Camila Cabello's point of view
Passei a folha do livro tranquilamente enquanto cruzava as pernas e ajeitava o pirulito na boca. Ouvi a porta da sala bater com força e em segundos vi Lauren ultrapassar a divisão da sala com rapidez.
-Que porra tá fazendo?. -Ela questionou e eu ergui o olhar.
-Lendo um livro?. -Ela passou a mão no rosto e negou rindo.
-Porra Camila, você não fode nem sai de cima caralho. -Ela rosnou e eu fechei o livro.
-Eu fodo muito bem, não acha?. -Ela se aproximou furiosa.
-A Dinah tá morta. -Franzi a testa. -Uma detenta foi condenada à prisão perpétua por causa dessa maldita morte.
-Como assim a Dinah tá morta Lauren?. -Me ergui confusa e ela me olhou ainda mais confusa.
-Eu que te pergunto isso porra, você não mandou matar ela?. -Neguei fechando os olhos.
-Eu só...Só falei pra dar uma surra nela.
-Porra. -Ela passou a mão no cabelo e suspirou. -Escuta o que eu vou te dizer agora. -Ela se aproximou de mim e apontou o dedo em meu rosto. -Se essa mulher, dizer que foi você que mandou dar uma surra em Dinah, eu não vou te tirar dessa.
-Qual é?Eu mandei dar uma surra e não matar, a culpa não é minha por partes.
-A culpa não é sua?Porra, qual juiz na porra desse mundo, vai se importar com o que é sua culpa ou não?Você pagou uma detenta, pra agredir outra e resultou em um assassinato, caralho, você fodeu, tudo.
-Ela não vai falar nada Lauren, relaxa.
-Como eu vou relaxar?Me diz como?Eu coloquei o meu trabalho em risco desde a porra do dia em que conheci você, todos os dias me arrisco cobrindo toda a merda que você cagou e agora você vem me pedir pra relaxar?Vai se foder. -Ela me empurrou. -Sabe de uma coisa?Você não é tão diferente da Dinah, mandou alguém bater nela, assim como ela mandou você matar a Leah.
-Lauren...Não foi intencional, eu não queria foder as coisas...
-Mas você fodeu, você fodeu porque se essa merda vazar, eu não vou poder fazer porra nenhuma, não vou poder fazer nada. -Joguei os cabelos pra trás.
-Por favor, fica calma, você tá grávida, você não pode se estressar. -Tentei tocá-la e ela se afastou de mim rapidamente. -Amor...
-Eu vou pra minha casa, eu não...Eu não quero ver a sua cara por uns dois dias, eu preciso pensar em toda essa merda e é bom você começar a pensar em como vai agir daqui pra frente, porque tem uma criança que vai depender das suas atitudes e eu não vou criar uma criança sozinha enquanto a outra mãe está na cadeia. -Ela respirou fundo e negou descendo a mão que antes estava apontada para mim. -Vira adulta, Camila. -Ela pegou a bolsa e saiu dali me fazendo ofegar.
...
O som da voz do padre estava longe em minha cabeça, eu só conseguia encarar o caixão fechado de Dinah com desprezo e tristeza ao mesmo tempo.
Ver sua mãe chorar debruçada no caixão e seu pai duro, como uma pedra, talvez tentando absorver tudo que aconteceu.
Dinah havia machucado muitas pessoas e principalmente à mim. Então agora eu iria reforçar as palavras que eu havia dito para a garota, para que eu pudesse sumir da vida dela.
-Adeus vadia. -Sussurrei antes de sair de perto deles.
Ajeitei o cardigã em meus ombros e caminhei entre os túmulos velhos do cemitério. Passos me fizeram ficar em alerta e logo uma voz me chamou.
-Espera Camila. -Virei o corpo vendo o Sr. Hansen se aproximar.
-Oi. -Falei séria e ele passou a mão no cabelo.
-Eu sei que minha filha te causou muito mal, eu...Eu gostaria de...
-Não há nada que você gostaria de fazer por mim Gerald. -O cortei e ele me encarou. -Curta o seu luto ou finja que a vadia da sua filha não morreu, faça o que você quiser com a ideia, mas pra mim, ela tá no inferno desde o dia em que nos conhecemos e ela até tentou me puxar pra lá, mas vemos que quem se fodeu foi ela...
