médicos disseram que era comum por conta do susto que levou, mas quando acordou algumas horas depois você tinha se esquecido, não se lembrava nem de sequer de seu pai... então eu preferi deixar assim, não queria que se machucasse mais, filho.

Um silêncio desconfortável e maçante foi estabelecido no ambiente após tudo o que senhora Lee contou, Felix observava o chão completamente sem reação, enquanto sua mãe tentava controlar as lágrimas que desciam por seu rosto, as secando vez ou outra até que parassem de cair.

— Eu... eu preciso pensar. – depois de tanto tempo, o menor pronunciou quase como um sussurro, se levantando em seguida e se retirando do cômodo.

— Felix, espera! – ela estendeu-se, caminhando na tentativa de ir atrás de seu filho, entretanto, ele continuou a caminhar e ela foi impedida por mim, que segurei seu braço.

—  Ele precisa de um tempo, sra. Lee. – por minha vez, falei, soltando-a assim que se virou para mim — Vai ficar tudo bem, okay? Sei que Lix vai entender.

A mãe do garoto não disse uma palavra sequer, apenas me abraçou, deitou o rosto em meu ombro e desabou em lágrimas. De início, assustei-me com sua atitude, até me lembrar que estava na Austrália, e que era normal as pessoas se abraçarem aqui. Logo, retribuí seu ato, na tentativa de a fazer sentir melhor, mesmo que minimamente.

— Eu...nunca quis... magoar ele. – tentou dizer dentre soluços, tendo grande dificuldade em sua voz.

— Você não o magoou, Lix vai compreender. – um pouco receoso, afaguei seu ombro, na tentativa de a consolar, mesmo que estivesse um pouco desacostumado com isso, principalmente com alguém que acabei de conhecer — Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem...

Meu coração apertava em preocupação com Lix, pois sei que é ele quem eu deveria estar confortando agora, mas eu o conheço e sei que precisa pensar nisso, eu sei que ele quer ficar sozinho, afinal, tudo o que ele acabou de escutar é algo difícil de digerir. Mas eu também entendo o lado de sua mãe por esconder essa história, e se ela tinha uma chance de amenizar a situação e a dor de seu filho, ela fez bem em manter segredo.

O tempo passou e a mãe do loiro parou de chorar, nos sentamos no sofá e eu peguei um copo de água com açúcar para ela, nenhuma palavra foi dita, ela apenas continuou observando o chão com os olhos inchados e a expressão neutra, enquanto eu me mantive em silêncio para não atrapalhar seus pensamentos.

— Obrigada. – chamou minha atenção ao quebrar o silêncio do local, lançando-me um sorriso não muito animado após isso — Obrigada por cuidar de meu filho, e por me confortar também... você é um bom garoto, Changbin.

— Ah, que isso! Eu que agradeço, sra. Lee. – lhe dei um sorriso de volta, acenando com a cabeça.

— Não diga isso, assim eu me sinto velha! Pode me chamar de Emma, ou de sogra se quiser. – deu de ombros, sugerindo um pouco mais entusiasmada.

— N-não, eu e o Felix não... não somos –iniciei, sendo interrompido por ela no meio de minha sentença.

— Ah para com isso, você acha que eu sou boba? Eu sei o que tá rolando entre vocês dois. – me deu um toque com o cotovelo enquanto levantava as sobrancelhas, caindo no riso em seguida, e sendo acompanhada pela minha risada.

— Eu vou dar uma olhada em Lix, saber como ele está se sentindo. – pronunciei enquanto me levantava, e ela assentiu.

— Vai lá, subindo as escadas, segunda porta à esquerda. – adiantou, notando minha expressão confusa.

Assenti em agradecimento e não tardei em caminhar até o cômodo, o qual tinha a porta fechada. Dei três batidas ao me aproximar dali, levando um tempo para que uma figura com os olhinhos vermelhos, inchados e os cabelos loiros bagunçados abrisse a porta. Não pensei duas vezes antes de segurá-lo em meus braços, envolvendo-o em um abraço apertado, acariciando seus fios por conseguinte.

Permanecemos por um tempo quietos naquela posição, senti o seu pranto silencioso molhar o tecido de minha camiseta, mas nada muito duradouro. Nos sentamos na cama após isso, e Felix pareceu procurar palavras em sua mente para começar a me dizer o que estava pensando.

— Eu não consigo deixar de pensar que foi minha culpa Binnie... meu pai tá morto, e é minha culpa. – as palavras soaram quase inaudíveis de seus lábios, seu tom estava rouco e sua expressão triste, o que me fez me afligir mais ainda.

— Não diga isso, Lix. – levei minha direita até seu rosto, segurando-o e fazendo com que olhasse para mim — Olha, não tem como sabermos por que ele fez isso... mas com certeza não foi por sua causa, você era só um menino, e eu sei que ele te amava muito.

— Você acha mesmo? – questionou angustiado, e eu assenti, acariciando sua bochecha com o polegar e aproveitando para limpar algumas lágrimas que estavam ali.

— Eu tenho certeza! – deixei um selar em sua testa e lhe mostrei um sorriso em forma de conforto, o que resultou em uma pequena curva nos lábios do garoto— Não se esqueça que estou aqui para absolutamente tudo o que precisar, okay?

— Obrigado Binnie. – o menor disse baixinho, após assentir algumas vezes.

Nossos olhares se mantiveram trocados por alguns segundos, e eu pensei bastante durante esse breve tempo, decidindo nervosamente aproximar meu rosto do seu, e selar carinhosamente seus lábios.

E eu não consegui nem acreditar que realmente tomei iniciativa para beijá-lo.


E aí gente, suave?

Okay, eu sei que nunca posto cap no sábado, e me desculpem de verdade por ter ficado mais uma semana sem postar, eu pretendia ter postado, mas acabou não dando certo por inúmeros motivos.

Bem, eu gostaria de lembrar vocês também que eu estou preparando o especial de 20k (quase 25 né k) e pedir que façam perguntas no capítulo anterior, e eu decidi abrir para perguntas para mim, sobre a história e etc, ou sobre a minha pessoa.

O último aviso, a att de hoje é dupla, então mais tarde voltarei com outro capítulo okay? É isso, espero que tenham gostado desse cap, e beijos no coração de vcs. 💖💖

Straight  ༄ changlixWhere stories live. Discover now