-Eu sei que está magoada, por isso...
-Por isso você vai sumir da minha vida, eu quero cada partícula da Dinah longe de mim, vocês todos longe de mim. -Respirei fundo criando coragem para o que ia dizer agora. -E todo o dinheiro que ela me deu, vou te devolver, eu não quero aquela merda. -Dei as costas para ele que decidiu não me chamar novamente.
Eu estava decidida em duas coisas na minha vida. A primeira era superar Dinah e os traumas que ela havia me deixado. E a segunda era ser feliz com Lauren e o nosso filho.
...
Cheguei em casa sem um pingo de ânimo, abri a geladeira e peguei a primeira cerveja que vi. Caminhei até o sofá, me joguei ali e respirei fundo levando a cerveja até a boca.
Precisava beber, precisava beber até esquecer tudo, esquecer a minha vida, me esquecer. A porta da frente foi aberta e eu respirei fundo novamente não acreditando que a minha tentativa de esquecer tudo, falharia.
-O que tá fazendo?. -Lauren perguntou após entrar na sala.
-Já percebeu que essa é a segunda vez que me pergunta isso após entrar aqui?.
-Você tá bebendo?Isso é sério?Você não...Não escutou nada do que eu te disse?Que eu te pedi?Coisas simples Camila. -Ela se aproximou e eu suspirei encarando a garrafa. -Eu não te pedi mais nada, além de se esforçar, pra ser alguém melhor.
-Que tal você me perguntar como eu estou?Como foi o meu dia?Como está a porra da minha cabeça depois de toda essa merda que tá acontecendo?Uh?Por que você só se importa com você mesma e com o bebê?Por que só se importa com toda a merda que eu fiz e não se importa comigo?.
-Eu me importo com você, eu estou aqui Camila, se eu não me importasse com você, eu nem estaria aqui. -Ela respirou fundo. -Eu estou aqui, eu te amo, você sabe disso.
-Eu acho que não sei não. -Falei séria e ela franziu a testa.
-Você tá duvidando do que sinto por você?.
-Tô, tô duvidando pra caralho depois de toda essa merda. Eu já não sei se tudo foi verdade, ou se você me usou pra pegar Dinah com a boca na colher. -Falei sincera e ela mordeu o lábio.
-Eu estou aqui depois de tudo que aconteceu, eu te salvei de longos anos na prisão, não comentei seu nome na morte de Dinah e não permiti que a detenta comentasse, eu fiz diversas coisas por você, eu estou grávida.
-E daí Lauren?Essas coisas não provam nada, ter um filho meu também não prova isso.
-Porra, o que você quer que eu faça?Que eu roube um banco e escreva teu nome nas notas?Que eu vá vandalizar um muro ou que eu chegue em casa com um buquê de rosas pra provar o meu amor por você?Você tem o que na porra da cabeça?Desde quando amor se põe a prova?.
-Desde quando você não sabe se sua namorada está com você por uma missão policial, ou por realmente gostar de você. -Ela suspirou e se sentou ao meu lado.
-Camz, eu nunca menti pra você, sobre nada, nunca escondi os meus sentimentos por você, eu só escondi a operação, porquê era realmente necessário, porquê você estava cega por Dinah e colocaria o plano abaixo. -Tomei um gole da cerveja e ela tomou da minha mão. -Presta atenção. -Segurou meu rosto. -Eu amo você, eu amo você, eu amo, você pra caralho. -Ela roçou nossos narizes. -Não me pede pra provar algo que está estampado na minha cara, você que não quer ver.
-Desculpa. -Pedi baixinho. -Eu estou...Acabada. -Encarei seus olhos e ela acariciou meu rosto. -Eu estou desconfiada até de mim mesma e...E com medo de perder você por causa das minhas besteiras.
-Eu falei muita idiotice Camila, eu com certeza deixei você insegura ao sair daqui aquele dia, me perdoa. -Ela beijou minha testa e eu mordi o lábio.
-Eu vou devolver o dinheiro pro pai da Dinah. -Murmurei e ela me olhou.
-Claro, o que você quiser fazer. -Ela sorriu levemente e me abraçou, me fazendo respirar fundo o seu perfume.
-E eu te amo, muito.
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